Leitura Matinal -130 (segunda via)
O meu preferido de entre os «Sete Sábios da Grécia»,
Quílon de Esparta, aconselhava: «espera pela morte de
um homem, para o proclamar feliz». Queria significar
que, dando a roda da fortuna muita volta, o que hoje
corre sobre esferas pode amanhã transformar-se em
tremendo calvário. O que no Lacedemónio era uma prudente
consideração das possibilidades, foi para os mais
extremados literatos do Romantismo certeza apregoada.
A Poesia desta escola vivia do queixume e da nota de
autenticidade que transmitia pela lamentação do Eu, ainda
que convencional, única vaidade aceite num mundo condenado
por tal vício.
Mas este carpir não conduzia, necessariamente à revolta. A
resignação também lá tinha lugar, desde que igualmente
partícipe da choradeira, o que neutralizaria por completo
os méritos que lhe eram relutantemente reconhecidos por Ortega
y Gasset: de ser a única forma de espiritualidade ao alcance de
muitos homens.
Hoje por hoje, poetar neste tom desperta exemplar rejeição da
crítica e do público. Pelo que, finalmente, se encontra justifcação
para tanta verborreia de tristezas e desesperos...
De Luis Augusto Palmeirim:
FOLHAS SÊCAS
Ai! pobres fôlhas coitadas,
Sòzinhas abandonadas
Por êsse chão!
Tão órfãs e desvalidas,
Andam no mundo perdidas,
Que tristes são!
São assim esp´ranças minhas:
Pobres fôlhas, coitadinhas.
Bem rijo sopra o nordeste
Que os ramos de fôlhas despe
Passando além;
E as pobres no chão prostadas
Nem sentidas, nem choradas
São por ninguém!
Assim passa a minha vida
Nem chorada, nem sentida.
Fôlhas sêcas já ornastes,
Já verdes abrilhantastes
Lindo jardim.
Agora... sêcas, prostadas,
Vos deixam abandonadas
Jazer assim!
Também tive a mesma sorte
Só me resta agora a morte.
Que funda melancolia
Se revela na agonia
Do seu chorar!
Pobres fôlhas! a vaidade
Inda as faz sentir saûdade
De mais brilhar.
Olhai que o fado tirano
Já vos deu um desengano.
Que vaidades serão estas!
Ontem tudo inda eram festas,
Hoje no pó!
Ontem tudo era festejo;
Mas hoje nem sequer vejo
De vós ter dó.
São tudo galas fingidas
São tudo ilusões perdidas!
Êste mundo é só vaidade:
Apenas reina a maldade
E nada mais.
Quem perseu a juventude
Não lhe vale da virtude
Deixar sinais.
Hoje... vaidade e riquezas;
Amanhã, fundas tristezas!
Ai pobres fôlhas coitadas
Sòzinhas, abandonadadas
Por êsse chão!
Tão orfãs e desvalidas,
Andam no mundo perdidas,
Que tristes são!
Pois será bem magoado
D´ora-avante o vosso fado.
Quílon de Esparta, aconselhava: «espera pela morte de
um homem, para o proclamar feliz». Queria significar
que, dando a roda da fortuna muita volta, o que hoje
corre sobre esferas pode amanhã transformar-se em
tremendo calvário. O que no Lacedemónio era uma prudente
consideração das possibilidades, foi para os mais
extremados literatos do Romantismo certeza apregoada.
A Poesia desta escola vivia do queixume e da nota de
autenticidade que transmitia pela lamentação do Eu, ainda
que convencional, única vaidade aceite num mundo condenado
por tal vício.
Mas este carpir não conduzia, necessariamente à revolta. A
resignação também lá tinha lugar, desde que igualmente
partícipe da choradeira, o que neutralizaria por completo
os méritos que lhe eram relutantemente reconhecidos por Ortega
y Gasset: de ser a única forma de espiritualidade ao alcance de
muitos homens.
Hoje por hoje, poetar neste tom desperta exemplar rejeição da
crítica e do público. Pelo que, finalmente, se encontra justifcação
para tanta verborreia de tristezas e desesperos...
De Luis Augusto Palmeirim:
FOLHAS SÊCAS
Ai! pobres fôlhas coitadas,
Sòzinhas abandonadas
Por êsse chão!
Tão órfãs e desvalidas,
Andam no mundo perdidas,
Que tristes são!
São assim esp´ranças minhas:
Pobres fôlhas, coitadinhas.
Bem rijo sopra o nordeste
Que os ramos de fôlhas despe
Passando além;
E as pobres no chão prostadas
Nem sentidas, nem choradas
São por ninguém!
Assim passa a minha vida
Nem chorada, nem sentida.
Fôlhas sêcas já ornastes,
Já verdes abrilhantastes
Lindo jardim.
Agora... sêcas, prostadas,
Vos deixam abandonadas
Jazer assim!
Também tive a mesma sorte
Só me resta agora a morte.
Que funda melancolia
Se revela na agonia
Do seu chorar!
Pobres fôlhas! a vaidade
Inda as faz sentir saûdade
De mais brilhar.
Olhai que o fado tirano
Já vos deu um desengano.
Que vaidades serão estas!
Ontem tudo inda eram festas,
Hoje no pó!
Ontem tudo era festejo;
Mas hoje nem sequer vejo
De vós ter dó.
São tudo galas fingidas
São tudo ilusões perdidas!
Êste mundo é só vaidade:
Apenas reina a maldade
E nada mais.
Quem perseu a juventude
Não lhe vale da virtude
Deixar sinais.
Hoje... vaidade e riquezas;
Amanhã, fundas tristezas!
Ai pobres fôlhas coitadas
Sòzinhas, abandonadadas
Por êsse chão!
Tão orfãs e desvalidas,
Andam no mundo perdidas,
Que tristes são!
Pois será bem magoado
D´ora-avante o vosso fado.
1 Comments:
At 11:55 AM, João Villalobos said…
Lá longo ele é. E também muito «ai,ai, ai, que desgraçadinho eu sou». Mas temos que nos render à musicalidade da métrica. Vá lá, não desesperas. Parafraseando uma personagem de Star Wars: «With great blogs cames great responsabilities»
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