Leitura Matinal -128
Será imaginável num poema pensar e sentir em demasia?
Talvez na vida, pois que a ebulição de um e o fervor
do outro não se compadecem facilmente com a obnubilação
forçada do Ser, ao cindir-se na esfera reservada e na
metade aberta aos olhares gerais. Refúgio e conserva
última do excessivo, por isso mesmo essencial à continuidade
de cada qual, é a noite, com a faculdade de libertação que
o leito favorece.
Chega o cíclico retorno e tudo desvanece. Por vontade própria,
o sonhador desperto que se enlevou nos vapores da mente e do
coração obriga-se a sacrificar o excedente da sua intimidade assim
tendo em vista ser tomado por voto propiciatório. Que, porém, sorvido em
vez de ofertado, transformável é em desejado holocausto.
Vasco Graça Moura deu-nos um soneto de Walter Benjamin,
da seguinte maneira:
Do vinho aberto davam por preceito
os gregos umas gotas ao deus antes
da refeição movendo-o suplicantes
de comer e beber com bom proveito
de manhã quando me ergo do meu leito
onde a noite sem fim guardou constantes
ideias sentimentos expectantes
a silente oferenda me sujeito
mas onde o nó fraterno se entrelaça
das palavras me atrevo a anunciá-lo:
tem pensamentos íntimos a taça
e seu bordo vêm as gotas rodeá-lo
Verto o excesso que tremula e passa
e da boca me flui a encontrá-lo.
Talvez na vida, pois que a ebulição de um e o fervor
do outro não se compadecem facilmente com a obnubilação
forçada do Ser, ao cindir-se na esfera reservada e na
metade aberta aos olhares gerais. Refúgio e conserva
última do excessivo, por isso mesmo essencial à continuidade
de cada qual, é a noite, com a faculdade de libertação que
o leito favorece.
Chega o cíclico retorno e tudo desvanece. Por vontade própria,
o sonhador desperto que se enlevou nos vapores da mente e do
coração obriga-se a sacrificar o excedente da sua intimidade assim
tendo em vista ser tomado por voto propiciatório. Que, porém, sorvido em
vez de ofertado, transformável é em desejado holocausto.
Vasco Graça Moura deu-nos um soneto de Walter Benjamin,
da seguinte maneira:
Do vinho aberto davam por preceito
os gregos umas gotas ao deus antes
da refeição movendo-o suplicantes
de comer e beber com bom proveito
de manhã quando me ergo do meu leito
onde a noite sem fim guardou constantes
ideias sentimentos expectantes
a silente oferenda me sujeito
mas onde o nó fraterno se entrelaça
das palavras me atrevo a anunciá-lo:
tem pensamentos íntimos a taça
e seu bordo vêm as gotas rodeá-lo
Verto o excesso que tremula e passa
e da boca me flui a encontrá-lo.
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