O Reverso da Medalha
Pegando no último terceto do poema de João Arroyo
que ontem aqui foi publicado, o Américo de Sousa,
com a mestria que é seu apanágio, transforma-o em
mote de uma tese aliciante: a de que o alheamento às
solicitações que nos não respeitassem directamente
fossem idóneas a, em razão da hiperbolização do poder
selectivo de cada qual, incrementar a atenção dirigida
ao Outro e o engenho de (lhe) agradar, ou seja, o que,
exactamente, o nome do seu blogue alardeia: Retórica e
Persuasão.
No plano ideal a coisa seria, evidentemente, assim. Mas
quereria este desmancha-prazeres incorrigível que o velho
misantropo vai sendo chamar a atenção para as vulnerabilidades
individuais que um euismo hipertrofiado desperta. Como nem
todos os nossos contemporâneos se inserem na elite que o
Américo descreveu, há a constatação real de que estão muito
permeáveis ao aparecimento do novo, exactamente pelas razões
inversas do espírito crítico que o Américo e eu gostaríamos
de ver dar cartas.
É que a abundância de (des)informação habilita justamente os
emissores a dirigirem-se, por vezes, a um sujeito anónimo, extraído
dos inquéritos sociológicos e das estatísticas, apelando ao que
pior há no homem de hoje: a adesão ao novo, por o ser, motivada
por uma fragilidade sensível - não querer ser votado a qualquer
ostracismo ligado ao démodé. É a neopatia, que foi enunciada
por Lucas Fournier num livro que se lê bem, mas em que o texto
nem sempre consegue acompanhar a excelente ideia de partida.
Neste âmbito, em que até as campanhas políticas sublinham a
ideia abstracta de mudança, abdicando da apresentação de
propostas concretas que fizessem apelo ao espírito crítico
individual do receptor, entramos no domínio do jurado inimigo
da retórica e da persuasão, porque seu concorrente desleal:
a publicidade.
que ontem aqui foi publicado, o Américo de Sousa,
com a mestria que é seu apanágio, transforma-o em
mote de uma tese aliciante: a de que o alheamento às
solicitações que nos não respeitassem directamente
fossem idóneas a, em razão da hiperbolização do poder
selectivo de cada qual, incrementar a atenção dirigida
ao Outro e o engenho de (lhe) agradar, ou seja, o que,
exactamente, o nome do seu blogue alardeia: Retórica e
Persuasão.
No plano ideal a coisa seria, evidentemente, assim. Mas
quereria este desmancha-prazeres incorrigível que o velho
misantropo vai sendo chamar a atenção para as vulnerabilidades
individuais que um euismo hipertrofiado desperta. Como nem
todos os nossos contemporâneos se inserem na elite que o
Américo descreveu, há a constatação real de que estão muito
permeáveis ao aparecimento do novo, exactamente pelas razões
inversas do espírito crítico que o Américo e eu gostaríamos
de ver dar cartas.
É que a abundância de (des)informação habilita justamente os
emissores a dirigirem-se, por vezes, a um sujeito anónimo, extraído
dos inquéritos sociológicos e das estatísticas, apelando ao que
pior há no homem de hoje: a adesão ao novo, por o ser, motivada
por uma fragilidade sensível - não querer ser votado a qualquer
ostracismo ligado ao démodé. É a neopatia, que foi enunciada
por Lucas Fournier num livro que se lê bem, mas em que o texto
nem sempre consegue acompanhar a excelente ideia de partida.
Neste âmbito, em que até as campanhas políticas sublinham a
ideia abstracta de mudança, abdicando da apresentação de
propostas concretas que fizessem apelo ao espírito crítico
individual do receptor, entramos no domínio do jurado inimigo
da retórica e da persuasão, porque seu concorrente desleal:
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