O Quinto Cavaleiro
Lembram-se do livro de ficção política de D.
Lapierre e L. Collins em que se tratava da
ameaça de uma bomba nuclear ser posta numa
grande cidade ocidental? Hoje, com o terrorismo
muito mais activo do que na época, importa dar
atenção a duas notícias do dia. Sobre o programa
nuclear iraniano e o artigo de Helena Tecedeiro,
no DN, acerca de Khadaffi.
Quanto ao regime de Teerão só há uma solução: não
os deixar fabricar a bomba. Não há estratégia de
razoabilidade e equilíbrio de terror possível com
um adversário que sustenta a leitura que os clérigos
iranianos fazem dos deveres decorrentes da sua Religião.
Quanto ao leader Líbio, o artigo tem um certo interesse;
conviria acrescentar que Khadaffi casou com uma das
Filhas do Rei que depôs, com efeitos legitimadores e,
principalmente, que as suas opções de política externa
passaram a orientar-se para a chefia de facto de uma
política africana comum. Como os governantes da África
Negra vão nisso é um mistério, dada a ancestral animosidade
entre negros e árabes, reacendida ainda ontem no Sudão, com
a morte de Garang. Mas talvez por ser berbere, o guia da
revolução líbia tenha conseguido tornar credível a sua pertença
aos oprimidos. Parece-me razão mais apelativa do que a mera
designação do Ocidente como inimigo comum, que tem vindo
a esbater-se nas declarações oficiais.
Lapierre e L. Collins em que se tratava da
ameaça de uma bomba nuclear ser posta numa
grande cidade ocidental? Hoje, com o terrorismo
muito mais activo do que na época, importa dar
atenção a duas notícias do dia. Sobre o programa
nuclear iraniano e o artigo de Helena Tecedeiro,
no DN, acerca de Khadaffi.
Quanto ao regime de Teerão só há uma solução: não
os deixar fabricar a bomba. Não há estratégia de
razoabilidade e equilíbrio de terror possível com
um adversário que sustenta a leitura que os clérigos
iranianos fazem dos deveres decorrentes da sua Religião.
Quanto ao leader Líbio, o artigo tem um certo interesse;
conviria acrescentar que Khadaffi casou com uma das
Filhas do Rei que depôs, com efeitos legitimadores e,
principalmente, que as suas opções de política externa
passaram a orientar-se para a chefia de facto de uma
política africana comum. Como os governantes da África
Negra vão nisso é um mistério, dada a ancestral animosidade
entre negros e árabes, reacendida ainda ontem no Sudão, com
a morte de Garang. Mas talvez por ser berbere, o guia da
revolução líbia tenha conseguido tornar credível a sua pertença
aos oprimidos. Parece-me razão mais apelativa do que a mera
designação do Ocidente como inimigo comum, que tem vindo
a esbater-se nas declarações oficiais.
9 Comments:
At 11:47 AM, Ricardo António Alves said…
Não tendo os dados todos, parece-me que o melhor que há a fazer com o Irão é procurar envolvê-lo. Aquilo não é uma sociedade monolítica; há participação, mesmo feminina, a um nível que não é pensável na quase totalidade dos países islâmicos. O Katami (onde é que fica o agá?) era um aiatola aceitável. Eu sei que há o problema de Israel e leituras pesadas do Corão; mesmo assim. E depois, aqui entra a minha veia feminista, a Pérsia tem as mulheres mais bonitas do Médio Oriente...
At 11:58 AM, Ricardo António Alves said…
Em tempo: o problema da Coreia do Norte, apesar da teatralização e da chantagem, é que me parece muito preocupante. Não estou a ver capacidade interna de neutralização do Kim Jong Il, esse filho do papá traquina... Talvez a China se perfile, em troca das mãos livres para tratar da Formosa...
At 2:01 PM, JMTeles da Silva said…
A política internacional rege-se pelas mesmas leis que as relações interesseiras entre os homens. A moral e os bons costumes não fazem parte dos manuais. A habilidade está em antever os interesses futuros do adversário e perceber aquilo em que poderão vir a prejudicar os nossos. Sim, adversário. Não acreditam que há parceiros de palavra de honra na Roda das Nações, pois não?
At 2:05 PM, Flávio Santos said…
Estranho ver o meu amigo adoptar a visão israelita da questão iraniana.
At 4:36 PM, Paulo Cunha Porto said…
Vamos lá a ver se nos entendemos. Não é a bondade do regime iraniano que aqui trago à demanda. É, sim, o que julgo ser a sua incapacidade de agir segundo considerações estratégicas de equilíbrio de forças. Se eles obtiverem a bomba, fatalmente concluirão que é um meio
que Allah (com ele esteja toda a benção) para destruir o grande e o pequeno Satam(s), bem como os diabretes auxiliares que somos nós.
E estão-se nas tintas para a eventualidade de uma resposta que os faça morrer.
Para o RAA: Não sei. O "Querido Leader" gosta da boa vida e, parafraseando Sarney sobre Collor, «quem gosta disso não se mata, não».
Para o FG Santos: O meu Querido Amigo acha que, se eu me demarcar da visão que Israel tem da capacidade nuclear iraniana, ficamos a salvo?
Para o JMTeles da Silva: claro que
não. E devemos recordar que para um muçulmano não é proibido enganar um infiel.
At 5:01 PM, Anonymous said…
O Irão não me assusta. O que me assusta é o potencial nuclear de Israel, o tal de que ninguém fala mas que existe e que tem capacidade até para chegar à Europa. Nem a ONU consegue entrar nos recônditos das instalações de Dimona. Essa é que é essa...
At 6:05 PM, Anonymous said…
A realidade já ultrapassou a ficção. Lembra lá ao Diabo que o filho do Khadafi venha jogar a bola a Alvalade, ao serviço da Udinese?
E dizem que colegas que ele está sempre na cobóiada, que é o mais bem disposto.
Ocidente? Oriente?
O que sei é que não percebo nada disto.
E que o Homem é um bichinho mau.
At 2:16 PM, Anonymous said…
Francamente, não entendo a vossa perturbação com o fabrico de engenhos nucleares seja lá por quem for. Que se saiba, tirando os testes que matam peixinhos ou cascaveis no deserto, ainda nenhum foi utilizado para eliminar humanos. Cá para mim, é mais uma compensação do género «o meu missil é maior do que o teu», como habitualmente seguida de um longo estado de impotência.
Em contrapartida, a quantidade de armamento não nuclear proliferante e utilizado em cenários de "guerra" não pára de crescer e a biologia e a química desenvolvem umas «cenas maradas» que, essas sim, me preocupam muito mais.
Quanto ao nuclear, venha ele seja para árabes, judeus ou coreanos. Assim como assim, é só teatro.
At 7:57 AM, Paulo Cunha Porto said…
Pois é, só que nunca gente que quer
matar e morrer teve, antes, a bomba. Até agora os seus detentores queriam dominar, ou, no limite, matar, mas quanto a morrer, tá quieto! E os iranianos - que não são árabes, mas para o caso dá no mesmo -, se puderem riscar do mapa os ocidentais, ainda que com represálias, não sentem ter algo a perder. Com 72 virgens à espera, no Paraíso...
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