A Nomeação Musculada

Já aqui deixei expostas as reservas que oponho
quer ao papel histórico da Organização das Mações
Unidas, quer à idoneidade do Sr. Bolton para nelas
representar o seu país. E não é domínio em que veja
funcionar a regra aritmética de que menos por menos
dá mais. Encalhada que prometia ficar a confirmação
pelo Senado dos Estados Unidos do preenchimento do
lugar por este indigitado, o Presidente Bush avançou
a pulso, aproveitando um poder de excepção concedido
à Presidência, provendo-o no cargo durante o intervalo
de Verão da sessão parlamentar, ficando sujeito a uma
confirmação somente aquando da entrada em funções do
próximo Congresso, depois das eleições, em 2007.
A escolha parece-me infeliz. Acho que Bolton nunca
deveria ter ingressado na actividade diplomática e
faz-me impressão ver alguém querer representar a sua
Pátria numa realidade de que disse tanto mal.
O que importa mais é perceber a motivação de Bush em
manter uma nomeação conflituosa, ao contrário do que
fez com o Juiz Roberts. Provavelmente quererá manter
bem claro que a sua vontade é o critério na escolha dos
membros da sua administração e dos funcionários que a
servem, enquanto o consenso é desejado quanto ao poder
judicial. Os seus adeptos dirão que é uma prova de força,
os adversários que estamos perante um abuso dela.