Medir as Palavras
No DN desta dominical data lê-se, oriundo da
pena de João Morgado Fernandes um artigo que,
debruçando-se sobre o enjoativo tema do mensalão,
se intitula «A Tragédia Brasileira».
É excessivo. É completamente inadequado. Tentar
encontrar o trágico numa vulgar ladroeira não é
bom caminho. O Trágico implica a grandeza de uma
luta fatal do Indivíduo contra o Destino. Querer
vê-lo na decepção dos deserdados sul-americanos
com os governantes saídos do seu seio que alçaram
ao poder é ficção absoluta. A democracia prova-se
incompatível com a Dimensão, na medida em que não
existe qualquer desenlace forçoso, apenas uma má
escolha de multidões pouco qualificadas.
Falando de Lula e de Chavez, o articulista interroga
o Leitor sobre quem poderá levar a mal que os mais
desfavorecidos da América Latina queiram pôr um dos
seus no poder. Um problema é que os eleitos não são
dos deles, contrariamente ao que possam pensar os
nostálgicos da serôdia concepção da luta de classes.
E aqui chegados, esbarramos na única e verdadeira fatalidade:
a de nos votos não ser possível erguer ou manter uma pura e
dura aristocracia, não falseada, que seja verdadeiramente
o governo dos melhores e dos mais dedicados ao todo nacional.
É a luta sem esperança dos poucos homens excepcionais que
tentam fazer obra nesse sistema nefasto que merece a nossa
adesão. E o nome de tragédia. Que não se condunde com
um qualquer sentimento de pena.
pena de João Morgado Fernandes um artigo que,
debruçando-se sobre o enjoativo tema do mensalão,
se intitula «A Tragédia Brasileira».
É excessivo. É completamente inadequado. Tentar
encontrar o trágico numa vulgar ladroeira não é
bom caminho. O Trágico implica a grandeza de uma
luta fatal do Indivíduo contra o Destino. Querer
vê-lo na decepção dos deserdados sul-americanos
com os governantes saídos do seu seio que alçaram
ao poder é ficção absoluta. A democracia prova-se
incompatível com a Dimensão, na medida em que não
existe qualquer desenlace forçoso, apenas uma má
escolha de multidões pouco qualificadas.
Falando de Lula e de Chavez, o articulista interroga
o Leitor sobre quem poderá levar a mal que os mais
desfavorecidos da América Latina queiram pôr um dos
seus no poder. Um problema é que os eleitos não são
dos deles, contrariamente ao que possam pensar os
nostálgicos da serôdia concepção da luta de classes.
E aqui chegados, esbarramos na única e verdadeira fatalidade:
a de nos votos não ser possível erguer ou manter uma pura e
dura aristocracia, não falseada, que seja verdadeiramente
o governo dos melhores e dos mais dedicados ao todo nacional.
É a luta sem esperança dos poucos homens excepcionais que
tentam fazer obra nesse sistema nefasto que merece a nossa
adesão. E o nome de tragédia. Que não se condunde com
um qualquer sentimento de pena.
2 Comments:
At 10:19 PM, Rodrigo N.P. said…
Este é um velho tema, sobretudo entre os nacionalistas, mas que raramente vejo abordado como desejaria. A crítica à democracia pela sua incompatibilidade com a emergência de uma aristocracia de valor é recorrente mas há questões que ainda não vi devidamente respondidas.
O pressuposto de que as massas são pouco qualificadas para eleger um governo, muitas vezes no seguimento de uma lógica cara a Guénon, não explica qual o mecanismo correcto para a escolha das lideranças. Não explica também qual o sistema que deve opor-se à democracia, como não explica a forma de definir as supostas elites ou mecanismos de controlo que se devem exercer necessariamente sobre essas elites.
Não me parece válido criticar a democracia sem explicar tudo isso, até porque me ocorrem inúmeros regimes não democráticos que dificilmente poderiam ser considerados aristocráticos, seja por que prisma for, e nos quais não desejaria viver. Creio que os casos são bem conhecidos e dispensam a enumeração.
Não é lícito pressupor que um qualquer sistema não democrático( que continuo sem saber bem qual seria) traria ao poder um governo dos melhores( novamente exige-se aqui um qualquer critério definidor) dedicado ao todo nacional( por exemplo, o interesse da nação para a oligarquia da URSS não democrática confundia-se com uma ideologia que abomino).
Cumprimentos.
At 10:45 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu caro Rebatet:
É bom sabê-lo de volta e é com alegria que o vejo enriquecer esta casa, que é sua.
Claro que também eu não gostaria de viver em certos regimes aristocráticos. O patriciado veneziano, por exemplo, inspira-me grandes reservas. E cria ter sido nítido que empreguei a expressão, não em sede de tipologia constitucional, antes como preocupação de reservar o exercício do poder a um grupo mais apto.
A resposta que lhe dou ao critério a erigir é a da nomeação a partir de cima, pelo Poder Régio, hereditário. Corresponde ao que Sardinha (re)elaborou como «Teoria da Nobreza», a qual, por constituir
uma ordem aberta e implicar serviço, que não participação nas
decisões por direito próprio, é, em parte, oposta às aristocracias da Antiguidade e das cidades-estados comerciais da História Ocidental.
O sistema a que adiro é, pois, o da Monarquia Tradicional, pré-absolutista, de Iniciativa Real nas questões de soberania, descentralizada nas de governação de muitos sectores assimilados às "pastas técnicas".
Mas, claro, é tema aliciante para debate mais profundo.
Os melhores votos (ai, salve-se um sentido desta palavra)
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