O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Monday, August 29, 2005

Leitura Matinal -102

Depois de tanto haver escrito contra o Trono e o
Altar, Gomes Leal acabou, pela dupla conversão
final às Verdades Eternas do Catolicismo e da
Monarquia, por merecer, inteiramente, o cognome
de «Verlaine Português». Mas mesmo no período do
desnorte pode encontrar-se aqui e além uma embrionária
perneabilidade ao que de mais profundo há nas
Virtudes que constituem o núcleo da Doutrina Cristã.
Um poema há de que muito gosto. Toda a preocupação
de escola em revelar por palavras-chave que sugiram
Mais não atrofia a força de versos que contrapõem
às jactâncias impiedosas do ouropel que se limita á reflexão
ocasional da luz, as Luminosidades Interiores, encerradas
no seio e nele cultivadas. Se o misantropo fosse bastante
seguro para dar em moralista, procuraria extrair do que
segue regras para conselho dos Outros. Longe porém de tal
valia, limita-se a desejar nunca perder de vista a leitura
que, dele fazendo, gostaria de ter sempre à sua frente.

O OURO

(simbolismo)

Dizia o Ouro à Pedra: - Ente mesquinho!
que profundo cismar sempre te prega
à beira de uma estrada, ou de um caminho
pasmada, mas sem ver, eterna cega?...

Em vão o orvalho a ti lava e rega!
Em ti não cresce nunca pão, nem vinho.
Dura e inútil - o lodo é teu vizinho,
e o homem só, por te pisar, te emprega!

Em ti só medra e cresce o cardo e os lixos.
Tu serves só de abrigo ao lodo e aos bichos,
e ensanguentas os pés descalços, nus...

Ó pedra, quanto a mim, sou a Riqueza!
A cega disse, então, com singeleza:
- Eu guardo dentro do meu peito a luz.

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