Protesto Enérgico

Apresentado como irrevogável factor de progresso,
abriu em Tucson, desses Estados Unidos que insistem
em ameaçar todos os pequenos prazeres que dão sal
a nossa transitória vida, a primeira escola sem livros.
As criancinhas serão imersas, dos pés à cabeça, nas
tecnologias sem fios, pelo que estão dispensadas do
uso de livros e cadernos, substituídos por computadores
portáteis. Vão, por especial favor e compaixão, manter-se
algumas obras de consulta na biblioteca, presumivelmente
para serem manuseadas por dinossaur(i)os.
Um ponto positivo: essse sistema, implantado em Portugal,
daria cabo da consabida vergonha corporizada nos manuais
escolares e respectivas alterações.
Fraco consolo. Assim se vai destruir qualquer réstia de
amor pelo livro. A obliteração deste culto, agora dificultado
ao máximo, acabará por esmagar na massa muitos dos que
poderiam encarnar o embrião duma elite formada pela pura
cumplicidade livresca. É a nova superstição: a superioridade
dos conhecimentos úteis e sectoriais sobre a visão do mundo
e a erudição.
O tempora! O mores!