O Nome e a Coisa

Relata o Corcunda, no imprescindível Pasquim da
Reacção, um notável equívoco. Diz-nos que, ao
estrear a sua excelsa página, o nosso Mendo Ramires,
que hoje está na berlinda, pensou estar por detrás do
pseudónimo de apuradíssimo gosto o sujeito que vos
dirige estas palavras.
A confusão mendística é mais do que desculpável e
demonstra a atenção que ele dá aos dizeres dos amigos.
Muito antes de vogar pela blogosfera, tinha-lhe anunciado
o plano de criar um blog, pretendendo baptizá-lo
com uma denominação definidora: «A Voz do Corcunda».
Como tenho vindo a confessar-vos, a inércia é a minha Dona e
Senhora, logo fui adiando o mais possível a entrada neste
Mundo. Quando o quis fazer, a resposta do Blogspot foi
negativa. Mas há males que vêm por bem. Não tendo sido a
causa, dado o blog ter outra designação, igualmente adorável,
a identidade em questão está muito bem entregue.
O que me admira é não haver, do outro lado da barricada, quem
assine como "Malhado". Era uma alcunha muito popular e foi
adoptada pelos visados, tal como "Corcunda" foi pelos nossos.
E parece que liberal, nos tempos que correm, é mato...
Ainda se fosse o epíteto dado aos seguidores de Passos Manuel,
poderia compreender-se. Quem gostaria de subscrever as postas
como "Mijado"; ou de assumir-se "um grande mijado"...
Nestas coisas das denominações políticas, quase sempre a origem
foi depreciativa. Em Inglaterra "Tory" era, originariamente, um
salteador de estrada irlandês. "Whig" remetia para uns fanáticos
sectários paraconventuais. E, na Idade Contemporânea, tanto e tão
respeitável gentleman se assume alegremente nessas duas condições!
Repito: Por que é que já não há "Malhados"?