O Motivo
Desde a sua abençoada cátedra blogosférica, Manuel
Azinhal lembrou-nos, na Sexta-Feira, que não foram
razões étnicas ou, ao menos, linguísticas que geraram
os nacionalismos que decompuseram a ex-Jugoslávia.
Pois não, muito pelo contrário. Se é certo que aquele
artificial estado foi criado pelos vencedores de 1918
com o intuito de punir um dos Impérios Centrais, tinha
também outro objectivo: dar satisfação a um movimento
espiritual, o pan-eslavismo, e, indirectamente, premiar
um outro que, só nas aparências, lhe era contraditório.
Falo do nacionalismo sérvio que, tendo sido a causa
eficiente da deflagração do conflito, em 1914, cedo aspirou
a dominar e comandar as aspirações dos Eslavos do Sul,
através de um irredentismo disfarçado.
Mas permaneceu um factor de aversões mútuas que, em O Sexo
dos Anjos, não foi desenvolvido: a religiosidade. Encostando-se
ao Catolicismo, à Ortodoxia e ao Maometanismo, os germens
da confrontação ficaram como que congelados e prontos a,
na altura apropriada, acenderem o rastilho. Por muito
inocente que a Divindade esteja, também esta assolada zona
compaginou o que Kepel chamou «A Vingança de Deus».
E por muito universalista que seja a doutrina de uma
religião, ela é perfeitamente capaz de fundamentar a
subsistência de uma nação. Tudo depende de quem é o
"vizinho do lado"...
Azinhal lembrou-nos, na Sexta-Feira, que não foram
razões étnicas ou, ao menos, linguísticas que geraram
os nacionalismos que decompuseram a ex-Jugoslávia.
Pois não, muito pelo contrário. Se é certo que aquele
artificial estado foi criado pelos vencedores de 1918
com o intuito de punir um dos Impérios Centrais, tinha
também outro objectivo: dar satisfação a um movimento
espiritual, o pan-eslavismo, e, indirectamente, premiar
um outro que, só nas aparências, lhe era contraditório.
Falo do nacionalismo sérvio que, tendo sido a causa
eficiente da deflagração do conflito, em 1914, cedo aspirou
a dominar e comandar as aspirações dos Eslavos do Sul,
através de um irredentismo disfarçado.
Mas permaneceu um factor de aversões mútuas que, em O Sexo
dos Anjos, não foi desenvolvido: a religiosidade. Encostando-se
ao Catolicismo, à Ortodoxia e ao Maometanismo, os germens
da confrontação ficaram como que congelados e prontos a,
na altura apropriada, acenderem o rastilho. Por muito
inocente que a Divindade esteja, também esta assolada zona
compaginou o que Kepel chamou «A Vingança de Deus».
E por muito universalista que seja a doutrina de uma
religião, ela é perfeitamente capaz de fundamentar a
subsistência de uma nação. Tudo depende de quem é o
"vizinho do lado"...
1 Comments:
At 12:33 PM, Anonymous said…
Quando Mestre Paulo Cunha Porto põe os pontos nos "ii" - está tudo dito. Tão simples e tão... brilhante!
Mendo Ramires
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