Leitura Matinal -48
Ainda condicionado por um dia de reflexão acerca
dos fenómenos celestes, dos tempos e dos becos de
mim, lembrei-me de convosco partilhar este poema
que Lêdo Ivo escreveu, com um pano de fundo de
viagem à Europa:
A VISÃO
Vejo o tempo no céu. Tudo é presente
e o mundo nasce além dos igapós
quando a tarde recolhe as aves no ar.
Junto ao rito visível do universo
me redimo, comparsa da manhã,
na ribeira de carne e de cristal.
Completo-me, ligado ao movimento
respiratório dos mangues e ventos,
rei de uma monarquia de palavras.
Em mim ou em Orion, a hora é igual.
O visível e o invisível se entrelaçam
à maneira carnal das criaturas.
Irmão do aviador que à noite, sôbre
o mar, procura nas constelações
o rumo do aeródromo, também
nos astros leio o texto dêste mundo
e gravito no centro do real
nascendo de mim mesmo a cada instante.
Coisa criada, crio. Céu, ó página
da escritura total, o mundo move-se
e, porque canto e vivo, me celebra.
dos fenómenos celestes, dos tempos e dos becos de
mim, lembrei-me de convosco partilhar este poema
que Lêdo Ivo escreveu, com um pano de fundo de
viagem à Europa:
A VISÃO
Vejo o tempo no céu. Tudo é presente
e o mundo nasce além dos igapós
quando a tarde recolhe as aves no ar.
Junto ao rito visível do universo
me redimo, comparsa da manhã,
na ribeira de carne e de cristal.
Completo-me, ligado ao movimento
respiratório dos mangues e ventos,
rei de uma monarquia de palavras.
Em mim ou em Orion, a hora é igual.
O visível e o invisível se entrelaçam
à maneira carnal das criaturas.
Irmão do aviador que à noite, sôbre
o mar, procura nas constelações
o rumo do aeródromo, também
nos astros leio o texto dêste mundo
e gravito no centro do real
nascendo de mim mesmo a cada instante.
Coisa criada, crio. Céu, ó página
da escritura total, o mundo move-se
e, porque canto e vivo, me celebra.
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