Os Antolhos
Sempre achei - e a realidade envolvente vai reforçando este
ponto de vista - que a maneira mais cega de apreciar a actualidade
é considerar os contemporâneos sempre pela inclusão nas categorias
colectivas em que o observador os situe, em vez de os aquilatar
individualmente. É o espírito de claque implantado na vi(d)a pública.
Vem tão melancólica observação a propósito dos últimos dias da
"net", onde tudo o que é cão gato ou qualquer bicharoco à escolha,
analisa os acontecimentos recentes em função das suas preferências
por grupos, sejam eles os imigrantes ou os manifestantes nacionalistas,
abstraindo do ajuizar dos casos concretos.
Dir-se-á que é um extremo da cegueira. Mas ele radica, antes de mais
na propalada e fedorenta atitude que se traduz na abstenção do julgamento
do indivíduo.
O preceito bíblico «não julgues para não seres julgado» pretende
simplesmente significar, ensina-o a St.ª Madre Igreja, que se não deve
adoptar um duplo critério, dois pesos e duas medidas, consoante o julgado
seja eu ou Outro.
Mas a multidão ignara, com magotes de manifestos não crentes à cabeça,
leva-o para a malandrice, sugerindo que não devemos julgar ninguém.
Foi um espírito semelhante que, em devido tempo, J. Huizinga condenou,
como gerador de apatia face ao crescimento hitleriano e diminuindo as
defesas perante as derrocadas humanas que se prenunciavam.
Mais do que a tolerância zero, cumulativamente recomendável, importa
recriar uma cultura de prémio e sanção que avalie publicamente as
prestações individuais e venha a destroçar as igualdades artificialmente
encorajadas.
Uma nota final: o gesto mental proposto não deve, em situação alguma,
fazer apelo à concorrência, mas estimular a superação de si. E só olhará
para o outro, com intuito competitivo, a pior escória do sistema.
ponto de vista - que a maneira mais cega de apreciar a actualidade
é considerar os contemporâneos sempre pela inclusão nas categorias
colectivas em que o observador os situe, em vez de os aquilatar
individualmente. É o espírito de claque implantado na vi(d)a pública.
Vem tão melancólica observação a propósito dos últimos dias da
"net", onde tudo o que é cão gato ou qualquer bicharoco à escolha,
analisa os acontecimentos recentes em função das suas preferências
por grupos, sejam eles os imigrantes ou os manifestantes nacionalistas,
abstraindo do ajuizar dos casos concretos.
Dir-se-á que é um extremo da cegueira. Mas ele radica, antes de mais
na propalada e fedorenta atitude que se traduz na abstenção do julgamento
do indivíduo.
O preceito bíblico «não julgues para não seres julgado» pretende
simplesmente significar, ensina-o a St.ª Madre Igreja, que se não deve
adoptar um duplo critério, dois pesos e duas medidas, consoante o julgado
seja eu ou Outro.
Mas a multidão ignara, com magotes de manifestos não crentes à cabeça,
leva-o para a malandrice, sugerindo que não devemos julgar ninguém.
Foi um espírito semelhante que, em devido tempo, J. Huizinga condenou,
como gerador de apatia face ao crescimento hitleriano e diminuindo as
defesas perante as derrocadas humanas que se prenunciavam.
Mais do que a tolerância zero, cumulativamente recomendável, importa
recriar uma cultura de prémio e sanção que avalie publicamente as
prestações individuais e venha a destroçar as igualdades artificialmente
encorajadas.
Uma nota final: o gesto mental proposto não deve, em situação alguma,
fazer apelo à concorrência, mas estimular a superação de si. E só olhará
para o outro, com intuito competitivo, a pior escória do sistema.
1 Comments:
At 7:42 PM, O Corcunda said…
Excelente reflexão!
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