A ONU Fez 60 Anos
Não se pode dizer que tenha envelhecido bem. Lembro-me
de, uns anos atrás, ter assistido a uma conferência do
Prof. Adriano Moreira em que o orador disse ter sempre
defendido, mesmo noutros tempos, a existência das Nações
Unidas, pois, funcionando como instância de acreditação,
consistia na única forma que algumas nações possuíam de
promover regularmente contactos junto de países com quem
não tivessem relações diplomáticas estabelecidas.
Pode ser. Mas tendo sido o seu principal objectivo a efectivação
de um sistema de segurança nas relações internacionais,
justo é reconhecer um lamentável falhanço. Não recordando já
a ficção de aceitar como membros estados na altura não-soberanos,
como algumas repúblicas soviéticas federadas, os fortes sempre
passaram muito bem ao lado das condenações onuescas, ou agiram à
sua revelia, como inda há pouco se viu no Iraque. O cúmulo que
ilustra a asserção ocorreu no começo da invasão do Líbano por
Israel, nos anos 80´s, em que os capacetes azuis da força de
paz das Nações Unidas não acharam melhor para fazer do que anotar
os números das matrículas dos carros militares israelitas que,
calmamente, atravessavam a fronteira.
Durante muito tempo a coroa de glória da intervenção da ONU foi
a actuação no Katanga. Quem se quiser desenganar acerca do mérito
dela pode ler a parte correspondente de «Mr. Brown», autobiografia
do aviador mercenário Jean Zumbach.
De resto, enquanto o mundo foi bipolar, o veto dos membros
permanentes do Conselho de Segurança paralisava tudo. E era difícil
encontrar uma pulga que se não fizesse a um amigo poderoso
para abichar o radical voto contra.
Por fim, a integração das potências vencidas: Ainda não foi dada ao
Japão e à Alemanha a alforria do reconhecimento como membros
permanentes do Conselho. Os próprios também se não mostravam
interessados em obter esse estatuto, no que a consequências práticas
concerne. Só recentemente, muito a custo e limitadamente, modificaram
as respectivas legislações nacionais, de modo a permitirem a deslocação
de tropas suas para outros territórios em missões internacionais.
Que diferença para a Santa Aliança do genial Metternich, onde o vencido
da véspera, a França, graças à maleabilidade diplomática de Talleyrand,
foi logo aceite, tendo prontamente protagonizado a primeira intervenção
difícil do sistema, em Espanha.
Por essas e outras nada de parabéns, a propósito desta efeméride.
de, uns anos atrás, ter assistido a uma conferência do
Prof. Adriano Moreira em que o orador disse ter sempre
defendido, mesmo noutros tempos, a existência das Nações
Unidas, pois, funcionando como instância de acreditação,
consistia na única forma que algumas nações possuíam de
promover regularmente contactos junto de países com quem
não tivessem relações diplomáticas estabelecidas.
Pode ser. Mas tendo sido o seu principal objectivo a efectivação
de um sistema de segurança nas relações internacionais,
justo é reconhecer um lamentável falhanço. Não recordando já
a ficção de aceitar como membros estados na altura não-soberanos,
como algumas repúblicas soviéticas federadas, os fortes sempre
passaram muito bem ao lado das condenações onuescas, ou agiram à
sua revelia, como inda há pouco se viu no Iraque. O cúmulo que
ilustra a asserção ocorreu no começo da invasão do Líbano por
Israel, nos anos 80´s, em que os capacetes azuis da força de
paz das Nações Unidas não acharam melhor para fazer do que anotar
os números das matrículas dos carros militares israelitas que,
calmamente, atravessavam a fronteira.
Durante muito tempo a coroa de glória da intervenção da ONU foi
a actuação no Katanga. Quem se quiser desenganar acerca do mérito
dela pode ler a parte correspondente de «Mr. Brown», autobiografia
do aviador mercenário Jean Zumbach.
De resto, enquanto o mundo foi bipolar, o veto dos membros
permanentes do Conselho de Segurança paralisava tudo. E era difícil
encontrar uma pulga que se não fizesse a um amigo poderoso
para abichar o radical voto contra.
Por fim, a integração das potências vencidas: Ainda não foi dada ao
Japão e à Alemanha a alforria do reconhecimento como membros
permanentes do Conselho. Os próprios também se não mostravam
interessados em obter esse estatuto, no que a consequências práticas
concerne. Só recentemente, muito a custo e limitadamente, modificaram
as respectivas legislações nacionais, de modo a permitirem a deslocação
de tropas suas para outros territórios em missões internacionais.
Que diferença para a Santa Aliança do genial Metternich, onde o vencido
da véspera, a França, graças à maleabilidade diplomática de Talleyrand,
foi logo aceite, tendo prontamente protagonizado a primeira intervenção
difícil do sistema, em Espanha.
Por essas e outras nada de parabéns, a propósito desta efeméride.
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