Leitura (pouco) Matinal -38
Quer o Misantropo continuar na senda da celebração
do Passado, já que aprendeu com Borges que ele é a
única coisa indestrutível. Claro que o grande poeta
argentino abstraiu de certos historiadores que a gente
sabe... e daí... talvez não. Ao campo do sucedido eles não
conseguem chegar, ficam-se pela tentativa de baralhar
o conhecido. Não se veja o gosto por esta evocação do
Pretérito como o vício que Maurras apontava ao romântico
Chateaubriand - de o prezar como os turistas gostam das
ruínas que visitam.
Leiamos, pois, de Mário Beirão:
A UM PERGAMINHO
-Oh velho pergaminho, em um recanto
De êrmo salão, onde saudades falam;
Das tuas letras góticas se exalam
Auroras, lendas, um perfume santo...
E o teu silêncio é belo como um canto
E o som das cordas que, ébrias de ais, estalam;
Ah, nem estrêlas, sóes, sequer, igualam
Do teu grave cismar o aceso espanto!
Na sala imensa, brilhas, esbraseado,
Por entre mudas sombras que te fitam,
Como chama votiva do Passado:
E, ao teu influxo, um mundo de lembranças
Levanta-se de Além... e, no ar, palpitam
Vozes de tubas, um tinir de lanças!
do Passado, já que aprendeu com Borges que ele é a
única coisa indestrutível. Claro que o grande poeta
argentino abstraiu de certos historiadores que a gente
sabe... e daí... talvez não. Ao campo do sucedido eles não
conseguem chegar, ficam-se pela tentativa de baralhar
o conhecido. Não se veja o gosto por esta evocação do
Pretérito como o vício que Maurras apontava ao romântico
Chateaubriand - de o prezar como os turistas gostam das
ruínas que visitam.
Leiamos, pois, de Mário Beirão:
A UM PERGAMINHO
-Oh velho pergaminho, em um recanto
De êrmo salão, onde saudades falam;
Das tuas letras góticas se exalam
Auroras, lendas, um perfume santo...
E o teu silêncio é belo como um canto
E o som das cordas que, ébrias de ais, estalam;
Ah, nem estrêlas, sóes, sequer, igualam
Do teu grave cismar o aceso espanto!
Na sala imensa, brilhas, esbraseado,
Por entre mudas sombras que te fitam,
Como chama votiva do Passado:
E, ao teu influxo, um mundo de lembranças
Levanta-se de Além... e, no ar, palpitam
Vozes de tubas, um tinir de lanças!
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