O Critério
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Festa de São Bernardo de Clairvaux, que reputo de completo exemplo do que é a felicidade de opções no Serviço Divino. Beniditino, filiava-se num vínculo mais simpático para mim que o dos radicalismos Franciscano, com a perda trágica de tantas capacidades pelos séculos de interpretações extremistas na recusa dos graus académicos e Dominicano, cujo fervor combativo é susceptível de surgir a olhos pouco profundos como uma qualquer espécie de polícia. Mas S. Bernardo, mantendo o que era bom na sua mais antiga ordem, reformou-a nos aspectos que evidenciavam relaxamento. Apaixonado da Literatura e cultor da Poesia, ninguém como ele falou de Nossa Senhora, esse triunfo da Mulher que marca a superioridade do Catolicismo sobre os cristianismos protestantes que lhe são hostis. E tão grande foi o reconhecimento da justiça do Seu Pensar, que foi chamado a decidir um cisma contemporâneo e opinar sobre a legitimidade dos que aspiravam ao Trono Pontifício, acabando como mentor de um Papa e pregando a II Cruzada, contra os Turcos que afligiam Edessa e Antioquia. Num tempo de dissensões, o Ocidente deveria pôr os olhos neste Exemplo de luta pela Unidade Interna e de mobilização contra o inimigo ameaçador.
9 Comments:
At 1:59 PM, JSM said…
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At 2:32 PM, Anonymous said…
Devia e terá que o fazer. O pior é que só talvez compreenda isso depois de mais alguns avióes e combóios destruídos, com o inevitável cortejo de vítimas da barbárie a engrossar.
Zé
At 2:32 PM, JSM said…
Caro Paulo Cunha Porto
Depois de ler este clarividente postal, dei por mim a pensar em que Ordem se quadrariam melhor as minhas virtudes e defeitos!
Recusei os Franciscanos pelo excesso de frugalidade, que às vezes acaba à mesa da Banca!
Estou indeciso entre os Pregadores e os Beneditinos, a quem Você atribui um justo realismo.
Ficaram de fora outros, como os Jesuítas, por exemplo.
É um assunto que dá que pensar sabendo-se como era lógico e útil o recolhimento comunitário, depois de cumpridas as tarefas individuais e colectivas que a todo o ser humano se impôem e responsabilizam.
Melhor que asilarmo-nos em armazéns da vacuidade e esquecimento, era concerteza.
Uma digressão sobre a utilidade próxima-futura das Ordens, ora aí está um tema para desenvolver.
Um abraço.
PS: Eliminei o anterior postal por excesso de gralhas que podiam dificultar a leitura.
At 5:30 PM, Rafael Castela Santos said…
Paulo Cunha Porto en lo mejor de su pluma en fondo y forma. Otro post que habrá que enlazar.
Cierto: A San Bernardo le corresponde junto con San Benito los títulos de forjadores de Europa.
At 7:13 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Zé:
É esse o meu grande receio. Ainda tenho uma vaga esperança de que uma campanjha generalizada e a contemplação de países mais interessados furtando-se a essas responsabilidades leve o nosso Primeiro a salvar a face, com um envio de alguns engenheirios e apoios de retaguarda, que não de tropas combatentes.
Meu Caro JSM:
É uma grandeza incontestável do Catolicismo ter proporcionado, dentro de um corpo correspondente a um mínimo dogmático, a possibilidade de os diversos temperamentos se devotarem inteiramente, com a formulação de votos adequados ao respectivo carácter. Nunca enveredaria pela Companhia de Jesus, porque, pobre de mim, o meu parco intelecto não é bafejado pela constância essencial ao ensino, antes tenta alimentar-se de momentos mais impressivos e metodologicamente pouco recomendáveis. A veneranda Ordem a que S. Tomás pertenceu não se coaduna, tanto quanto vejo, com a bonomia que tento conservar. Imperfeitíssimo Cristão que serei, não conseguiria levar o Exemplo do Beijo ao Leproso ao extremo que o Grande São Francisco recomendou. Carmelos e votos de silêncio achar-se-iam vedados a este experimentador relapso e tagarela incorrigível. E o meu Amor pela comparativa antiguidade sempre fez inclinar o fiel da balança para os Beniditinos, com o ideal de perfeição do trabalho que vai da doçaria à confecção livresca, como referi no "post" publicado no Dia de S. Bento. Por isso, fosse eu mais capaz do que sou e diria: "Eis a Ordem".
Carissimo Rafael:
Era uma Figura Extraordinária, incapaz de se calar, mesmo por conveniência táctica; e que saiu sempre triunfante das divisões e fragilidades do Cristianismo do seu tempo, revigorando-o, porque dele emanava uma força e razão como precisaríamos hoje. Obrigado pelas Tuas palavras, mas o mérito é do Tema.
Sapka:
Não é novidade, já uma ou duas pessoas se mostraram próximas de uma concepção religiosa tendendo para o puritanismo, fosse o horroroso de extracção protestante ou o ridículo das pretensas beatas vigilantes em boa hora escarnecidas. Esquecem que o Catolicismo é, além da reabilitação da carne, a consagração do esplendor da imagem e o louvor da Obra de Deus, Cujas Maravilhosas Realizações desembocam na Mulher e no Gato.
E já agora, consulte as biografias dos principais Cruzados. Talvez tenha umas surpresas. Verá que muitos deles foram bem para lá do calendário, HIHIHIHIHI!
At 1:24 PM, Anonymous said…
Caro Misantropo,
Parabéns pelo texto.
Um pormaior: ou «Saint Bernard de Clairvaux» ou «São Bernardo de Claraval»...
Um abraço
d'O Internauta Descerebrado.
At 7:22 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Internauta Descerebrado:
É a velha questão dos nomes estrangeiros: É-me difícil tratar Colónia pelo nome alemão, assim como Basileia. Por outro lado, nunca me refiro a Oxford como Oxónia. E Clairvaux está na mesma.
São Bernardo, Esse, é universal.
Obrigado.
Abraço.
At 3:13 PM, Anonymous said…
Caro Misantropo,
Digamos São Bernardo «de Claraval»: o topónimo entrou há muito na nossa tradição.
Escrever "Clairvaux" seria o mesmo que, em Português, preferir "Cîtaux" a Cister.
E, se dispomos de um nome consagrado na nossa Língua, escusamos de fazer combinações semelhantes a São Bento «da Norcia», São Francisco «d'Assisi», Santo Anselmo de «Canterbury», ou mesmo Santo Inácio de «Antakya», Santa Catarina de «الإسكندرية»...!
Mais uma nota: «Oxónia» (ou «Cantabrígia») passa há muito por preciosismo de puristas, quando na verdade não será mais que leitura aportuguesada do topónimo em Latim. Quanto a este, os de lá (refiro-me aos de Oxford, universitários e indígenas) são os primeiros a utilizá-lo.
Um abraço
d'O Internauta Descerebrado.
At 5:45 PM, Paulo Cunha Porto said…
Caro Internauta Descerebrado:
Há para aí muita mistura de nomes de cidades anteriores à Existência dos Santos referidos, pelo que embora, pelos vistos, não sendo preciosismos, não têm para que ser aqui trazidos.
Recuso-me a dizer "Claraval" que me soa a detergente. Ah e eu digo «Santo Anselmo de Canterbury». Efeitos do gosto por Chaucer...
Fica pois Clairvaux. A preocupação com a língua não deve chegar ao ponto de roubar, sempre, as denominações das cidades dos outros. Imagino que também andes para aí a dizer "Michigão" em vez de "Michigan", mas eu NÃO.
Abraço
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