A Enxurrada

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A 2 de Agosto de 1934 tinha falecido o derradeiro dique da sociedade tradicional, obrigado sem vontade alguma, a presidir às duas faces de Janus da demagogia, a das eleições com vários partidos e a do plebiscito que consagrava a chefia absoluta do leader de um só, ambos em relação directa com as massas, pela oratória, a qual fazia de canto de sereia que as arrastava para a perdição do desemprego, e da guerra civil, num caso, e para a institucionalização de aversões raciais e a subalternização internacional da derrota, noutro. A 19 - lembra-se hoje -, a votação esmagadora de 88% que deu a Hitler, para além da chancelaria, a Chefia de Estado, estendendo a designação partidária de Führer a toda a Alemanha. Tendo-se candiatado contra o Velho Marechal e perdido, o combatente da Grande Guerra que Hitler fora, não se tinha atrevido a apeá-lo. Agora o caminho estava livre. Para que se veja como só a força de um esteio da tradição pode evitar as calamidades revolucionárias de pólos diversos. Tivesse havido Monarquia nunca o NSDAP teria ascendido ao poder, se ela fosse despartidarizada. Mas ainda que cedendo à lamentável luta das urnas, não é crível que um cabo partidário se atrevesse a ocupar uma suprema cadeira. Perdeu a Alemanha, perdeu a Europa, perdeu o Mundo.