Uma Morte
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A 15 de Março de 1945 suicidava-se em Paris Pierre Drieu La Rochelle, à terceira tentativa conseguindo voluntariamente encontrar a morte de que escapara na 1ª Guerra Mundial, como testemunha esta fotografia do seu ferimento, com a Primeira Mulher e a Enfermeira. Dedico-a ao BOS, que julgo admirador da respectiva escrita. Quantas vezes tenho pensado em qual seria a atitude deste Autor, um nacionalista que prezava a Europa mais do que os componentes nacionais dela, precursor do Federalismo, face à União Europeia. Poder-se-ia dizer que não detestaria demasiado a eurocracia, por, em certo momento, ter defendido para a sua França uma solução tecnocrática. Penso que se enganam os que assim julgam. Nem os homens de Bruxelas são competências técnicas apartidárias, nem Drieu queria a Europa guiada por técnicos. Pensou, num instante, essa direcção para os Países, mas para o Continente, que quis unido à custa de parte do domínio colonial francês e português, visando dar petróleo a quem não tinha, acreditou sucessivamente nos carismas de Mussolini, Hitler e... Estaline. Tinha a percepção do perigo de submissão à primazia americana, que considerava, talvez não compreendendo o valor mítico da ideia de "Terra de Promissão", incapaz de encarnar a ideia nacional, sendo-lhe também hostil pela mestiçagem excessiva que via no lado de lá do Atlântico. Teve a percepção da força eslava, embora subestimando as tensões dentro desse mundo. Mas, para lá dos seus enganos, ou por causa deles, um grande escritor!
6 Comments:
At 12:05 AM, Jansenista said…
Nos meus tempos de talassa empedernido, gostei muito de ler Gilles...
At 9:01 AM, Paulo Cunha Porto said…
É um romance absolutamente extraordinário. Por isso falei em «por causa deles( - dos seus enganos)». Quer nesse livro, quer no «Fogo Fátuo», que foi o primeiro que li desta autoria, a sensação de desconforto dos personagens, onde quer que se encontrem...
Ab.
At 11:45 AM, DB said…
Amigo Paulo,
Aproveito a oportunidade para reproduzir aqui um comentário que fiz em tempos no Santos da Casa e que acho que não chegaste a ler:
«Obrigado ao FGSantos por esta homenagem mais que merecida. Pierre Drieu la Rochelle é um dos autores que muito me marcou e ainda marca.
Ao ler estes comentários recordei-me de um livro do Drieu que tenho na minha biblioteca, «L'homme à cheval», por este me ter sido oferecido pelo Paulo Cunha Porto.
Lembras-te Paulo?
Bons tempos de Bairro Alto, tertúlia e alfarrábios. Que saudades!»
At 1:21 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Duarte:
Não recordava já ter-Te oferecido esse livro, mas é facto para orgulhar-me. Drieu, como escritor, é enorme. Digno deste Leitor. Deixei nos comentários ao agradecimento do BOS, no «Nova Frente», uma pista que julgo correcta, sobre a sintonia que tens com alguns elementos do credo europeísta dele. Diz-me se estou enganado...
Ah! a fotografia é tirada de um livro interessante, de Jean Bastier, «PIERRE DRIEU LA ROCHELLE Soldat de la Grande Guerre 1914~1918», Albatros, Paris, 1989, 240 pgs., que recomendo a todos os admiradores.
At 4:32 PM, DB said…
Estás certíssimo!
O europeísmo é sem dúvida um dos elementos me tanto me liga a Drieu.
Um abraço.
At 8:09 PM, Paulo Cunha Porto said…
Bem me queria parecer. Sempre tinha aproximado os Vossos dois pensamentos, nesse campo.
Ah! E faltou dizer; que saudades dessa e da seguinte, nós e o Mendo Ramires!
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