Leitura Matinal -249
Sendo a escuridão uma das Dez Pragas lançadas sobre o Egipto, ainda hoje a Espécie Humana vive no infantil terror do escuro, pela infantilidade
de imaginar as ameaças que perto de si não estão, abstraindo das reais que a rodeiam. Fogachos aqui e ali aumentam a confusão interior e, o que é pior, dificultam a limpidez nas opções e na subordinação à Ética, porque esquecida a Mensagem indicadora do Caminho. Só pela persistente conformação com os ditames do Bem,
acompanhada pela invocação, se encontrará alimento espiritual que garanta a subsistência e venha a permitir o gozo da Claridade com que consigamos a vencer a claustrofobia fictícia que criámos, recuperando a consciência da vastidão do Espaço onde nos movemos, tal como da sequência dos actos necessários à
nossa evolução nele. Com os olhos capazes de contemplar a paisagem em extensão prolongada, estamos, finalmente aptos a distinguir o Horizonte para onde, chegado o momento, nos sentimos impelidos a caminhar. A partir do acidente vital que dê o tiro de partida iniciamos a fase final da caminhada, que, sem o sabermos já vínhamos preparando. Para o Alto, desde que tenhamos sido capazes de resistir ao engano das sombras e de descortinar o sentido certo.
De Eduardo Guerra Carneiro:
Não temas por isto vir apenas
aos soluços. Claridade se fará mais tarde
para saberes então distinguir
o carreiro certo, o penedo, o fio
de água, o campo aberto,
o lugar para a árvore.
Luminoso descerá então o disco,
do negrume celeste, vindo de súbito
trazer-nos a necessária voz
que perdida julgávamos. Harmonia
de um espaço recuperado. Viagem
há milénios preparada para ti.
Abrem-se as portas: vai!
O Céu não pode esperar.
Anexos: «A Praga da Escuridão», de Doré,
e duas versões de «Iluminado», uma de Christine
Gwen e fotografia de Autor desconhecido.
de imaginar as ameaças que perto de si não estão, abstraindo das reais que a rodeiam. Fogachos aqui e ali aumentam a confusão interior e, o que é pior, dificultam a limpidez nas opções e na subordinação à Ética, porque esquecida a Mensagem indicadora do Caminho. Só pela persistente conformação com os ditames do Bem,
acompanhada pela invocação, se encontrará alimento espiritual que garanta a subsistência e venha a permitir o gozo da Claridade com que consigamos a vencer a claustrofobia fictícia que criámos, recuperando a consciência da vastidão do Espaço onde nos movemos, tal como da sequência dos actos necessários à
nossa evolução nele. Com os olhos capazes de contemplar a paisagem em extensão prolongada, estamos, finalmente aptos a distinguir o Horizonte para onde, chegado o momento, nos sentimos impelidos a caminhar. A partir do acidente vital que dê o tiro de partida iniciamos a fase final da caminhada, que, sem o sabermos já vínhamos preparando. Para o Alto, desde que tenhamos sido capazes de resistir ao engano das sombras e de descortinar o sentido certo.
De Eduardo Guerra Carneiro:
Não temas por isto vir apenas
aos soluços. Claridade se fará mais tarde
para saberes então distinguir
o carreiro certo, o penedo, o fio
de água, o campo aberto,
o lugar para a árvore.
Luminoso descerá então o disco,
do negrume celeste, vindo de súbito
trazer-nos a necessária voz
que perdida julgávamos. Harmonia
de um espaço recuperado. Viagem
há milénios preparada para ti.
Abrem-se as portas: vai!
O Céu não pode esperar.
Anexos: «A Praga da Escuridão», de Doré,
e duas versões de «Iluminado», uma de Christine
Gwen e fotografia de Autor desconhecido.
6 Comments:
At 1:57 PM, Viajante said…
Ah, e a ambiguidade dos faróis dispersos, que nem o são (curioso, podem ser «fogachos» tidos como guias?) e aumentam a confusão, como noa dágio de quem nem tudo o que luz, é oiro...
"aptos a distinguir o Horizonte para onde, chegado o momento, nos sentimos impelidos a caminhar."
Ainda que sabendo que a Linha de horizonte vai deixando de o ser, e quando chegamos perto do horizonte de ontem, um outro horizonte nos espera adiante, que aquele já não o é, pois que "alcançado".
Por isso, a recomendação «Para o Alto», apelativa de elevação, pode ser invocatória de caminho e de Viagem, na certeza de que o Horizonte é uma esperança de finalidade. Já é bom que se descortine, depois de tantas passadas preparatórias, e por isso apaixonam as metáforas da Luz.
Beijo, sem temor das sombras, antes certa que mais nos acompanham quanto mais distantes da luz :)
(sim, parafraseio Goethe).
At 2:09 PM, João Villalobos said…
Depois destas palavras da viajante, resta-me o elogio sem adjectivos deste poste e do anterior, o do Caminho Interrompido. Belíssimos ambos, porque ambos o mesmo caminho. Um exterior, outro interior, que se sobrepõem e por isso se encontram...Abraço
At 2:18 PM, Paulo Cunha Porto said…
Obrigado Amigo Meu. Com esta nota de apreço do «Prosador que a "Blogosfera" consagrou» respiro, tomo fôlego e sigo em frente.
Bem hajas.
At 2:50 PM, Paulo Cunha Porto said…
À Viajante:
Pergunto-me se o Demo não me queria pregar a partida de privar-me das Vossas palavras. O João via-As e, por qualquer razão que me escapa, não apareciam na minha consulta.
Subscrevo tudo o que dizeis, até porque já assentámos ambbos que o mais importante é a procura. E transpostas as Portas, quem poderá garantir que para Lá não nos será revelada como perfeição a própria Busca, transmutada em qualidade não sucessiva, num ambiente em que a temporalidade está abolida?
Sempre para Mais Alto, embora seja difícil conceber Altura maior que o Vosso Comentário e o Vosso Beijo.
At 6:21 PM, Anonymous said…
Esta poesía es preciosa. No conocía al autor.
Rafael Castela Santos
At 7:21 PM, Paulo Cunha Porto said…
Obrigado, Amigo Rafael. Tinha pensado em Si, ao publicá-la.
Abraço.
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