Leitura Matinal -183
O que deve servir para elevar, no sentido de libertação suave
da mediocridade, pode bem, se absorvido pela fantasia feroz
que teime em alicerçar os seus disparos na inexistência de
base real, conduzir a um abaixamento absoluto e irremediável
que é a queda, final e paradoxalmente tão agravada como
atenuada pelos cumes sem âncora aonde se tinha guindado.
Mas faz parte da essência do homem que não está embrutecido
continuar a cair no devaneio. O segredo estará, portanto, em
alterná-lo proporcionadamente com o realismo, uma vez que
combiná-los seria a negação de um e do outro. É da complicada
operação de ambas essas vertentes espirituais que surge
o específico de cada individualidade.
Já no Séc. XVIII via António Dinis da Cruz e Silva:
Onde voas, oh louco pensamento,
Após um falso lisongeiro agrado!
Não receias cair precipitado?
Ícaro não te serve de escarmento?
Essas torres, que fundas sobre o vento,
O mesmo vento as desfará irado.
Ah! que então pela terra derribado
Mofa ao mundo será teu vão intento.
As asas cerra enfim, o voo abate,
Enquanto te concede a Sorte escura,
Que teu justo castigo se dilate:
Mas tu não me ouves, e com mais soltura
Te elevas! ora pois as penas bate,
E depois não te queixes da Ventura.
da mediocridade, pode bem, se absorvido pela fantasia feroz
que teime em alicerçar os seus disparos na inexistência de
base real, conduzir a um abaixamento absoluto e irremediável
que é a queda, final e paradoxalmente tão agravada como
atenuada pelos cumes sem âncora aonde se tinha guindado.
Mas faz parte da essência do homem que não está embrutecido
continuar a cair no devaneio. O segredo estará, portanto, em
alterná-lo proporcionadamente com o realismo, uma vez que
combiná-los seria a negação de um e do outro. É da complicada
operação de ambas essas vertentes espirituais que surge
o específico de cada individualidade.
Já no Séc. XVIII via António Dinis da Cruz e Silva:
Onde voas, oh louco pensamento,
Após um falso lisongeiro agrado!
Não receias cair precipitado?
Ícaro não te serve de escarmento?
Essas torres, que fundas sobre o vento,
O mesmo vento as desfará irado.
Ah! que então pela terra derribado
Mofa ao mundo será teu vão intento.
As asas cerra enfim, o voo abate,
Enquanto te concede a Sorte escura,
Que teu justo castigo se dilate:
Mas tu não me ouves, e com mais soltura
Te elevas! ora pois as penas bate,
E depois não te queixes da Ventura.
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