Furos

Não o será, propriamente, no sentido de "extraordinário
cometimento jornalístico", mas a enorme manifestação de
ontem, protagonizada pelos professores, é, sem dúvida,
notícia digna de nota. E o título deste post ganha alguma
relevância dentro de tal temática, se atentarmos que a
repetida intenção governamental de acabar com os furos
nos horários escolares pode bem compensar a perda desse
momento de détente para os pobres alunos, com as faltas
dos mestres em greve. Assim se manteria o sistema, sem
que o Ministério pudesse ser acusado de não intervir
no deficiente planeamento da distribuição das aulas, nas
escolas.
Certo é, porém, que, politicamente, o protesto deixa
a Responsável pela pasta com um travo amargo na boca,
pois decerto esperaria que tivesse havido muito mais
fura-greves. Aliás, como tudo tem uma explicação, as
bandeiras brancas presentes no cortejo que participou
na "jornada de luta e de luto", longe de significarem
rendição, traduzem justamente o nojo, de que são a cor
em vários países do Oriente. Pelo que resta à Ministra
esperar que próximas contratações no corpo docente
recaiam sobre fura-vidas, dispostos a trair a classe
para progredirem na carreira, ainda que com as novas
regras.
É que, se a oposição continua neste tom, tornar-se-á
evidente o que já muita gente vai dizendo: que esta
actuação ministerial vai dar buraco!