À Imagem de Blair

Quer a imprensa estrangeira, com a nossa a reboque,
que o ascendente candidato à liderança conservadora
britânica, David Cameron, seja uma cópia, à direita,
do que Blair representou. Mas, além de uma vocação
natural para exibir simpatia diante das câmaras, as
razões aduzidas são, no meu entender, as erradas.
Diz-se que é um centrista, uma contraposição à
terceira via do Labour de hoje. Não é. Trata-se de
um eurocéptico seguríssimo e de um advogado da
racionalização, leia-se diminuição do peso público,
no sistema educativo. Também nas finanças, este antigo
adjunto de N. Lamont não se distinguiu por moderação
que se visse, em relação à plataforma Tory.
Onde se pode aproximar do actual primeiro-ministro é
no cuidado que põe na difusão de uma imagem consumível.
Note-se que começou a sua carreira, a nível nacional,
justamente como preparador de Major para as respostas
a dar aos questionários televisivos e nos debates. Por
outro lado, não hesita em deixar passar o traço
simpático da luta que, com a Mulher, trava contra a
doença de um dos filhos.
O meu favorito continua a ser, contra a cotação das
casas de apostas, David Davis. Cameron não me parece tão
sólido. Demasiado decalcado de Blair, se contra ele se
candidatar, corre o risco de, como sempre lembra Le Pen,
o eleitor preferir o original à cópia. E se for contra
Brown, não creio que a simpatia e a frescura obtenham
valimento contra a austeridade e os resultados do "Homem
das Finanças" escocês. E isto se a cocaína do passado o
não matar antes.