Bye-Bye!

Parece finalmente chegado o momento em que o Sr. Shroeder
descola, rumo ao sector privado, embora, com tal especialista
em regressos inesperados, não seja de fiar. A fazer fé nos relatos
que vão chegando, ter-se-á recusado a participar «num governo
presidido por aquela mulher», vulgo Angela Merkel, alegando
que a sua carreira não passa por integrar um governo de chefia
alheia. Um portento de dedicação às grandes causas e ao bem
público, como se vê. Desconfie-se sempre de um político que
usa a expressão «minha carreira». Este, como comprovaram
no pelo os alemães, não meteu o socialismo no bolso, como fez
quem a gente sabe, atirou-o para a lixeira pública. Deu cabo
do seu partido e, com o Sr. Chirac de braço dado, formou o
casal franco-alemão mais fracanhote, desde a Guerra. Jogou
muito, mas sempre na sua pessoa e mesmo as "medidas de
reforma arrojadas" que promoveu, dando o coup de grace na
agonia do Estado Social, tentou justificá-las com a defesa do
financiamento do mesmo, no futuro, para um lado e com o
maligno acicate do sucesso concorrencial, para o outro. Soube
cavalgar a oposição à intervenção no Iraque, atribuindo aos
Cristãos-Democratas a intenção de apoiar militarmente os
Estados Unidos em combate, coisa que era uma pura mentira.
Deixou a social-democracia alemã com uma expressão reduzida
ao nível dos governos estaduais, o que até será um mal que por
bem veio aos seus correligionários, na medida em que libertou,
para o executivo federal, governantes experientes mas derrotados,
como o ex-Ministro-Presidente da Renânia do Norte/Westefália,
agora indicado como provável ministro das finanças.
Enfim, um currículo que, associado ao estilo ostensivo de gozo dos
prazeres da vida, o coloca a milhas de um Kohl ou de um Schmidt.
E já nem falo em Adenauers, que não cheguei a conhecer.
Que seja muito feliz e tenha muitos meninos!