Leitura Matinal -126
O que surgirá primeiro: o poema ou a poesia? Pouco
interessará a quem atente simplesmente no resultado.
Mas sendo a indagação do momento especial em que
desponta o iniludível traço distintivo do poético
um considerável motivo de reflexão, podemos comparar
com Um dos Píncaros mais elevados da Fé.
Tem o poema de estar livre do pecado original do
filisteismo, não há, em literatura, incongruência maior
do que um poema mercenário, seja qual for o tipo de
compensação auferida. Não se trata, em rigor, da reiteração
da «sinceridade poética», contra tudo o que alguns dos
melhores escreveram. Querer-se-ia antes evitar a brutalidade
repulsiva, o que está ao alcance do vero poeta, mesmo se
empregando uma linguagem brutal.
No processo criativo pouco importa matutar em que a origem
assente numa inspiração momentânea ou no engenho trabalhado
do labor artístico. Ambas as vias, dispensando prestação
terrena de outrem, são assimiláveis à Fecundação pelo
Paracleto.
E, finalmente, da confiança estabelecida, pelos versos dados,
entre Autor e Leitor, percorrendo os Caminhos Ascendentes,
chega-se, nos mais felizes dos casos, a uma específica união
espiritual. É a Poesia que nasce.
De José Valle de Figueiredo:
A POESIA EM CONCEIÇÃO
Poema em conceição,
subindo o rasto, em altura,
com seu verso concebido,
a sua poesia em criação
- o nosso modo recebido,
sua arca em laboração,
o verso vem, vai subindo,
vai criando a criação;
serena, a vela vem crescendo,
solidária a sua solidão,
não vem hoje a expiação;
o poema está criado,
criada a sua poesia.
No seu campo a porfia,
vai subindo em acção,
no seu rasto a poesia,
a poesia em conceição.
interessará a quem atente simplesmente no resultado.
Mas sendo a indagação do momento especial em que
desponta o iniludível traço distintivo do poético
um considerável motivo de reflexão, podemos comparar
com Um dos Píncaros mais elevados da Fé.
Tem o poema de estar livre do pecado original do
filisteismo, não há, em literatura, incongruência maior
do que um poema mercenário, seja qual for o tipo de
compensação auferida. Não se trata, em rigor, da reiteração
da «sinceridade poética», contra tudo o que alguns dos
melhores escreveram. Querer-se-ia antes evitar a brutalidade
repulsiva, o que está ao alcance do vero poeta, mesmo se
empregando uma linguagem brutal.
No processo criativo pouco importa matutar em que a origem
assente numa inspiração momentânea ou no engenho trabalhado
do labor artístico. Ambas as vias, dispensando prestação
terrena de outrem, são assimiláveis à Fecundação pelo
Paracleto.
E, finalmente, da confiança estabelecida, pelos versos dados,
entre Autor e Leitor, percorrendo os Caminhos Ascendentes,
chega-se, nos mais felizes dos casos, a uma específica união
espiritual. É a Poesia que nasce.
De José Valle de Figueiredo:
A POESIA EM CONCEIÇÃO
Poema em conceição,
subindo o rasto, em altura,
com seu verso concebido,
a sua poesia em criação
- o nosso modo recebido,
sua arca em laboração,
o verso vem, vai subindo,
vai criando a criação;
serena, a vela vem crescendo,
solidária a sua solidão,
não vem hoje a expiação;
o poema está criado,
criada a sua poesia.
No seu campo a porfia,
vai subindo em acção,
no seu rasto a poesia,
a poesia em conceição.
3 Comments:
At 9:30 AM, Anonymous said…
É um dos poemas mais lindos que li. Obrigada Misa.
At 3:08 PM, Anonymous said…
Nada CRIA a CRIAÇÃO!
Contentemo-nos com A Re-criação, o ministério que nos assemelha a DEUS, embora a VIDA RECREADA seja Dele.
At 6:09 PM, Paulo Cunha Porto said…
Apesar de se colocar a poesia com os olhos postos na Obra Divina, convém não confundirmos criação com Criação.
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