Leitura Matinal -109
Os nossos temores, os nossos terrores são veículo
prvilegiado para paralisações e fugas que nos afastem
das condutas que os outros esperam de nós e que nos
supunhamos, igualmente, capazes de adoptar. «Lord Jim»,
de Conrad, é um plano diferente, na medida em que
a derrota da coragem e o colapso do dever deixam de ser
um instante de excepção, para se tornarem regra. Mas o
contrário também existe: a tremideira permanente ante
uma perspectiva, que, no momento da verdade, dá lugar
ao valente enfrentamento da dificuldade. O que se não
deve confundir com duas eternas concretizações da impotência
e da frustração: o homem que cospe e o homem que
assobia.
Em que caso se incluirá o referido na poesia de Cesário
Verde que se adita, decida quem lê:
HEROÍSMOS
Eu temo muito o mar, o mar enorme,
Solene, enraivecido, turbulento,
Erguido em vagalhões, rugindo ao vento;
O mar sublime, o mar que nunca dorme.
Eu temo o largo mar rebelde, informe,
De vítimas famélico, sedento,
E creio ouvir em cada seu lamento
Os ruídos dum túmulo disforme
Contudo, num barquinho transparente,
No seu dorso feroz vou blasonar,
Tufada a vela e n´água quase assente,
E ouvindo muito de perto o seu bramar,
Eu rindo, sem cuidados, simplesmente,
Escarro, com desdém, no grande mar!
prvilegiado para paralisações e fugas que nos afastem
das condutas que os outros esperam de nós e que nos
supunhamos, igualmente, capazes de adoptar. «Lord Jim»,
de Conrad, é um plano diferente, na medida em que
a derrota da coragem e o colapso do dever deixam de ser
um instante de excepção, para se tornarem regra. Mas o
contrário também existe: a tremideira permanente ante
uma perspectiva, que, no momento da verdade, dá lugar
ao valente enfrentamento da dificuldade. O que se não
deve confundir com duas eternas concretizações da impotência
e da frustração: o homem que cospe e o homem que
assobia.
Em que caso se incluirá o referido na poesia de Cesário
Verde que se adita, decida quem lê:
HEROÍSMOS
Eu temo muito o mar, o mar enorme,
Solene, enraivecido, turbulento,
Erguido em vagalhões, rugindo ao vento;
O mar sublime, o mar que nunca dorme.
Eu temo o largo mar rebelde, informe,
De vítimas famélico, sedento,
E creio ouvir em cada seu lamento
Os ruídos dum túmulo disforme
Contudo, num barquinho transparente,
No seu dorso feroz vou blasonar,
Tufada a vela e n´água quase assente,
E ouvindo muito de perto o seu bramar,
Eu rindo, sem cuidados, simplesmente,
Escarro, com desdém, no grande mar!
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