Leitura Matinal -105
Será tão velha como se repete a tentação de imputar
a destinos e naturezas de ordem vária a asneirada
humana? Não Sei. O Destino, na Grécia Antiga,
desempenhava função primacial na confecção da aura
trágica do Herói, mas nunca quis, justificando o que
injustificável é, diluir o mal e o bem numa mistela
opaca, impenetrável ao espírito humano, que lhe elidisse
a responsabilidade. No Mundo Helénico o Herói sabia qual
o caminho do bem e agia em conformidade, não sendo o
resultado final o pretendido por circunstãncias externas,
normalmente previstas no princípio. A nossa sociedade cede
é à tentação de, escarranchada nos costados de um inventado
destino, relativizar bem e mal, para, num acesso de algolagnia,
eliminar do seu seio o conceito e a existência do Herói.
Esta suspeitíssima corrupção do espírito humano tem como
derradeiro fim, negando a liberdade como latitude de optar,
circunscrevê-la à desregulação de deveres e costumes, e, o
mais optimisticamente possível, banir a perspectiva do
castigo.
Mas do fedelho que a tudo diz «não fui eu» já dizia o Bocage:
CONTRA OS QUE NEGAM O LIVRE-ARBÍTRIO NAS ACÇÕES
HUMANAS
Vós, crédulos mortais, alucinados
De sonhos, de quimeras, de aparências,
Colheis por uso erradas consequências
Dos acontecimentos desastrados:
Se à perdição correis precipitados
Por cegas, por fogosas impaciências,
Indo a cair, gritais que são violências
D´inexoráveis Céus, de negros fados:
Se um celeste poder tirano, e duro,
às vezes extorquisse as liberdades,
Que prestava, ó Razão, teu lume puro?
Não forçam corações as divindades;
Fado amigo não há, nem fado escuro:
Fados são as paixões, são as vontades.
a destinos e naturezas de ordem vária a asneirada
humana? Não Sei. O Destino, na Grécia Antiga,
desempenhava função primacial na confecção da aura
trágica do Herói, mas nunca quis, justificando o que
injustificável é, diluir o mal e o bem numa mistela
opaca, impenetrável ao espírito humano, que lhe elidisse
a responsabilidade. No Mundo Helénico o Herói sabia qual
o caminho do bem e agia em conformidade, não sendo o
resultado final o pretendido por circunstãncias externas,
normalmente previstas no princípio. A nossa sociedade cede
é à tentação de, escarranchada nos costados de um inventado
destino, relativizar bem e mal, para, num acesso de algolagnia,
eliminar do seu seio o conceito e a existência do Herói.
Esta suspeitíssima corrupção do espírito humano tem como
derradeiro fim, negando a liberdade como latitude de optar,
circunscrevê-la à desregulação de deveres e costumes, e, o
mais optimisticamente possível, banir a perspectiva do
castigo.
Mas do fedelho que a tudo diz «não fui eu» já dizia o Bocage:
CONTRA OS QUE NEGAM O LIVRE-ARBÍTRIO NAS ACÇÕES
HUMANAS
Vós, crédulos mortais, alucinados
De sonhos, de quimeras, de aparências,
Colheis por uso erradas consequências
Dos acontecimentos desastrados:
Se à perdição correis precipitados
Por cegas, por fogosas impaciências,
Indo a cair, gritais que são violências
D´inexoráveis Céus, de negros fados:
Se um celeste poder tirano, e duro,
às vezes extorquisse as liberdades,
Que prestava, ó Razão, teu lume puro?
Não forçam corações as divindades;
Fado amigo não há, nem fado escuro:
Fados são as paixões, são as vontades.
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