Conservadorismo e Europa

Como não há duas sem três, Ken Clarke declarou,
nesta semana, que volta a candidatar-se à liderança
do Partido Conservador britânico. Como os trabalhistas
ainda têm para mais quatro anitos, interrogar-se-á o
Leitor por que razão este chato vem a terreiro com
assunto tão pouco palpitante. A razão é simples: o
Sr. Clarke é um minoritário MP dos tories, no seu
empedernido europeísmo, o que pode, se for eleito,
modificar a política do Reino Unido para a União
Europeia, na medida em que o governo do Sr. Blair
deixe de ter uma oposição oficial hostil ao aprofundar
da integração, logo, deixe de sofrer a pressão de quem
queira, nessas paragens, recolher louros eleitorais.
Clarke está longe de ser o favorito. Apesar de ser um
ex-chanceler - o Ministro das Finanças lá da terra -, o
que na nossa velha aliada é meio caminho andado para
uma candidatura a PM, já tem 65 anos, hoje por hoje uma
dezena a mais do que os eleitores das Ilhas consideram
ideal. E pode estar numa certa desvantagem, competindo com
dois fogosos membros do governo-sombra: David Davis (interior)
e David Cameron (educação). Recorde-se, para quem seja
supersticioso, característica propiciada pelo culto da
excentricidade caro àquele país, que Davis ocupa a mesma
"pasta" que, na oposição, preenchia Blair...
Para cúmulo, Clarke foi um consistente opositor da intervenção
no Iraque, podendo uma eventual eleição sua configurar, de
imediato uma quebra do consenso alargado da política atlantista
e, se vencedor em eleições, uma alteração da relação especial
com os EUA.
Mas uma visão muito mais sabedora e ponderada poderia ser-nos
dada pelo FG Santos em Santos da Casa. Não falei com ele e
desconheço se planeava falar deste tema. Mas como ardo por
saber o que, desenvolvidamente, ele pensa sobre a questão,
perdoar-me-ão Ele e os Leitores Amigos que, com este golpe
baixo, o chame à demanda.