O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Wednesday, August 31, 2005

Leitura Matinal -104

Que o Homem conceba a sua própria pessoa como
um capital a aplicar é fraqueza tanto mais risível
quanto a desvalorização dessa abundante e contrafeita
moeda cedo o desenganará. Que queira guindar-se a
alturas que lhe estão vedadas ou, simplesmente, fora do
alcance, é que pode evitar-se Pode? Não será fado universal
querer ser mais do que se é? Talvez, lá para os mais
recônditos cantos de cada interior humano. Mas o que importará
mais será canalizar as aspirações do indivíduo para a acção
que transcende as peias da vaidade e do penacho, ou, como agora
se diz, do protagonismo. Tornar-nos-emos assim menos humanos?
Puro delírio. Ainda há muito de terreno a puxar-nos para baixo.
É a Lei da Gravidade; podemos é ir preferindo às auto-aspirações
egoístas de pretensas ascensões irrisórias, as compensações
generosas da demanda de um - e do - bem comum. E assim melhorar
as pretensões do nosso processo, dentro da Gravidade da Lei.
De como acaba mal o fantasismo que de si quer fazer mais do que
deve, leiamos de D. Francisco Manuel de Melo:

METÁFORA DA AMBIÇÃO

Vivia aquele Freixo no alto monte.
Verde e robusto: apenas o tocava
O brando vento, apenas o deixava
De abraçar pelos pés aquela fonte.

Tão soberbo despois levanta a fronte,
Como o Pavão, do bosque donde estava,
Envejoso de ver que o mar cortava
Um Pinho que nasceu dele defronte.

Ora saiu da terra e foi navio.
Lutou c´o Mar, lutou c´o vento em guerra:
- Quedas viu ser o que esperava abraços.

Ei-lo que chora em vão seu desvario
De longe a vê, chegar deseja a terra:
Não lho consente o Mar, nem em pedaços.

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