Leitura Matinal -302
O segredo que nos sopram ao ouvido sobre a originalidade intangível de cada
ser é, evidentemente a mão com que, na parte que nos cabe, cada um de nós se segura, mas é muito mais. Desde que não se perca demasiado tempo a tentar descobrir-se no reflexo, quer dizer, na aparência mais falível e enganadora, fica o indivíduo predisposto a percorrer o caminho desconhecido que o faça chegar
à ocupação de um lugar que é o seu e de ninguém mais. É nessa impossibilidade de preenchimento do mesmo espaço por mais do que um que se revela a diversidade, que é estranheza ou personalidade, conforme o ângulo por que seja encarada.
Mas a tranquilidade da aceitação do carácter da própria viagem, sem dirigir a interrogação da necessidade dela ao desconhecido exterior, é a solução que permite a alta mas tranquila afirmação de si, sem tentar encontrar na dor ou no egoísmo a certeza da existência. Tudo depende desse desportivismo que surge do cumprimento da parte respectiva, sem dar atenção imerecida à inquirição insaciável que atormenta e pode corroer até ao fim.
De Pimentel Bastos:
IMAGEM
Sou uma imagem de mim,
Não que eu seja como sou,
Pois que nem sei ao que vim
Também não sei porque estou
Algo me impele que vá
Onde ninguém nunca esteve
E sei que volto para lá
Cumprindo um voto que é breve
Só que não sei a razão
De ser aquilo que é isto.
Num sereno turbilhão
Algo me diz que existo
Precedem o «Grito da Existência»
«Segurando-me», de Thomas Hager e
«Pássaro de Nowhere», de Man Ray,
com a dupla leitura de "lado nenhum",
ou de "aqui, agora".
ser é, evidentemente a mão com que, na parte que nos cabe, cada um de nós se segura, mas é muito mais. Desde que não se perca demasiado tempo a tentar descobrir-se no reflexo, quer dizer, na aparência mais falível e enganadora, fica o indivíduo predisposto a percorrer o caminho desconhecido que o faça chegar
à ocupação de um lugar que é o seu e de ninguém mais. É nessa impossibilidade de preenchimento do mesmo espaço por mais do que um que se revela a diversidade, que é estranheza ou personalidade, conforme o ângulo por que seja encarada.
Mas a tranquilidade da aceitação do carácter da própria viagem, sem dirigir a interrogação da necessidade dela ao desconhecido exterior, é a solução que permite a alta mas tranquila afirmação de si, sem tentar encontrar na dor ou no egoísmo a certeza da existência. Tudo depende desse desportivismo que surge do cumprimento da parte respectiva, sem dar atenção imerecida à inquirição insaciável que atormenta e pode corroer até ao fim.
De Pimentel Bastos:
IMAGEM
Sou uma imagem de mim,
Não que eu seja como sou,
Pois que nem sei ao que vim
Também não sei porque estou
Algo me impele que vá
Onde ninguém nunca esteve
E sei que volto para lá
Cumprindo um voto que é breve
Só que não sei a razão
De ser aquilo que é isto.
Num sereno turbilhão
Algo me diz que existo
Precedem o «Grito da Existência»
«Segurando-me», de Thomas Hager e
«Pássaro de Nowhere», de Man Ray,
com a dupla leitura de "lado nenhum",
ou de "aqui, agora".
1 Comments:
At 8:05 PM, Anonymous said…
lindo
o poema
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