O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Monday, June 13, 2005

O Crack Bolsista das Liberdades

O Demoliberalismo, como mais não tem que possa apregoar,
finca bem os pés na oferta do ilusório conceito das
Liberdades para se legitimar. Ilusório a vários títulos,
já que, no modelo continental europeu, a decisão política,
ainda que restrita à escolha, é usurpada pelas cúpulas
partidárias, remetendo o eleitor para o estatuto de espoliado.
Mas não é esse o lado que mais oprime. São as limitações às
liberdades (con)vivenciais que são sentidas mais agudamente
pelo comum dos mortais, na medida em que cada um só pode
parecer livre até onde se baliza a liberdade do Outro. Conclusão
forçosa é constatar que, ao despovoar as cidades e vilas da
Província, rumo aos gigantescos centros urbanos, grande parte da
população abdicou do policiamento moral das terras pequenas, na
mira de que maior anonimato lhe permitisse uma amplidão acrescida
das escolhas de actuação. Pura inocência, confinados aos
cubículos das metrópoles e da rotina, acham-se invariavelmente
vulneráveis aos ataques de duas forças cuja liberdade de actuação
lhes suga a sua: as injunções comportamentais da televisão e a
ameaça dos delinquentes.
Longe dos tempos revoltos da 1ª República, é para aí que caminhamos,
nesta já significativa soma de criminalidade, que dando um salto
de gravidade com os assassinatos de polícias, vem a tornar-se
universalmente notada com os acontecimentos de Carcavelos. Está
tudo dito por um transeunte interrogado na rua, durante o Telejornal
de ontem, na RTP1:
«-liberdade para quê? Para acontecer como em Carcavelos?
Vou guardar o meu cartão de eleitor numa carteira e dar-lhe
o nome "Memórias do Meu Passado"». Foi um estado de espírito
semelhante que, em 1926, decidiu à acção os Tenentes de Maio.

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