Leitura Matinal -13
Chegados à 13ª Leitura Matinal, o poema escolhido
teria forçosamente de ilustrar um azar como base do
estado de espírito do seleccionador. Assim foi. Vi-me
ontem forçado a entrar num autocarro e logo a Carris
+ os seus passageiros tiveram a gentileza de me alegrar
os sentidos com a variada panóplia de odores estivais
e pré-estivais. Em jeito de vingança dedico-lhes, de
Alexandre O`Neill,
A FORÇA DO HÁLITO
A força do hálito é como o que tem que ser.
E o que tem que ser tem muita força.
Vai (ou vem) um sujeito, abre a boca e eis que a gente,
que no fundo é sempre a mesma,
desmonta a tenda e vai halitar-se para outro lado,
que no fundo é sempre o mesmo.
Sovacos pompeando vinagres e bafios
não são nada - bah... - em comparação
com certos hálitos que até parece que sobem do coração.
Ai onde transpira agora
o bom sovaco de outrora!
Virilhas colaborando com parêntesis ou cedilhas
são autênticas (e sem hálito) maravirilhas.
Quando muito alguns pingos nos refegos, nas braguilhas,
amoniacal bafor que suporta sem dor
aquele que está ao rés de tal teor.
Mas o mau hálito é pior que a palavra,
sobretudo se não for da tua lavra.
Da malvada, da cárie ou, meudeus, do infinito,
o mau hálito é sempre na narina,
como o baudelaireano desesperado grito
da «charogne» que apodrecer não queria...
teria forçosamente de ilustrar um azar como base do
estado de espírito do seleccionador. Assim foi. Vi-me
ontem forçado a entrar num autocarro e logo a Carris
+ os seus passageiros tiveram a gentileza de me alegrar
os sentidos com a variada panóplia de odores estivais
e pré-estivais. Em jeito de vingança dedico-lhes, de
Alexandre O`Neill,
A FORÇA DO HÁLITO
A força do hálito é como o que tem que ser.
E o que tem que ser tem muita força.
Vai (ou vem) um sujeito, abre a boca e eis que a gente,
que no fundo é sempre a mesma,
desmonta a tenda e vai halitar-se para outro lado,
que no fundo é sempre o mesmo.
Sovacos pompeando vinagres e bafios
não são nada - bah... - em comparação
com certos hálitos que até parece que sobem do coração.
Ai onde transpira agora
o bom sovaco de outrora!
Virilhas colaborando com parêntesis ou cedilhas
são autênticas (e sem hálito) maravirilhas.
Quando muito alguns pingos nos refegos, nas braguilhas,
amoniacal bafor que suporta sem dor
aquele que está ao rés de tal teor.
Mas o mau hálito é pior que a palavra,
sobretudo se não for da tua lavra.
Da malvada, da cárie ou, meudeus, do infinito,
o mau hálito é sempre na narina,
como o baudelaireano desesperado grito
da «charogne» que apodrecer não queria...
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