O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Thursday, November 30, 2006

Militaria

Lendo o editorial do «DN», devo confessar que tenho para mim que todas as reivindicações profissionais dos militares estão condenadas a ver contra si despertadas as aversões da população e, pelo contrário, a testemunhar a satisfação com o Governo que as quer contrariar, muito por causa da reconversão que as atingiu, há uns anos. O redimensionamento e o fim do Serviço Militar Obrigatório deixaram o meio castrense com a imagem de um organismo que pode desempenhar missões internacionais mais ou menos populares, mas que é incapaz de fazer a guerra sem a ajuda das Forças Armadas de outros países, ao contrário do que acontecia no modelo que desenvolvera os combates de África. Por outro lado, ao substituir a indisposição que provocava em uito mancebo a passagenzita de ano e meio pelas fileiras pela completa isenção de nelas servir, faz a estranheza ocupar o lugar do resmungo. As duas alterações têm como consequência a formação de uma ideia de que Exército, Marinha e Força Aérea para pouco de fundamental servem, bem como a de «eles - que já não mandam em nós» - serem, realmente, uma profissão como as outras. E a inveja social nunca permitiu ver com bons olhos privilégios naqueles que julga iguais...

A Ilha do Tesouro

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No duplo intuito de provar que nada tenho contra as Ilhas, nem contra as Nações que assentem em arquipélagos, assim como de honrar o primeiro país a conceder o direito de sufrágio às Mulheres, quero deixar esta imagem da neo-zelandesa Kylie Bax, que certamente terá o condão de sensibilizar os meus Leitores para as questões subjacentes: com efeito, vendo-a, quem não quererá ter voto na matéria?

Movimentos de Massas

Não tem pés nem cabeça a ideia luminosa do PSD da Madeira tentar pôr o Presidente da República entre a relativíssima e embotada espada e a parede, dizendo que deverá convocar eleições regionais, caso assine a lei de finanças que passará a reger a Ilha. Não havendo suspeitas de inconstitucionalidade, presidente poderia vetar politicamente, o que de pouco adiantaria, dado o platonismo desse expediente perante maiorias parlamentares. Agora, não faz sentido dissolver a Assembleia Regional na sequência de uma aprvação legislativa cuja responsabilidade cabe ao Governo da República.
Claro que o que se vê na exigência é uma tentativa de substituir o dinheiro que dá votos por uma indignação insular que ainda dê mais. Mas o Primeiro-Ministro também não está isento de culpas: deveria ter presente que as Pérolas, ainda que sejam do Atlântico, são caras...

Energias Alternativas

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O misantropo está em condições de revelar, em primeira mão, os mistérios relacionados com o invulgar feixe de energia que vem tomando as atenções dos cientistas, ao varrer a terra com uma gama de radiação, da dita, nomeadamente. Não é um truque da MOSSAD para substituir o petróleo e deixar empobrecido o Mundo Árabe, não. Trata-se, simplesmente, de uma tentativa desesperada de extra-terrestres comentarem nesta jaula. É que, ao menos para esses, está-se, sem gentilezas, perante "um blogue do outro Mundo". Uma coisa me preocupa, contudo: dada a identidade blogosférica que me acopanha, este interesse não levantará suspeitas de estarmos perante aliens hostis?

A Morte Sem Pena

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A preocupação em não tratar os culpados dos crimes mais graves contra Outrem como tais, assim como de não os inocentes que nunca fizeram mal a quem quer que fosse de acordo com essa condição, encontra um ponto de engasgo quando se fala de droga. É compreensível, na edida em que partilha do mal-estar que sentimos perante formas de suicídio mais expeditas. O atentado contra si próprio expresso na lenta degradação causará tanto ou mais sofrimento psíquico a quem vê do que a quem se injecta, se descontarmos a ansiedade pela nova dose, bem capaz de activar desesperos nada ignoráveis. Mas a incomodidade que semeia do exterior assenta num fundamental dilema, que é o de encontrar uma justa medida de reacção, sem cair na cumplicidade com a fraqueza, nem ceder à chantagem do que mutila a sua capacidade, para ganhar atenção, por um lado; e de não ceder à hostilidade boçal a quem atentou contra si, mas não, directamente, contra o próximo, pelo outro. Por essas e por outras defendi que o consumo de drogas não devia ter sido descriminalizado, embora ligeiramente punido, por ser comportamento anti-social, se não perceptível nos comportamentos acessórios que usualmente acompanham, ao menos por uma culposa e pouco reversível
diminuição de si para escapar ao mínimo convivencial, paralela à amputação que um conscrito fizesse para não cumprir o dever militar, no tempo em que ele existia, generalizadamente, fora da situação da Guerra.
Por isso, quando se constata que as mortes associadas ao consumo de heróína aumentam, mas decresce a incidência das doenças infecto-contagiosas que foram a principal razão apontada para a criação das salas de chuto, tenho de me manifestar contra estas.
A imagem é «Americana Viciada em Heroína», de Fred Burkhart.

Wednesday, November 29, 2006

O Hábito e o Monge

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Não conhece liites nem ridículo a sede de não infringir a correcção política concernente às denominadas "sexualidades alternativas". Esta decisão de uma Autoridade Metropolitana Novaiorquina de abrir os espaços reservados às Senhoras a todo aquele que seriamente pareça viver como mulher está condenada a descambar no aproveitamento de muitos engraçadinhos travestidos para o efeito, já que a prova da «seriedade» será sempre a posteriori, exigindo-se para a franquia da entrada uma mera mascarada capaz. Poderão dizer que já é a situação actual, mas não é verdade, já que um travesti que penetrasse em locais vedados seria passível de punição, o que sempre terá uma certa força dissuasora. Assim, desde que represente bem, mostrando-se sério na sua acção feminil, está safo. Cuidado Leitoras, quando isto chegar aos lavabos de cá será o bom e o bonito. E os maus exemplos não costumam ver muito retardada a sua importação...

Os Irresponsáveis

Nem abordaria o tema, se não fosse o facto de uma Voz que merece atenção, a de Vasco Graça Moura, com ironia e urgência, a propósito de um tema completamente diverso fazer uma cisão entre culpa e responsabilidade. É que, evidentemente, a culpa é uma forma mais grave desta. E tudo porque um indivíduo que os portugueses associam ao pior dos muitos males do regime veio ontem dizer-se vítima de acusações injustas quanto à participação na descolonização, aceitando a responsabilidade, mas rejeitando culpas. No «PÚBLICO» o Dr. Almeida Santos, tido por muitos como símbolo de oportunismo, quando não de outros negócios, veio chorar e repetir o estribilho das culpas de Salazar e Caetano em terem lutado, um mais do que o outro, para manter o Ultramar Português. É a conversa de uma das piores gentes que conheço: a que finge crer em inevitabilidades históricas para justificar ter-se posto de joelhos diante dos poderosos do momento, considerando um crime que Gente mais digna não o tivesse feito antes. Salazar enfrentou e ultrapassou o pior período da guerra de África, com as Províncias sem número de tropas tão importante como se julgou necessário, enfrentando dificuldades na compra de armamento a utilizar lá e a infame administração Kennedy, a mais anti-portuguesa que alguma vez passou por Washington. E não vergou. O sistema abrileiro inventou a necessidade de vergar. Inevitabilidades? Só há uma e não é a que pensa o Tempo mandando nos Homens, em vez de pôr estes a mandar no Tempo, única situação em que merecem a maiúcula: é a de lutar para se poder ganhar. Salazar fê-lo com as forças que tinha e nunca estes irresponsáveis méteram pé em ramo verde, jamais passaram de uma evitabilidade. Caetano tratava-os com untos e falinhas mansas, o que acarretava uma consequência inevitável - a que se viu.

Blair Para a Rua?

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Nunca eu diria tal! Calma, não estou a falar de políticos, mas de Selma Blair, chegada num dia de nevoeiro, uma Beleza indiscutível, para mais parecida com Uma Amiga Minha, que aqui escarrapacho, para atender aos muitos protestos que recebi, considerando exageradas as dimensões peitorais das jovens que por cá vão alegrando a paisagem. Desta é que não se pode dizer outro tanto: tão criticada tem sido pela diminuta frontalidade que deixou que a aumentassem desta forma, por montagem fotográfica, que é meio mais expedito do que o famigerado silicone!

Os Azares da Evolução

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Esta coisa tão feia é o Dunkleosteus Terrelli, um bicharoco de há 400 milhões de anos, provido de uma mandíbula que faria as dos tubarões de hoje passar por elementos anatómicos de bebezinhos. Uma pressão deste hiperbólico quebra-nozes poderia, segundo os cientistas que lhe reconstruíram o perfil, chegar a uma força aplicada de 11.000 libras.
Mas desenganem-se aqueles que pensam viver tempos melhores, por não correrem mais o risco de encontrar nas águas animaizinhos destes: sabendo-se que as espécies adequam as suas funcionlidades e estruturas às necessidades, o facto de os grandes predadores marinhos que restam exibirem, em vez desta trucidante maquinaria, uns sorrisos de artistas de cinema significa somente que as potenciais vítimas, com os seres humanos à cabeça, se tornaram muito mais tenrinhas. O que vem dar razão uma vez mais ao misantropo, quando chama a atenção para a necessidade de nos endurecermos, contra os nossos inimigos...

Aspiração do Louvor

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Por que será que me acudiu ao espírito este «Elogio da Sombra», que suponho ter sido fotografado por Sérgio Kohan, ao ler a notícia da tentativa de aproveitamento para a sua agenda, pelo Engenheiro Sócrates, de um elogio de Bush que era dirigido, sem dúvida justamente, aos nossos Militares no Afeganistão? «Sombra» porque mera projecção negra do vulto dos Combatentes que cumprem o seu dever, sombra porque segue o dono, sem esboçar gestos próprios que o contrariem? Pode-se empreender uma aspiração do louvor, é impossível, por estas vias, aspirar ao louvor.

Não Me Tirou o Sono

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«O Leitor»,de David R. Merrill. Para dar notícia de um facto raro. Ontem, quando me deitei, apliquei-me em três leituras e todas me deixaram insatisfeito. Primeiro foi o texto «NOTRE PATRIE», de Charles Péguy, um autor de que costumo gostar e que me frustrou completamente. Segui para uma antologia de poetas britânicos contemporâneos, da Penguin, da qual não apreciei um só dos poemas que não conhecia. Claro que tinha outros excelentes, com os de Eliot à cabeça, mas nada de novo a assinalar. Por fim investi por uma História do Sapato, de Jean-Paul Roux, que tratava cada época a uma velocidade astronómica, francamente excessiva na ligeireza e falta de detalhe, para o meu gosto. Vale que tinha conseguido tirar de lá a reprodução de uma gravura de uma Senhora do Século XVII a experimentar calçado, que postei no «Calma Penada» e dediquei à Marta.
Assim, o melhor do que li ontem passou pelos blogues. E cabe destacar um texto fabuloso sobre o presente ao Papa, na delegação enviada por D. Manuel I, julgo que a tal que terá dado, sem culpa nossa, origem à identificação dos borlistas com os portuguesi. Assina esta pérola a Zazie e veio resolver uma velha dúvida que eu e o Francisco A. alimentávamos: se a oferta era de um elefante ou de um rinoceronte. Afinal havia duas! mas uma teve fim pouco feliz.
De como a blogosfera nos pode salvar da pior das melancolias, a de não encontrarmos o que esperamos na leitura. Que isso acontecerá na vida, é coisa para a qual os anos nos preparam. Quando falha, porém, o alívio das páginas viradas a insuportabilidade de subsistir torna-se muito mais lancinante...

Tuesday, November 28, 2006

Jogo de Cintura

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Desafiou-me a Marta, ao falar aqui da Sua simpatia pelo cinto de ligas que segure as meias de senhora, o qual sei preferir aos collants, hoje relativamente mais espalhados. Creio poder arriscar que nós, homens, concordamos inteiramente; e não apenas por razões estritamente práticas, mas antes por aquelas que nos ajudam a ver o sonho no que a vista alcança.
Gostaria de deixar duas notas sobre o tema: a do mito que se gerou de ter sido Gustave Eiffel o inventor d o dispositivo, desafiado pela Mulher, por sua vez cansada de lhe ouvir remoques sobre a mobilidade excessiva das respectivas meias. Dado que a historiografia especializada apurou ter o verdadeiro criador desta 8ª maravilha da Humanidade, no mundo contemporâneo, sido o costureiro Féréol Dedie, em 1876, para evitar os problemas de circulação derivados do uso de ligas apertadas não-suspensas, mas inspirado em peças precursoras de há 3000 anos, importaria encontrar uma explicação para esta fantasia. Tenho duas hipóteses como possíveis: sendo o Engenheiro glorioso o criador mais em destaque na altura do aparecimento do acessório, era de procurar o nome dele para patrocínio de tão fundamental descoberta. A segunda explicação residiria no facto de, afastando um pouco as pernas, a portadora do mecanismo o fazer assemelhar-se à base da famosa torre de Paris...
Mas o que há a lamentar é a desgraçada propagação, a partir dos tristes anos 1960´s - que deram outras coisas pouco estimáveis -, como seja o subscritor destas linhas, dessa invenção do Diabo que é o collant. Do Diabo por atentar contra a estética do Homem, não por o tentar, pela via do prazer. Não se pode optar jamais por este decalque da pele contra um prodígio da engenharia como o que antecedeu. E faz espécie como a sofisticação feminina não se insurgiu contra tamanho primitivismo...

Frescor na Relva

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Digam lá os detractores do Desporto-Rei que um relvado não nos pode levar ao Céu, desde que quem nele alinha, com o adequado equipamento, tenha muita pinta! Dois axiomas bem evidentes em KIERA SKY.

Pandemónio

E não pandemia, que, no entanto, também vai bem. O alerta da OMS para o estado de fragilidade a que as mentes desta maravilhosa sociedade que nos consegue ser prometida e negada ao mesmo tempo chegou é que constitui perigo bem real, mais do que o da gripe das aves, que, no entanto, requer cuidados; ou que a defunta das vacas loucas, a qual não exigia nada do que se fez. Mas está tudo ligado: o medo destas epidemias, maximizado, é já sintoma de saúde psíquica muito falha. E só não creio que outro tanto suceda com o temor das próprias afectações mentais, porque o Homem, desde sempre, está mais predisposto a temer os outros mais do que a si próprio e a ser optimista a extremos inimagináveis quanto ao seu equilíbrio interior.
No entanto, à cautela, sugeria aos jornais que têm já uma rubrica «Gripe das Aves» que abrissem uma denominada «doenças mentais». Mesmo que não se mostre tão lida...

Línguas Compridas

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Falava há dias o Amigo Je Maintiendrai do pretoguês. E esta designação das horríveis deformações que atingem a nossa língua levou-me, direitinho, para um livro de Geraldo Bessa Victor, Patriota português em África nascido, que sentida e contidamente exprimiu em «MINHA TERRA E MINHA DAMA» a sua indignação contra a consagração por Agostinho de Campos desse termo, contando a história passada com um daqueles boçais patrões brancos, excepções e não regra, que costumavam dirigir-se aos empregados numa imitação trocista do linguajar característico de muitos deles, quando se exprimiam no idioma nacional. Teria então ido a uma loja de um Português autóctone e, querendo comer, dito: «Você tem qui coma?» Ao que um tendeiro, que era dos que se expressavam bem, teria respondido que sim, que tinha Quibeba, um preparado à base de choco de mandioca e óleo de palma, o que teria levado o interlocutor a chamar-lhe tudo e mais alguma coisa, "por querer quicoma e não quibeba", pensando que lhe estava a ser oferecida bebida, como alternativa. E a apanhar um grande melão quando lhe colocaram à frente o prato e disseram o nome dele...

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A Relatividade no Humor

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Leitura de um interessante livro sobre o génio da Física,com uma historieta não menos interessante que respigo para aqui: Charles Chaplin telefona certo dia para os Einstein, dizendo que estava na cidade e gostava de jantar com eles, mas que tinha a companhia de um amigo. Convidados ambos, lá foram e, durante a refeição, o Imortal criador de Charlot foi expressando as suas vistas sobre a vida opressiva com que a sociedade capitalista assente na maquinaria ameaçava a esfera psíquica e os nervos dos trabalhadores, numa postura que eu qualificaria de saudável socialismo de colorações ruskinianas, apesar de ter cedido a perigosos e tão ou mais limitadores cantos de sereia que sopravam de Leste. A certo ponto, Einstein, que costumava abstrair-se quando a conversa não o cativava especialmente, disse, para manter vivo o ambiente: «Sim, eu acho que se devia fazer uma pilha com todo o dinheiro do Mundo e deitar-lhe fogo». O amigo de Chaplin, de quem ninguém retivera o nome, empalideceu, murmurou uma desculpa de circunstância e saiu apressadamente. Era Sir Philip Sasson, um dos maiores financeiros do tempo.
No fim do convívio o Cineasta pediu uma fotografia do seu Ilustre Anfitrião. O Físico, a instâncias da Mulher, acedeu de bom grado e rabiscou «A Charles Chaplin, o grande economista, da parte de Albert Einstein».
De como uma graça falhou ao magoar um dos ouvintes e outra a que o visado talvez não tenha achado piada de maior é atractiva para quem a lê. É a relatividade!

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Monday, November 27, 2006

A Sete Chaves

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Não voltarei tão cedo ao assunto dos afectos que os sapatos despertam, apesar de o tema continuar a fazer o seu caminho. Pensando Numa Querida Amiga que afirma repetidamente preferir os cintos ao calçado, apesar de ninguém que olhe a sua colecção de invólucros dos pés o poder adivinhar facilmente, tentarei prosseguir na inquirição do que prende a Mulher a estes artefactos. E surgiu-me como impossível de ignorar o caso em que Ela é por outrem ligada a eles. Pensei no cinto de castidade, o qual desempenha no imaginário de hoje um papel desproporcionado da difusão que teve outrora.
E daí saltei para o curiosíssimo objecto da direita, que encerra a cadeado a extremidade da perna feminina. Não se vê facilmente que tenha outra função do que a de assegurar uma maximização erótica, correspondendo ao Espírito do Tempo: onde outrora o cadeado visava restringir a prática sexual, pretende hoje obrigar a uma conduta que a potencie, segundo os desejos do detentor das chaves. Mas claro que algum Leitor mais inocente tem inteira liberdade de defender que se trata apenas de um designer a querer assegurar que o manequim contratado usará o modelo desenhado durante o período que se estipulou...

Uma Mentira

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Em 27 de Novembro de 1942 a Esquadra francesa do Mediterrâneo, sob as ordens do Almirante Conde De Laborde suicidou-se, afundando no Porto de Toulon oitenta e muitos navios. Quem conheça o amor que aquele Velho Marinheiro e a sua oficialidade tributavam aos seus barcos sabe bem o sacrifício que foi, tanto que, nos quinze dias precedentes tinham tentado de forma infrutífera, negociar a manutenção deles sob comando francês. Fizeram-no para que não caíssem nas mãos dos Alemães, os quais tinham, recentemente, invadido a Zona Livre e prometido entregar a cobiçada frota aos italianos. No fim da Guerra os responsáveis por tamanho acto de dignidade ainda foram condenados por traição. Para que se veja quão fluidos são os conceitos!

Desmentido

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Ao contrário do que tentam fazer passar, trata-se de uma Mulher sem preço! Katie Price.

A Alienação do Nosso Tempo

Considero a moda que alastra de pedir desculpas por comportamentos nacionais ou comunitários de séculos atrás a pior das distracções em que fingem cair, mas, na verdade empregam como escudo, muitos dos responsáveis de hoje. Assim não aconteceu demasiado, honra lhe seja, com Tony Blair e a escravatura. É a escravatura algo horrível para a nossa concepção da Humanidade? Decerto. Deveríamos lutar contra a sua restauração, se fosse caso, ou contra os resquícios dela que subsistem? Certamente. Os Britânicos tiveram um papel de proa na utilização ou propagação dela, passando a defensores da sua extinção quando lhes convinha, para eliminar concorrências que só tinham essa forma de competir com as suas também desumaníssimas condições de trabalho das Revoluções Industrial e Pré-Industrial? Já se sabe. Mas querer que um governante de 2006 peça perdão por tudo isso é abstruso. A culpa tem de ser, por natureza, individual, ainda que possa ser medida na participação grupal ou geracional de acções fora do comum. Não se pode é lançar sobre a actualidade de um País o estigma reportado ao que os seus mortos fizeram. Não quereria arrumar a questão como, sem paciência, o fez Oliveira Martins, com um seco «todas as nações passaram pela fase esclavagista», porque isso pode fazer-nos amolecer face a eventuais recrudescências. Mas a última coisa que desejo é êxito a esta mentalidade festiva da exigência de contrições colectivas em conferências de imprensa governamentais, que exagerem ainda mais um perigosíssimo primado das palavras sobre os actos.

Viva Kim!

A notícia de que as autoridades de Seoul planejam um morticínio de cães e gatos, para além das pobres criaturas de aviário que, de qualquer forma, já tinham o destino traçado, faz-me rever completamente a minha posição quanto ao regime do Sr. Kim Yong Il: quero que tenha muitas prosperidades, que invada a metade Sul da Península, imponha o jugo agravado que se imagina à insensível população que elegeu estes zelosos e apavorados assassinos de inocentes e elimine aqueles irresponsáveis, por temê-los infectados com a gripe das aves.
Sem apelo.

A Homenagem Aproveitável

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Com as «Quatro Miragens» de Phil Wolstenholme, que expressamente visam responder à questão surrealista sobre «se haverá vida antes da morte», quero reportar-me ao passamento de Mário Cesariny, cuja poesia gostava de ler. Devo dizer que, se tivesse sido pensada como tal, a mais surreal das homenagens seria a frase do Engenheiro Carmona Rodrigues, Presidente da CML: «A AUTARQUIA VAI DAR O NOME DELE A UM EQUIPAMENTO CULTURAL RELEVANTE».

Sunday, November 26, 2006

Elogio em Causa Própria

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Na tentativa de obedecer à recomendação que se encerra nessa mesma transcrição, retorno à conferência de Jorge Luís Borges sobre o livro na Universidade de Belgrano, em que a releitura é valorizada face à simples leitura.
E dou com uma afirmação tão surpreendente como por mim olvidada, segundo a qual os Antigos Gregos e Romanos não prezavam a passagem a escrito, quando comparada com a palavra oral: o preceito «Verba volunt, scripta manent», nesta ou na ordem oposta, significaria assim «que a palavra (escrita) é algo de(...) morto», não focando o lado fugaz da oralidade. Tenho alguma dúvida que assim fosse. Se é certo que, no caso concreto, o contacto com o Mestre era um critério de legitimidade na transmissão do testemunho, por nada igualar a apreensão integral da Figura venerada, tenho sérias dúvidas de que, considerados em abstracto, o verbal e o inscrito se vissem hierarquizados com vantagem para o primeiro. Com efeito, parece-me muito mais próximo da interpretação certeira o desenvolvimento que Monsenhor Moreira das Neves expressamente formulou sobre o preceito:
Não gastes o pensamento
Falando de ânimo leve.
Palavras leva-as o vento.
Não leva quanto se escreve.
Até porque a exactíssima Civilização Clássica que nos legou essa máxima criou uma outra «Qui scribit bis legit», esse quem escreve lê duas vezes que claramente alça o valor do que foi imortalizado pelo alfabeto. Aliás, no nosso tempo a questão está arrumada, pelo que o próprio Bibliotecário de Buenos Aires afirma, adiante, quanto aos sons dos discos e por causa do que Sartori defende e já aqui abordei: o audiovisual libertando e multiplicando os ditos com que bombardeia cada um de nós, larga mensagens para esquecer, não para a elas retornar, rememorando e pensando.
O que nos faz chegar à Sentença de Séneca sobre a impossibilidade de uma vida que permitisse ler cem livros. É certo que a plena digestão de uma só obra, ou de poucas pode ser trabalho de uma vida, ou exigir mais ainda. Mas, para estimular a agilidade mental, uma abundante biblioteca, desde que bem escolhida, pode permitir entrar pelas janelas das múltiplas referências evitando a porta fechada do que se torna mais difícil - a obcecada intenção de exaurir um volume. De resto, não foi na Antiguidade, em Alexandria, que um monumental acervo foi construído, com o primeiro depósito legal da História, que exigia a cada viajante em trânsito que entregasse os livros que transportasse, até que fossem copiados?
Por isso dou notícia, com vaidade e responsabilidade, não com vergonha: o census que ontem realizei, verificando no catálogo computorizado, deu a minha pequena livraria como contendo 23.114 exemplares.
Deus seja louvado!

Por Medida

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No intento de servir o pedido de um Amigo, o Insigne Çamorano, no caso, encontrei este Cálice do melhor Jerez, a Bela Ana Alvarez.E com a grande vantagem de trazer uma prevenção mais: de que nunca se deve usar roupa de número que não nos fique bem, como é o caso desses jeans a proscrever. Cada um deve usar o que lhe assente, para que cada gota agrade a quem prove.

A Bota e a Perdigota

Não é o fundo da questão chilena que quero agora aqui discutir, o que será tema aliciante para futuro debate. Gostava somente de exprimir a minha perplexidade por a chamada do Google para esta notícia rezar asim: «Aos 91 anos, Pinochet ensaia um Mea Culpa», quando, pelo contrário, o veterano Estadista assumiu a responsabilidade dos actos do seu interino regime como necessidade pública e contestando os julgamentos de militares neles envolvidos, com os quais se solidarizou.
Acham que é corresponde ao título que citei? É assim que se escreve em bom jornalismo?

O Poder Simbólico

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Com a «Cruz», de George Cladis, quero solidarizar-me com todos os corajosos Clérigos, Políticos e Comuns Mortais que se insurgiram; e, principalmente, com a Tenaz Perseguida Miss Eweida, a qual preferiu enfrentar uma licença sem o vencimento que lhe faria falta a remover do seu pescoço a pequena Cruz que simbolizava a Fé e que a horrenda monomania de correcção política anticristã da British Airways a quereria obrigar a tirar. A argumentação de que não haveria discriminação em permitir que, por razões práticas, muçulmanos e hindus conservassem os seus símbolos religiosos não cola, porque mesmo para quem admita que ela inexistisse na motivação, era evidente que não seria outro o resultado. A British Airways, ademais, não pode voltar a ser considerada "companhia de bandeira". A bandeira inglesa é a Cruz de São Jorge, que com as de outros grandes Santos, forma a Union Jack. A atitude que tomou só pode ter feito um passageiro potencial sentir-se mais confortável - o Diabo, que é aquele que foge do divino Sinal. E que não me consta que precise de aviões...

«Porque Hoje É Domingo

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...eu quero que o Povo note» que o inconformado misantropo lá está a dar-Vos de beber na Taberna dos ditos, esperando reconfortar-Vos perante o espectro das últimas tendências da Moda, postas a desfile pelos costureiros reunidos em Badajoz. Desejo que Vos sintais tão bem como os fregueses desta «Cena de Taberna» magnífica, de Willem Buytewech.

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Saturday, November 25, 2006

Investidas Falhadas

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Com o primeiro cheirinho de Inverno a Águia fartou-se de falhar bicadas, com o Nuno Gomes do costume, apesar de ter estado bem nas assistências. Viu-se de várias cores, após o golo, mas foi sempre superior, num dia em que o meu blogger está a dar-me problemas excessivos, fazendo falhar postagens demasiadas. Vamos ver se este entra. Amanhã é outro dia.

Novidades Vitais

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A Vida intra-uterina que é reconhecida a todos os animais que por esse meio geram, salvo, por alguns, aos humanos, quando lhes convém, continua a trazer-nos novidades de maravilha: Como a inteligência inscrita nos corpos em formação, que os adapta aos meios em que serão lançados, mas cuja aptidão embrionária indica, suspeita-se agora, uma alternatividade de ancestralidades remotas conectadas com os elementos pelos quais os primórdios das espécies terão vogado. Assim, o Golfinho em formação solta umas extremidades que lhe serviriam para viver em terra,à maneira dos módulos de foguetões lunares; e os elefantes vistos em similar momento reforçam a ideia de que os seus mais remotos avoengos evoluiriam pela água, utilizando para respirar a tromba, qual periscópio de submarino.
É a VIDA, desvelando algum do seu mistério.
A imagem é «Pensamento Fetal», de Rita Dianni.

Poças d´Água

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Constata-se que a chuvada proporcionou o aparecimento de batráquios melhorados em diversos charcos urbanos que encheu. Como deve ser, sem bikinis incompetentes, obedecendo às observações teresíanas à Jovem que precedeu: Orlaith McAllistair.

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O Partido de Pacheco

Pacheco Pereira queria um partido diferente daquele que tem. Mas, por perversões da formação intelectual interventiva e da própria legitimação da apresentação pública herdada do marxismo, acredita ou finge acreditar que a matriz identitária do PSD reside no seu programa, quando todos os observadores acentuam que o que lhe fez a força foi a característica de um grande movimento popular, sem um credo definido e delimitador estrito, apto a receber gente das mais diversas tendências. Daí a considerar um erro o apogeu daquela força, o Cavaquismo, é que implica um distanciamento da realidade só superado pelo dos anseios dos militantes, nostálgicos que se arrastam desses "tempos áureos".
Como a preocupação de moldar à medida das suas preferências não consegue conviver com o rigor, acrescenta a Cavaco dois princípios norteadores que se excluem: a influência norte-americana e a triologia «Deus, Pátria Família». É evidente que não visa esta salsada coisa diferente do que tentar afastar os mais empenhados nas lides partidárias de uma referência, colando-a a modelos que julga hoje pouco populares. Nunca vi o Prof. Cavaco embarcar em decalques do anti-maximalismo fiscal predominante nos EUA, apesar da formação universitária anglo-saxónica. E até recordo que, interrogado, deu como referencial fundador da sua doutrina o social-democrata Bernstein. Da mesma forma, nunca o Cavaquismo adoptou como máxima a Trindade salazarista, desdobrando-se o seu cabecilha em relatos de como votara Humberto Delgado, durante o Estado Novo. Nunca se meteu com Deus e com a Família, salvo a Sua; e não invocou a Pátria mais e mais fraudulentamente do que o fazem os restantes políticos do sistema. Assentou sempre num desenvolvenvimentismo de origem estatal que, como finalismo, é o mais contrário aos princípios de Salazar que se possa conceber.
O grande problema de JPP com a História da organização que integra é querer fazer dela um PS livre das manipulações da família Soares e da influência da geração que, saída das lutas académicas dos anos 1960´s, atravessou o utopismo radical-participativo dos grupúsculos à Direita do PCP nos primeiros tempos pós revolucionários. Isso e uma inconsciente animadversão contra os críticos dos «políticos palradores». Mas este último traço não pode ser-lhe levado a mal. Quem não se sente não é filho de boa gente, dizem.

Pedras Soltas

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Com a queda da chuva veio a queda das pedras. Não se vê como quer um País andar para a frente com tão grande falha na defesa do que tem. O muro estava degradado e ameaçava notada e notoriamente cair. Pois ninguém fez coisa alguma para o restaurar ou substituir, à espera de que uma enxurrada, fizesse o trabalho. Ontem, finalmente, o Tempo encontrou uma nesga livre na respectiva agenda e procedeu em conformidade. Não me importam os carros, os quais não são bens que estime e, apesar do presumível desgosto dos donos, os seguros pagam. Lamento é a árvore derrubada, que outra que lá seja posta demorará muito ano a crescer. Do alagamento do Ministério da Administração Interna, não falarei, desenvolvidamente, por não encontrar terreno para admiração: com a água que o Titular da pasta mete, salvo em período de fogos, quando ela seria mais precisa, só admira que o edifício do terreiro do Paço não tenha seguido o destino da divisória da Escola do Exército.
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Ainda uma recordação da minha recente ida à dentária médica:
Chegado o momento da destartarização, disse-me a Dr.ª: «Lá me vai pôr a partir pedra». E logo me acudiu ao espírito: "tenho uma Amiga especialista no ramo". Era Esta.
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A imagem é «Avalancha», de Rodrigo Pimentel. Pena que os pintores que nos tocam por cá sejam de um sector diferente das Artes Plásticas, ou de qualquer construção, civil ou não.

A Força da Ética

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Com «A Torre Forte» de Juan Carlos Baez, quero prestar homenagem ao Meu Amigo Mendo Ramires, que deitou mãos à tarefa de publicar imagens de umas Moças despidas de preconceitos, não sem antes, com admirável tacto, ter inquirido «se teria Leitoras». A abstenção das respostas tê-Lo-á decidido. Mas há um elemento que fura todos os cuidados - A Torre de Ramires não aceita comentários anónimos, logo a imensidão das Fans do Nosso Amigo que desejam manter a reserva não teve como pronunciar-se. Mas não Há razões para Te preocupares, Ilustre Castelão: o elevado sentido estético da Parte Feminina da nossa espécie é bem susceptível de As fazer apreciar, também, essas deslumbrantes imagens.

Friday, November 24, 2006

Para Acabar de Vez com a Sapatura

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Tenho de voltar ao tema: Não fiquei surpreendido pelo facto de estas Duas Senhoras não terem no armário calçado tão pouco refinado como seja um par de galochas. Mas soltei um «oh» do tamanho da catarata que vai caindo hoje e me deu cabo do programa para o fiim de tarde e noite quando me apercebi de que desejavam comprar protecções tão pouco condizentes com os hábitos burilados das Futuras Donas. Quis oferecer um par a Cada Uma, porém içar-me pelo pau ensebado no cimo do qual está o prémio já vai ficando acima da minha agilidade actual.
Pensei depois ofertar, para um dia diferente, estes «Sapatos de Cinderela», desenhados por Stuart Weitzman, por fazerem sonhar, como a história respectiva. Foi a minha intenção contrariada por um óbice tremendo - trata-se do mais caro adereço do género em todo o Mundo, custam dois milhões de dollars. Vós mereceis, mas tendes de arranjar amigo mais abonado que Vos compre este primor. Aqui entre nós devo dizer que não me parecem especialmente atractivos, mas como deixam ver o pezinho, como gostais...
Sigo então para o agradecimento à referência explosiva de Quem iniciou este fundamental debate na blogosfera. Querida Charlotte, a última coisa que quereria era trocar o género de um termo que já designa uma confundida realidade. Mas este verbete reafirma-o no masculino, apesar de logo se desmentir...
E com tudo isto vou parar a Filipe II de Espanha, I de Portugal, quando dizia que tinha orgulho em que no Seu Império estivessem as duas edificações que concretizavam as formas mais terríveis de amar a Deus: a suma imponência pela riqueza, no Escorial e a equivalente pelo despojamento, o Convento dos Capuchos, em Sintra. Também na idolatria dos sapatos se pode realçar estes dois exemplos extremados de confronto e afecto por eles, o da elegância desafogada que requer a sombra, o da desmunida sobrevivência que os liga aos líquidos, em zonas que deles carecem, o que força a concluir que um par de sapatos pode bem ser um símbolo da própria Vida.

Expectativa Prudente

Devo dizer que não espero, por sistema, grande coisa da política holandesa, porém é interessante seguir os sinais que dá de resistência à ameaça cultural da radicalidade islâmica. Primeiro foi a proibição das burkhas em lugares púbicos; na eleição desta semana o surgimento em força de um partido que faz da oposição firme a esse pavoroso espectro o seu cavalo de batalha, sem, aparentemente, um carácter tão efémero e traços tão pouco estimáveis como Fortuyn. A ter em atenção, para que se aquilate de ser um populismo estéril, ou, como se deseja, uma mensagem consistente.

«Leve Tudo!»

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Foi o que me disse Ali Landri. E aí percebi o otário que tinha sido em não pedir mais do que a colocação desta imagem...

Representações

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Recuso-me terminantemente a fazer de Luísa Mesquita uma heroína na revolta contra a direcção do PCP que a queria substituir no parlamento. Sou profundamente hostil ao ideal de apagamento da personalidade - salvo a do chefe, por vezes - face às conveniências da máquina partidária que sempre fascinou os Comunistas. Como actividade humana, a política não pode abstrair do valor intangível das personalidades. Mas a Senhora assinara um compromisso, segundo o qual obedeceria a ditames desse género. E menos do que tudo gosto de gente sem palavra.
Claro que os conflitos de prevalência entre lista e eleito seriam reduzidos ao mínimo se as circunscrições fossem uninominais. Aí o lugar seria do que se fizera eleger, por mérito seu, não se colocando dúvidas quanto à justiça do radical pessoalismo da sua renúncia.
Um pormenor - para os nossos marxistas a Comissão Parlamentar para a Saúde significa uma despromoção,face à Educação. Vá-se lá perceber esta prioridade! A menos que a subalternização da defesa dessa conquista de Abril que é o SNS traia uma inconsciente preocupação de que os tempos lhes venham tratar da dita...

Sábio Duplamente Patriota

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Por uma feliz coincidência, precisamente um dia depois de este Vosso servo ter adquirido os dois volumes de «OPÚSCULOS E ESPARSOS» desse extraordinário investigador que foi o Visconde de Santarém, vai a Biblioteca Nacional homenageá-Lo, com exposição e conferência evocativas, ao fim da tarde de hoje, conforme é Aqui anunciado. Trata-se de um Vulto maior da História, mormente da Ultramarina e da da Cartografia, ao ponto de o próprio Humboldt, que se lhe teria, primeiramente, oposto numa polémica, se Lhe dirigir, reconhecendo a razão do Adversário e ser ele «um sábio tão grande que obrigaria todos a inclinarem-se perante os seus argumentos». Que o era não tem dúvida. Fiel Miguelista, Ministro da Regência da Infanta Isabel Maria e, nos Estrangeiros, de D. Miguel, exilado acedeu ao convite de pôr os seus altíssimos conhecimentos ao serviço da Pátria no que transcendesse a utilidade do regime ilegítimo, correspondendo ao desafio do governo Liberal de demonstrar os direitos Históricos de Portugal na Costa Ocidental Africana que alguns panfletários estrangeiros, franceses sobretudo, contestavam.
E, júbilo dos júbilos, nos livros que comprei está contido o «MANIFESTO DE SUA MAJESTADE FIDELÍSSIMA O SENHOR D. MIGUEL...», com a explanação histórico-jurídica da Legitimidade.
É correr, Minha Gente. E acorrer.

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O Valor das Palavras

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Foi ontem insinuado, em comentário ao meu post sobre a morte de Pierre Gemayel, que a natural suspeita por mim aduzida de a autoria do atentado envolvendo árabes ter origem muçulmana seria informada por um qualquer misterioso racismo. O caso foi respondido em devida sede e não mereceria comentários de maior, se não o visse correspondendo a uma atitude cada vez mais espalhada pela sociedade ocidental e - os maus exemplos frutificam cá mais depressa do que os bons - neste cantinho dela que é Portugal: a mais caulculada do que acéfala tentativa de lançar o labéu dado como infamante sobre qualquer um que defenda pontos de vista com que se não concorde, ou que não tenha procedido prontamente como se quereria. A esperança é de que o estigma assim lançado tolha o acusado na sua determinação e o faça opor-se menos aos desejos do habilidoso que o acusa. Daí que Todos possam experimentar, se quiserem a bom querer muitas prendas no sapatinho, o truque expresso no desenho.

Sem Medo da Borrasca

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Numa semana em que tanto se tem falado de calçado, cumpre alertar todos os Leitores do misantropo para que não encharquem os pés, como terá feito, temerariamente, o Luís Graça, segundo relato na caixa de comentários ao post anterior. Não confiem nas Vossas asas para fugir da intempéride. O melhor é mesmo proteger-se, como exemplifica este cauteloso cavalheiro.

Thursday, November 23, 2006

Suplício Ritual

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O misantropo não está na melhor das disposições para blogar, em razão de haver passado um belo fim de tarde no dentista. Apesar de ter sido cuidado por femininas mãos, longe da barbárie desta ilustração de Willemsz Van der Vliet, temos de reconhecer que há muitos melhores motivos para se ficar de boca aberta. Até amanhã.

O Diabo é Vermelho

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Na sequência da conversa de ontem, Davinia Taylor dá-nos a diferença entre o apelo de femininos pés com e sem revestimento. Quererá isto dizer que no calçado estarão as condições da tentação?
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A Castração Linguística

Leio o artigo de José Morgado Fernandes sobre um atentado mais que se projecta cometer contra a língua, com o aval dos programas educativos, sentindo simpatia com o sentido do texto. Não posso, todavia, deixar passar um parágrafo de cautelosa reserva, que me surge como concessão total, na sua infelicidade, à abstracção mais prejudicial:
«É verdade que sobre a matéria grassa por aí algum conservadorismo extremo. A algumas pessoas, tirar-se-lhes o substantivo é o mesmo que ficarem sem as colónias».
Ficar sem as colónias foi mau e não deve ser alvo de relativização. Mas tirar o substantivo a um idioma é tirar-lhe a substância, a primeira razão dele, a que originou o imperativo de comunicar. Só veria um aspecto positivo para os que, segundo esta comparação, quisessem levar a cabo tão estranho desiderato: sendo pimenta um substantivo, evitar que fossem castigados cou o derrame dela na língua...

O Sangue dos Outros

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Quando um Maronita é morto por muçulmanos gostaria de ver alguma indignação dos demais Cristãos. Quando um falangista cai gostaria de ver reacções entre os admiradores de José António. Quando um membro da martirizada família Gemayel segue o Tio e outros familiares no caixão e no sacrifício gostaria de ver a compaixão de todos os que sentiram perdas. Quando o quinto opositor de proa à dominação síria no Líbano é assassinado, nos últimos dois anos, gostaria de ver a condenação por aqueles que não perderam uma para estigmatizar a eliminação selectiva de terroristas por Isrrael.
Gostaria ver de todos algo mais do que o voto estéril pedindo que os homicidas sejam encontrados. Pierre Gemayel merece-o.

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Morais & Moraes

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Este postal do Jansenista levou-me direitinho à releitura de «PAISAGENS DA CHINA E DO JAPÃO», de Wenceslau de Moraes, onde, no conto «Um Pintor de Gatos» se narra a odisseia de um jovem fisicamente fraco, posto pelos pais a estagiar para monge budista e expulso pelo clérigo com quem estudava por apenas se dedicar a retratar felinos, de tal forma que, procurando abrigo no abandonado mosteiro de uma aldeia, tido por todos como assombrado por Demónio temível, pinta uns quantos gatinhos num biombo, até adormecer. E que durante o período de descanso ouve sons de luta intensíssima, encontrando, ao despertar, uma enorme ratazana morta e, nas bocas dos bichanos que desenhara, restos de um vermelho de sangue. Era aquele o Demónio e foram os produtos da sua pintura os físicos "exorcistas". Moraes retira deste conto antigot três conclusões de moralidade: que a despensa estaria cheia de guloseimas, que os monges japoneses seriam de sobriedade exemplar para todos os estrangeiros, cujas reservas alimentares não dariam para sobredesenvolver um roedor àquele ponto, bem como a existência de uma superioridade da criatividade dos artistas plásticos do Japão. Por último, «que às vezes as nossas qualidades, de que os outros se riem e escarnecem, são as que mais nos valem neste mundo».
Poderia eu tirar mais uma, a de que só no período reservado ao sonho pode o nosso labor derrotar rápida e decisivamente, sem dores ou penas, os piores inimigos que nos ameaçam. Mas prefiro ir por outro caminho: no conto o Grande Exilado no Oriente dá-nos a surpreendente informação de que os gatos japoneses não têm rabo, coisa quase certificada pela imagem que se reproduz. Pensando na máxima vimaranense que nos é dada por Alberto V. Braga em «TRADIÇÕES E USANÇAS POPULARES», segundo a qual «da cauda do gato fez Deus a mulher», teríamos explicação para o sumiço da parte mais à rectaguarda da adoráveis mascotes. E fico cismando nesta imprevista relação entre os dois Mais Belos Animais do Mundo e se Todas as Femininas Constatações que salvam o nosso dia a dia teriam a respectiva origem no País do Sol Nascente. Romântica e sedutora perspectiva que explicaria muito do facto de a cintilante Beleza Delas nos deixar com os olhos em bico...

Wednesday, November 22, 2006

Post Scriptum

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O que faltou dizer está neste livrinho, que não trará novidades de maior, mas possui alto valor documental, pelo que aconselho. Se me for permitido um paralelo atrevido, diria, Querida Charlotte, que o ponto 4) deste postal sapatomaníaco encerra uma moralidade coincidente com a que se pode tirar de «A VÉNUS DAS PELES», de Sacher-Masoch: uma Mulher não consegue amar por muito tempo aquele que calca todos os dias.

Quanto a esta segunda figura, não sei qual a ilação a retirar dela, a de que nem só de saltos altos ou sabrinas vive o Feminino, ou se que não é exclusivo dos Jansenistas o amor pelo calçado desportivo. Talvez ambas? Mas reparem na grande diferença: a paixão é tão grande que está fora de questão usá-los pela rua. E já agora na smelhança entre os afectos explosivamente teleguiado e kantianamente defendido: Enquanto Uma dá preferência aos saltos dos sapatos, o Outro delicia-se com os saltos com os sapatos. É assim tão diferente?
 
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