O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Friday, September 30, 2005

Feliz Áustria

OBRIGADO!

E, com Vossa licença, saio, para a jantarada de
Sexta-Feira.

Imaterialidades=Falsidades

Rafael Castela Santos, que neste poiso desfruta de admiração
incondicional, publica hoje, nesse farol blogosférico que é A casa
de Sarto, um post que é um pequeno tratado, sobre a heresia
gnóstica. As seitas e os homens que se filiaram nesta linha
partilharam todas, com mais ou menos clareza, a arrogância de
ter os seus seguidores como os detentores exclusivos de uma
verdade escondida longe do alcance da doutrinação exotérica
e universal. Um traço presente em muitas delas é a hostilidade
absoluta e demencial à matéria, rejeitando o ensinamento Católico
que lhe dá relevo pela Encarnação, pela Ressurreição final e pela
dádiva conjugal dos corpos. Tudo isso é desprezado por muitos
destes sectários que imaginam um Deus supremo sem concreção, a
que opõem um subversor Demiurgo, responsável pela criação do
mundo terreno, em oposição à pretensa natureza divina. Aproxima
o Rafael os protestantismos da Gnose. E com razão, pois muitos deles
esforçaram-se por reduzir o Culto Divino na sua vertente entre os
homens, erradicando a veneração a Maria, priviligiando os aspectos
mais difusos da Manifestação Divina, ocultando, pelo puritanismo, a
vida conjugal . E mais, considera-lhe hipóteses de continuação, um
domínio por onde me não ouso aventurar. Um must! Não percam.

Elogio da Astronomia

.

Passei hoje pela exposição de fotografia de Douglas Kirkland, presente na Sociedade Nacional de Belas Artes, até 7 de Outubro. Quem queira ver estrelas com profusão, sem para isso levar uma sova, que vá lá, é coisa bem digna de ser vista. Encontrará três fotografias da série com Monroe que é o cartão de visita do Autor, bem como a famosa de Kim Basinger, uma meia Bardot ultra-sensual, uma Angelina Jolie loura e uma Drew Barrymore mais viva que o habitual, entre outras. Nicholson com a loucura paroxística no olhar, Connery poseur do seu personagem na vida... Esta não me lembro de ter visto lá. Mas define tudo.

À Mon Plaisir

Para além das coisas sérias, as qualidades intelectuais e as de
carácter, costumo definir, arbitrariamente, três virtudes
que gosto de ver num Conhecimento: ser do Benfica, prezar os
gatos, gostar de queijo. Ao ponto de desconfiar de que dificilmente
alguém poderá ser boa pessoa se não possuir pelo menos uma
destas características. Do Benfica, venho falando. Aos gatos
ainda tornarei. Hoje vou falar-vos de queijo.
A maravilha que o queijo é ultrapassa tudo o que possa ser
descrito. Antes da descoberta da penicilina, o queijo bolorento
era medicina para muita doença. E reza a história que com bons
resultados.
Os Yoruba rendiam culto religioso ao queijo por via de um dos
seus mitos maiores: estando um antílope à beira do lago e surgindo
uma hiena esfomeada disposta a atacá-lo, ele teria apontado para a
imagem da Lua reflectida na água e perguntado por que é que ela,
com tanta fome, não preferia comer aquele queijo que ali boiava.
Imagina-se o seguimento...
Salvador Dali adorava, como eu, a pintura de Mantegna, e, a propósito,
dizia que os Corpos do Cristo Morto que ele pintou lhe lembravam um
imenso queijo. Nunca compreendi totalmente a apreciação e, tratando-
-se de quem era, devemos ser prudentes ao procurar uma explicação.
Mas julgo que seria baseada numa aproximação da cor esverdeada ao
bolor do queijo, bem como das Chagas aos buracos do mesmo.
Mas Dali também sabia que a comparação de Cristo e do queijo tinha
uma ancestralidade remota em Santo Agostinho, quando, nas
«Confissões», fala, a respeito, nos «Coágulos de Leite», que, em traduções
famosas, foram dados como Queijo.
E uma seita herética houve, a dos Tartotiritas, que dava a Comunhão em
três espécies - pão, vinho e queijo.
Mas não se pense que a laicidade está isenta do culto desse magno
lacticíneo. O «Mammoth Cheese» é, ainda hoje, um elemento simbólico da
Liberdade de Religião, porque, em consequência da legislação assinada
por Thomas Jefferson que livrou a corporação dos queijeiros do Estado do
Massachussetts, quase todos dissenters, da tirania eclesial calvinista das
autoridades locais, os beneficiados lhe ofertaram um queijo gigantesco.
Como se vê, se todos os caminhos vão dar a Deus, muitos vão parar ao
queijo.
Com a devida vénia ao Duarte Branquinho, que dele não gosta. Mas que é
um Senhor Benfiquista.

O Inventor


É mais conhecido como o Patrono da Apicultura, mas os Gregos Antigos davam Aristeu, o filho de Apolo e de Cirene, como o descobridor do queijo.

Dois Num

Um imigrante queniano nos EUA recebeu a cidadania
americana, da qual andava atrás havia 16 anos, no
preciso dia em que lhe foi entregue o cheque do 1º
prémio da lotaria que ganhara. Para muitos será uma
coincidência feliz. Para os mais desconfiados é que
não haverá meio de conciliar o acaso com a história,
verão sempre a Sorte Grande como o critério que terá
decidido ou apressado a concessão do estatuto de cidadão.
norte-americano. Para eles, o materialismo daquelas bandas
não terá perdido o ensejo de contar com mais um milionário
nas suas fileiras.

Em Política Apanhar Compensa

Tem ganho contornos verdadeiramente surrealistas o rescaldo
da arruaça que rodeou a campanha do Dr. Rio em alguns bairros
do Porto. Que ser vítima dá votos é velho como o Mundo. Reagan
tinha a popularidade pelas ruas da amargura quando sofreu o
atentado que lhe meteu uma bala à beira do pulmão. Sem gravidade
comparável, uma eleição presidencial portuguesa mudou o seu
desfecho previsível, a partir de uma chapada, na Marinha Grande.
Não admira, portanto, que o objecto de apupos e recepções
acaloradas tente aumentar a amplitude das invectivas e dar-se
aos olhos públicos como vítima de uma ignóbil agressão. Tendo
os autores cores do partido adverso, percebe-se que as impute
à campanha daquele. E compreende-se a reacção do Dr. Assis, se,
como creio, não ordenou ou consentiu nesses tristes actos. Mas
não se percebe a queixa ao DIAP, pois, que eu tenha visto, o
seu concorrente não o acusou da autoria, cumplicidade ou participação
nessas ondas, apenas adeptos seus. E brada aos Céus a peregrina
ideia de dizer que a responsabilidade era do Presidente da Câmara,
ao visitar bairros com maiorias que dele não gostam. Perder a noção
da culpabilidade era algo que não esperava dele. Imagine-se se viessem
dizer que os incidentes de que foi alvo, há tempos, em Felgueiras, se
teriam ficado a dever à sua decisão de visitar o local?

O Brilho e as Asas


Toda a luminosidade da coincidência ilustrativa que nos proporciona o apelido do Escultor, Frederick Hart, como o título desta visão sublime - «Winged Vision» em inglês, não lhe faltando sequer as asas que também libertaram o coração do Autor, por intermédio das mãos que fizeram a Obra.

Leitura Matinal -134

É difícil ao pobre homem, com a sua dose de sonho e
fantasia, resistir à fascinação do brilho que julga
distinguir nos variados iscos do que é longínquo, e
à aspiração de partir à aventura da descoberta do
que, à primeira vista, surge como o poder de sedução
presente em todas as formas do exótico que imaginar
se possa.
Muitas vezes revela-se o luzidio e enganador aspecto
do falso ouro que levava os garimpeiros à loucura. Mas
mesmo nos de autenticidade certificada pelo contacto,
a agitação, por vezes a devastação interiores que a
busca incessante provoca constituirão sempre um deficit,
o da falha absoluta do maior dos tesouros. Quer dizer, o
conchego, o carinho, a paz onde a patética ambição não
quis ficar encerrada.
Vendo a tempo o filme, Philip Larkin escreveu:

IF HANDS COULD FREE YOU, HEART

If hands could free you, heart,
Where would you fly?
Far, beyond every part
Of earth this running sky
Makes desolate? Would you cross
City and hill and sea,
If hands could set you free?

I would not lift the latch;
For I could run
Through fields, pit-valleys, catch
All beauty under the sun -
Still end in loss:
I should find no bent arm, no bed
To rest my head.

Travão das Mãos


Este belo quadro, não titulado pelo Autor, foi pintado pelo nosso colega de blogosfera JMTeles da Silva, que comemora hoje o seu aniversário. Estou certo de que os Leitores se sentirão muito felizes em juntarem as Suas a esta pobre voz no sentido de Lhe desejar muitos e bons.

Thursday, September 29, 2005

Ambivalência de uma Razão

Perguntam-se alguns dos meus Caros Leitores por que
razão dou tanto espaço nesta folheca ao que nos Estados
Unidos se passa. Salta à vista a resposta. É lá que está o
poder político que se esforça por reger o mundo inteiro e
de lá vêm muitas das modas que nos circunscreverão à
nossa impotente irredutibilidade, ou nos integrarão nas
marés de autómatos que já por aí pululam.
E, posto este introito justificativo, passo a realçar um aspecto
ainda não escalpelizado pelos blogues que tenho lido. Foi, há
pouco, confirmado pelo Senado, com 78 votos a favor e 22 contra, o
nome de John Roberts para Presidente do Supremo Tribunal, o que
quer dizer que este já poderá funcionar em pleno, pois a Justice
O´Connor, que anunciou a reforma, aceitou permanrcer em
funções até que um sucessor possa iniciar o seu trabalho. Obteve
o novo Chief Justice todos os votos Republicanos, o do independente
Jeffords e os de metade dos Democratas. Mas o que mais interessará
é a explicação encontrada pela imprensa americana para o voto contra
de vários senadores Democratas tidos como moderados. Dão-na, nos
casos de Biden, Bayh, entre outros, como motivada pela aspiração a
agradar ao eleitorado mais radical das "primárias" do seu partido, nas
eleições presidenciais de 2008.
Tudo bem. Mas no caso de outros, como o Senador Feingold, conhecido
pela sua independência de espírito, que votou favoravelmente, dizem
ter-se o sentido do seu sufrágio ficado a dever à vontade de mostrar a
sua imparcialidade, para cativar o eleitorado, etc. e tal. Isto é, a mesma
razão para explicar votos opostos.
Lá, como cá, a imprensa pode dar a conhecer os eventos, mas explica
muito pouco!

Monstro por Monstro, Antes Este


Posted by Picasa
Não é aquele de que António Ferreira falava no poema hoje publicado, mas um cavalheiro de muito maior utilidade: Baku, o monstro que devora pesadelos. Espero que se alimente bem deste sonho mau que foi a minha incapacidade de colocar imagens, na parte do dia que antecedeu este feliz momento.

Imagem Bárbara, a Quanto Obrigas!

Assim como increpei o Prof. Carrilho por exibir
um bebé com a Mãe a perguntar~lhe se «iria votar no
Papá», não posso agora articular uma sílaba sequer
contra o facto de Bárbara Guimarães ter multiplicado
as presenças em campanha autárquica, junto do Marido.
Cada um joga os trunfos que tem e ao ex-ministro da
Cultura é capaz de só restar esse. Para além do que
a Senhora tem idade e, presume-se, cabeça para optar
e dar a conhecer as opções, contrariamente ao que
se passa com uma criancinha de tenra idade. Além de
ser uma maneira de adormecer alguns dos anti-corpos
que o seu distinto Esposo desperta, desgastando-me menos.
Este ponto das manchetes, com a preocupação causada
no PSD, adicionado à demissão do presidente da AACC
por discordar das reuniões que o governo promoveu,
«para estabelecer um ambiente de compreensão» na
véspera das decisões na concessão de canais televisivos,
reforçam a percepção de que os políticos, em regimes de
eleições - ou, pelo menos, aqueles que temos -, vivem
obcecados pela adjectividade, pelo grau de agrado que
a sua imagem possa despertar e pelas formas de a melhorarem,
com a difusão de notícias benévolas por comunicação social
amiga. A governação substantiva é relegada para segundo
plano. E com tanto esforço e tempo gastos na adjectividade,
não admira que saia o que sai.

Arte de Negociar

Tem-se o talento de regatear como domínio dos actos
necessários para se chegar a um acordo. Considerando
o específico caso da entrada da Turquia na União Europeia,
cuja abertura oficial de negociações está a cinco dias
do início oficial, reafirmando o que já aqui tenho dito,
deve a arte de negociar traduzir-se no esforço por se
atingir um desacordo
. Sempre acreditei que, mais do que
o respeito pela integralidade territorial de um estado-
-membro, a insistência da "Europa" no reconhecimento de
Chipre, no seu todo, era a salvaguarda que permitiria
acalentar esperanças de vedar o caminho aos turcos.
E a minha suspeita reforçou-se com a nova condição
imposta pelos deputados europeus: ver admitido o massacre
arménio por Ankara e por ela expresso o arrependimento.
Se perante esta escalada inesperada das condições, ainda
assim, houver cedência, sugiro desde já que se coloque uma
terceira condição: a criação de um estado curdo, às custas
de território turco.

Todo o Cuidado é Pouco

Que o mau gosto devia dar cadeia a todos já
ocorreu. Mas que realmente a dê é que já sai
da normalidade. Foi um britânico de 23 anos
condenado a 60 dias de prisão por ter descarregado
a partir da net, para o telemóvel as imagens da
decapitação de um ocidental no Iraque e as ter
mostrado a uma colega de trabalho. Ela queixou-se
e conseguiram arranjar um tipo criminal onde a
conduta do sádico encaixasse: distúrbio da paz.
Nós somos um país de brandos costumes e de gelatinosas
leis punitivas. Mas como, mais coisa, menos coisa, o
que lá fora se faz acaba por cá chegar, há que ter
muito cuidadinho com as figuras que nos blogues publicamos.
Cá por mim, no instante em que estou outra vez com
problemas em colocar imagens, já nem me consumo. Vejo a
limitação como o melhor meio de não ir parar à choça!

Leitura Matinal -133

Sabe o mais informado, pressente-o o mais ignaro:
um dos melhores meios de conseguir a cumplicidade
de um comum mortal é dizer mal de um terceiro. O seu
interlocutor, mesmo quando lhe repugne a detracção de
outrem sente, muitas vezes, a lisonja da partilha de
um juízo negativo que o exclui, pensa, de apanhar pela
mesma medida. Estas medíocres cumplicidades são, em
estado embrionário, o mesmíssimo truque a que qualquer
cabecilha clubista ou partidário recorre para pôr as
massas cegas pelo ódio atrás de si - citar o nome do
rival, apresentando-se como o único que, eficazmente,
será capaz de combatê-lo. O homem vulgar precisa de
um alvo e de um camarada para não se sentir só, pois
o que nos grandes é naturalidade e alívio, nos pigmeus
morais é o desespero de apenas lobrigarem o ínfimo, quer
dizer, a imagem que vêem reflectida no espelho.
Indignando-se com a prosperidade do maldizente, já um dos
nossos clássicos, António Ferreira, escrevia:

CONTRA O MALDIZENTE

Tu que com a língua feres, monstro és,
não animal. C´os dentes fere o cão,
co´a ponta o cervo: tu cervo não és.
O lião co´as unhas: tu não és lião.
E se lião, ou cão, ou cervo és:
se lião, vai-te onde os liões estão,
se cão, o mesmo lião te despedace,
se cervo, o mesmo cão te corra e cace.

Meio Caminho Andado

.

O terreno fértil da maledicência: «Tagarelice», de Thomas Dewing.

Wednesday, September 28, 2005

O Martelo ou a Bigorna?

.

Tom DeLay, o leader da maioria Republicana na Câmara
dos Representantes dos EUA foi indiciado por violação
da lei texana, acusado de conspiração num esquema de
financiamento de campanha que terá visado e conseguido
diminuir o poder dos Democratas naquele estado. Não se
tratava de um congressista qualquer. Era tido como o mais
poderoso político de Washington, depois do Presidente,
bem como a chefia efectiva do Partido na legislatura,
desde que Newt Gingrich abandonara. Isto desde os seus
tempos de whip - formalmente a 3ª figura -, passando
por cima do então leader, Armey, bem como do speaker,
que ainda hoje é Hastert.
Como consequência, até haver decisão judicial, abandonou
a posição que ocupava. Este homem, que na vida privada
tinha a profissão de exterminador, não poderia ser
presidente, por ter nascido na Venezuela, onde o pai tivera
um negócio. Os seus próprios seguidores temiam-no. E, face
à torrente de infortúnios que sobre ele se abateu, será de
perguntar se a sua alcunha, o Martelo, não deverá ser agora
modificada para a Bigorna...

A Cor do Diabo



Qual será a cor do Diabo? Para nós, ocidentais, foi, tradicionalmente, a junção do vermelho com o negro. Mas no mundo muçulmano a cor que lhe é atribuída vai mais para o azul, tida pela cor dos «Francos», uns diabretes auxiliares. Com a subtileza paquidérmica habitual, as forças norte-americanas no Iraque encarregaram os seus homens na região do desenho de uma nova bandeira para o país. Tiveram a ideia genial de colocar duas faixas transversais azuis, símbolos do Tigre e do Eufrates, rodeando o amarelado que representa os curdos, conforme se pode ver, à esquerda. Muito similares às da bandeira de Israel, o Arqui-Satan. Tanto que Chalabi foi logo acusado da cumplicidade ilustrada pela imagem da direita. Chalabi caiu, houve eleições e nunca mais ouvi falar dessa brilhante criação. Suspeito que tenha, diabolicamente, sido atirada para o caixote do lixo. Já repararam que quase não há bandeiras com azul no Mundo do Islão? Para além do verde sagrado, predominam o vemelho, o branco e o preto.

A Não-Discriminação Debilitante

Como sintomas indesmentíveis do relativismo moral
que assola a sociedade em que nos mexemos, julgando
nela viver, vieram até nós, mansamente, duas notícias
reveladoras. Na Holanda, as autoridades fiscais aceitaram
a dedução por uma sua súbdita, dos custos de um curso de
bruxaria que terá frequentado. Da Colômbia, somos informados
de que se desenrolou numa prisão de mulheres um concurso de
beleza em que participaram as reclusas.
Querem, combinados, os dois casos dizer que as máquinas dos
estados deixaram de formular juízos negativos sobre condutas
tidas como ameaças às sociedades que, no papel, estão fadadas
para defender. A bruxaria já não é o pacto com o Diabo que vem
ameaçar a comunidade cristã, porque, não sendo já relevante
esta, se espalha uma recusa em acreditar num qualquer pacto
com o Supremo Mal, dado por extinto. E o crime deixou, da
mesmíssima maneira, de ser considerado uma agressão maldosa,
para ser encarado como uma doença, decorrendo a sua punição
com divertimentos semelhantes aos da vida exterior, tal qual
os esforços para animar os pacientes nos hospitais.
A explicação para esta incontida alteração de respostas é
fácil de diagnosticar. Não se quer aceitar que haja, sem
atenuações, comportamentos absolutamente anti-sociais, pois
pretende-se alimentar a ilusão de ser o modelo vigente uma
etapa tão avançada no progresso humano que ninguém a pode
execrar. As práticas que o afrontam passam, por conseguinte,
a ser excentricidades ou patologias dignas de compreensão.
Umas porque tidas por inócuas, as outras, por uma inversão
lógica, fomentando a necessidade de reparação aos agressores,
dados como sendo os inicialmente agredidos.
Eu não acredito na eficácia da bruxaria. Mas tenho por certo
que muita gente nela acredita e que, em consequência, ministra
produtos tóxicos como filtros de amor, lança pragas e outras
perseguições verbais susceptíveis de abalar muita gente mais
frágil e, no extremo, pode chegar a sacrifícios de animais ou de
humanos. Tudo o que se poderia evitar com proibições eficazes,
enquadradas pela reprovação moral correspondente.
Da mesma forma, acredito que a comportamentos criminalmente
proscritos deve corresponder uma sanção que faça lembrar aos
castigados a razão pela qual ali estão; e não levá-los a crer
que passam poe umas férias involuntárias. Que lhes ensinem uma
profissão que, paga a dívida, lhes facilite a reinserção, muito
certo. Que se lhes permita o desporto e algum convívio aptos
a não lhes tornar cruelmente insuportável a punição, não me
parece mal. Mas permititir-lhes acreditar que também naquele
meio há beleza, como lá fora, e que ali podem satisfazer os
sonhos competitivos de uma vida livre, é, quanto a mim, ideia
nefasta.
E antes que alguém se lembre de me atirar que defendo uma nova
e obsessiva caça às bruxas, quero deixar bem claro que nada
disso advogo. Quero é evitar uma grande caldeirada, a pior de
entre elas: a misturada moral.

A Festa do Dia


Afogado na letargia de uma tarde parca de notícias, restou-me atentar nos aniversários que hoje se comemoram. E um há que merece relevo o de Gwyneth Paltrow.
Que conte muitos e bons, para bem dela e nosso.

Radicalismos

O Presidente Sampaio, coberto de boas intenções nesta
arena romana, lá veio com os paninhos quentes do costume,
que me impedem de com ele antipatizar, mesmo quando lhes
vejo as consequências desastrosas imediatas, pedindo a
governo e contestatários de associações profissionais que
não haja radicalismos. Acontece que o País começa a fartar-
-se das mensagens consensuais, no momento imageticamente
exemplar em que o absurdo e a morte andaram de mãos dadas
no triste episódio do Autarca assassinado por umas pedras
em Vila Franca de Naves. A reacção dos conterrâneos ia, por
completo, no sentido de duvidar de que o assassino venha a ser
punido. Por isso e tudo o mais que se vem sucedendo desde
o verão, fogos postos, arrastões, & Cª, tenho de avisar S. Ex.ª
de que o que falta é, justamente, algum radicalismo na forma
de reagir dos poderes públicos.
Ou não se admire se os seus concidadãos vierem a enveredar pelo
mais radical dos remédios - a contestação generalizada ao regime
que assim julga defender.

Quem com Ferros Mata...



Colhe-se uma certa satisfação de ver a tristemente célebre soldado Lynndie England de algemas nos pulsos. Não por qualquer imersão nos abismos eróticos do universo do bondage, mas por aplacar um pouco a repugnância que causou a difusão das imagens das humilhações por ela infligidas a prisioneiros muitas vezes manietados. O tribunal militar que a julgou condenou-a a três anos atrás das grades, pena intermédia entre os 5-6 pedidos pela acusação e a pura e simples ausência de punição prisional que queria a defesa. Esta argumentou que a conduta da condenada tivera como razão o amor. Não, caro Leitor, não falava de jogos com um eventual masoquismo dos prisioneiros que tinha entre mãos, tratava-se era de agradar ao namorado, outro envolvido, que a gostava de ver naquelas posturas.
Boa parte da América desaprovou, não porque a revoltasse ver humilhar prisioneiros muito para lá do que seja concebível como imposição de condições duras, mas porque não tolera quebras de disciplina dos seus militares. Nessa onda, sem culpas no cartório, salvo as das responsabilidades da chefia, a brigadier-general que superintendia as prisões onde eram depositados os indivíduos aprisionados no Iraque, uma veterana da Guerra do Golfo onde fora torturada e sexualmente molestada pelos sicários de Sadam, foi também punida, disciplinarmente muito embora, fora de qualquer relevãncia criminal. Tudo está bem quando acaba bem? Vão perguntar à sentenciada e aos rapazinhos com quem ela brincou.

Desligar


«Ociosidade», de Edward Wadsworth.

Leitura Matinal -132

A vida interior, quando genuinamente tempestuosa
por choques entre a libertação e a servidão de si
pode ser o treino perfeito ou o vício insuperável.
É sempre isolamento.
Consoante as devastações enraizadas estimulem ou
toldem a sensibilidade, acabaremos por, sem companhia,
vermos para além da generalidade, ou imaginarmos à
revelia dela. E daí se gera uma omnipresente ocupação
destruidora de qualquer tédio do homem sozinho, por muito
que à vida social sejam erguidos obstáculos; a firmeza
inquebrantável que, não sendo vaidade, porque a milhas da
busca do reconhecimento, constitui o mais admirável dos
orgulhos, como inconsciente que é. Sem contemporizar.
De Rosalia de Castro, traduzida por José Carlos
Gonzalez:

JULGAVAM QUE VIVIA OCIOSO
nas suas estreitas prisões,
mas nunca assim pôde estar
quem, firme e vigilante,
em guerra desesperada,
contra si mesmo combate.

Julgavam que estava só,
mas nunca só se encontrou
o forjador de fantasmas
que sempre vê no que é real
o que é falso, e nas visões
a imagem da verdade.

Vidências e Olhares


«Verdade», de Luc Olivier Merson

Tuesday, September 27, 2005

O Holandês Voador

Voador, sim, porque anda nas nuvens. Creio que
ninguém me contestará um dos mais inalienáveis
direitos do homem português: o de ser treinador
de bancada. E assim, subscrevendo tudo o que o
catedrático da bola Gabriel Alves disse de Koemam,
a propósito da substituição para o pontito, tenho
de marcar uma clivagem, quando se trata de analisar
a produção de Beto. Se é certo que na construção de
jogo esteve mal, ajudou bastante na travagem dos
ingleses longe da área. E não tem culpa de que um
lunático do País das Túlipas o retire do centro do
terreno, onde sempre jogou, para o colocar como ala
direito, para o que não tem ritmo, pés, nem capacidade
de explosão ou vocação para centrar.
E assim se perde um jogo tão mal perdidinho.
Aaaaargh! E arre!

Insensatez

O Dr. Marques Mendes anunciou, alto e bom som,
a sua discordância com o corte do investimento
público, estimado em 30%, que atrasará, diz, o
desenvolvimento do Interior. Até tenho simpatia
pela posição, mas, qualquer que seja a opinião
que se tenha sobre o assunto, pode-se duvidar da
credibilidade da crítica, porque vinda dois escassos
dias depois da investida da sua ex-colega de governo
Ferreira Leite contra o modelo de crescimento baseado
no dito investimento.
São coisas dessas que vão moendo até matar.

"Luto"





Demi Moore casou e não foi comigo. Como odiaria que dissessem de mim o que eu disse de Netanyahu, endereço os votos de felicidade à ex de Bruce Willis e os parabéns ao felizardo que a agadanhou.
E agora vou roer um pouco mais as unhas.

Bem podes pedir perdão, Demmy!

Sensatez

Pode ter perdido o pio por causa de uma avaria
no sistema de som, mas os militantes do Likud
julgaram pias as suas intenções. Sharon venceu
Netanyahu, com margem apreciável, na competição
pela liderança do partido do governo em Israel,
o que alimenta um pouquinho mais a luz acesa ao
fundo do túnel que se pensa levar à paz. O vencido
é que fez questão de mostrar a má peça que é e, não
se contentando com o reconhecimento do impressivo
resultado que havia admitido no início das declarações,
teve de acrescentar que muitos votos do adversário
se tinham ficado a dever a imposições e prebendas.
Mesmo que seja verdade é puro mau perder.

No Iraque, as forças norte-americanas mataram o número
dois de Zarkawi e comandante, de facto, dos oponentes
armados. Interessante será ver em que medida a guerrilha
estará suficientemente descentralizada para resistir a
esta perda.

Por ambos os factos está o Nelson de parabéns.

Jornalismo Proveitoso


Mas há sempre quem consiga conferir utilidade a um jornal, no seu todo...

Leitura Matinal -131

Qualquer ponto de vista publicado pode, certamente,
resvalar para a toleima de inculcar no seu progenitor
a noção lisonjeadora de ser um maitre à penser. Não se
poderá levar a mal que a fragilidade de cada qual viva
de estímulos tão comezinhos. O que interessa, para além
da pura qualidade de apresentação das suas vistas, é que
tenha realmente uma opinião estruturada e sincera sobre o
tema. O que não acontece muitas vezes nos jornais do sistema,
de qualquer sistema, em que a promoção ao estrelato de um
analista origina, da parte deste, o ecoar das mais difundidas
banalidades, sob a capa de umas credenciais assentes numa
incerta mas presumível sagacidade especial.
É o comentarismo de bater o ponto, a rotineira emissão de
lugares-comuns, por nada se ter a dizer que extravase das
intenções geralmente espalhadas, que, por tão repetidas, se
elevam ao estatuto de "verdades incontestáveis". Donde, a função
do analista passa a ser corroborá-las, para dar o lustro dos
aplausos fáceis à sua já massajada auto-satisfação, sem com nada
de próprio contribuir para a seriedade dos debates.
Claro que na própria apresentação de uma notícia se pode deformar
os factos, para moldar as opiniões. Mas esse é um momento anterior.
A repetitividade analítica sem conteúdo original vem depois e faz dos
seus expoentes os coristas dos media.
Na Universidade, ensinou-me um Velho Professor que «não devemos ter
demasiado medo do lugar-comum, porque esse é, afinal, aquele em que
todos nos encontramos». Mas é-o quando emergente da experiência
colectiva, não o bebido das linhas editoriais de jornais que se confundem,
fermentados por pilhas de pareceres sem arte, orientados para as
facilidades da aderência ao que mais se ouve, para exclusivo
engrandecimento do ego dos seus emissores.
Nota escrevi propositadamente «aderência».
De Fernando Assis Pacheco:

SONETO CONTRA AS PESPORRÊNCIAS

É favor não pedirem a esta poesia
que faça o jeito às alegadas tendências
do tempo nem às vãs experiências
que sempre a deixaram de mão fria

o que iria bem mas mesmo bem seria
num jornal a coluna das ocorrências
as coisas da vida mais que as pesporrências
editoriais do comentador do dia

o que vai mal com ela são as petulâncias
de que se vestem muitas redundâncias
dando-se públicos ares de sabedoria

que o leitor farto das arrogãncias
magistrais troca por outras instâncias
onde pode mandá-las pra casa da tia

Nova Escravidão?


«Leitores de um Jornal, em Nápoles», de Orest Kiprensky.

Pode Ser que Não!


Meu Caro Rebatet, tenhamos esperança. Veja a disposição deste Amigo para logo à noite...

Monday, September 26, 2005

Coincidências

No momento em que se festeja o prémio internacional que
distinguiu uma fotografia de Eduardo Gageiro fiquei sem
poder colocar imagens, durante quase todo o dia.
Na altura em que o meu sentimento anti-máquina vem,
como reacção, ao de cima, surge a perturbadora notícia de
que robots irão começar a ser utilisados, para substituir
cães e homens no patrulhamento fronteiriço entre as duas
Coreias.
No dia em que surgiu, no marcador respectivo, a bandeirinha
da Polónia, os resultados das eleições de ontem indicam o que,
naquele País, vem acontecendo de quatro em quatro anos: o
quase desaparecimento dos partidos governamentais e a subida
ao poder de oposições que acabarão por ter o mesmo destino.
Desaparecimento por desaparecimento, restauradas as imagens,
foram-se os links e os marcadores. Que forças estranhas gravitam
à nossa volta? Não creio que todas as coincidências sejam significativas
e... no entanto...
Uma noite inteira para pensar e, quem sabe, tomar decisões.
Até amanhã.

Adenda: injecto este texto melancólico e, num passe de mágica,
ressuscitam as tabelas que se tinham evaporado. Vou para os meus
livros. Neles não há deste sobrenatural informático!

Mais Sóbria do que a Choradeira do Poema


... mas a mesma coisa. De Marc-Gabriel-Charles Gleyer, «Entardecer ou As Ilusões Perdidas». Posted by Picasa

Por Terra


A imagem que não entrou: «Folhas de Outono», de John Everett Millais. Para sublinhar o carácter outonal de que o Manuel Azinhal tão bem se apercebeu.Posted by Picasa

Sentimentos Fingidos

Toda a gente pasma com a brevidade de tempo durante
a qual o Prof. Carrilho se sentiu ofendido com as
interpelações do Prof. Carmona. Não há razão para
o espanto. No Antigo Regime a honra era coisa séria
que podia terminar em encontros de vida ou de morte.
Noutros meios, que não usavam as armas, levava a cortes
pessoais e familiares verdadeiros. Com o liberalismo
tudo isso foi sendo diluído. Só passou a interessar o
espectáculo. Vieram os duelos em que, sendo proibida a
morte do adbversário, a interdição era acatada. Passou-
-se a seguir ao termo ao primeiro sangue, normalmente um
arranhão. Já era de desconfiar que uma honra lavável em
tão escasso líquido fosse de tamanho diminuto. Seguiu-se
a publicação de declarações, em que, depois de invectivas
inenarráveis, o Autor vinha garantir não ter tido intenção
de ofender. E desembocámos agora nas recusas da mão que
duram cinco dias.
Quem não se sente não é filho de boa gente. Mas quem se
sente durante tão pouco não merece a gente de quem é filho.

Imaginação Fértil

Tem vindo a ser repetido à exaustão um pretenso conceito, que
não o é realmente, pois, tal como na multiplicação e na divisão
aritméticas, sendo o nada um dos factores operativos, é, por
força, igualmente, o resultado. Falo da famigerada «ética
republicana», que, segundo as figuras públicas que a empregam,
estaria a ser violada pelos conhecidos casos de arguidos que
se candidatam a autarcas. Ética republicana? Quem já viu o
bicho que se chegue à frente. Acredito que o republicanismo,
aqui, venha no sentido parakantiano de partidocracia, pois não
vejo todos os seus vocais defensores como partidários de um
Cinco de Outubro de 1910. Ontem, no seu tempo de antena, o
Prof. Marcelo ainda tornou a coisa mais suave e vaga, referindo
a «moral republicana», ou seja, pensa-se, um sistema de valores
que pudesse sustentar, genericamente, a elaboração de um conjunto
de preceitos precisos que, veremos, de todo inexiste.
Realmente, que injunções podemos captar como traço específico
num sistema de eleições? A solitária diferença que distingue
os comportamentos iniciais esperados nos homens públicos desse regime
dos de uma monarquia tradicional, cinge-se ao empenho nos prospectivos
políticos de procurarem exercer o poder, em lugar de aguardarem
pacatamente por escolha superior. Não está em causa o bom
ou mau receituário que pretendam aplicar. O que está em jogo
é a motivação a que obedecem. E essa, porque implicando um juízo
favorável em causa própria e estimulando um aspecto concorrencial
no provimento de cargos públicos, é o contrário da obediência a
uma regra estrita por respeito ao outro. Claro que nem todos
saltam da erva para as drogas pesadas. Muitos dos que se submetem
a estas jogatanas eleiçoeiras nunca abusarão do seu estatuto, ao
ponto de usá-las para retardar ou escapar a punições. Mas, como
pano de fundo de satisfação de aspirações que abstraem de outrem,
o germen está lá: a ética republicana é a que não existe.

Leitura Matinal -130 (segunda via)

O meu preferido de entre os «Sete Sábios da Grécia»,
Quílon de Esparta, aconselhava: «espera pela morte de
um homem, para o proclamar feliz». Queria significar
que, dando a roda da fortuna muita volta, o que hoje
corre sobre esferas pode amanhã transformar-se em
tremendo calvário. O que no Lacedemónio era uma prudente
consideração das possibilidades, foi para os mais
extremados literatos do Romantismo certeza apregoada.
A Poesia desta escola vivia do queixume e da nota de
autenticidade que transmitia pela lamentação do Eu, ainda
que convencional, única vaidade aceite num mundo condenado
por tal vício.
Mas este carpir não conduzia, necessariamente à revolta. A
resignação também lá tinha lugar, desde que igualmente
partícipe da choradeira, o que neutralizaria por completo
os méritos que lhe eram relutantemente reconhecidos por Ortega
y Gasset: de ser a única forma de espiritualidade ao alcance de
muitos homens.
Hoje por hoje, poetar neste tom desperta exemplar rejeição da
crítica e do público. Pelo que, finalmente, se encontra justifcação
para tanta verborreia de tristezas e desesperos...
De Luis Augusto Palmeirim:

FOLHAS SÊCAS

Ai! pobres fôlhas coitadas,
Sòzinhas abandonadas
Por êsse chão!
Tão órfãs e desvalidas,
Andam no mundo perdidas,
Que tristes são!

São assim esp´ranças minhas:
Pobres fôlhas, coitadinhas.

Bem rijo sopra o nordeste
Que os ramos de fôlhas despe
Passando além;
E as pobres no chão prostadas
Nem sentidas, nem choradas
São por ninguém!

Assim passa a minha vida
Nem chorada, nem sentida.

Fôlhas sêcas já ornastes,
Já verdes abrilhantastes
Lindo jardim.
Agora... sêcas, prostadas,
Vos deixam abandonadas
Jazer assim!

Também tive a mesma sorte
Só me resta agora a morte.

Que funda melancolia
Se revela na agonia
Do seu chorar!
Pobres fôlhas! a vaidade
Inda as faz sentir saûdade
De mais brilhar.

Olhai que o fado tirano
Já vos deu um desengano.

Que vaidades serão estas!
Ontem tudo inda eram festas,
Hoje no pó!
Ontem tudo era festejo;
Mas hoje nem sequer vejo
De vós ter dó.

São tudo galas fingidas
São tudo ilusões perdidas!

Êste mundo é só vaidade:
Apenas reina a maldade
E nada mais.
Quem perseu a juventude
Não lhe vale da virtude
Deixar sinais.

Hoje... vaidade e riquezas;
Amanhã, fundas tristezas!

Ai pobres fôlhas coitadas
Sòzinhas, abandonadadas
Por êsse chão!
Tão orfãs e desvalidas,
Andam no mundo perdidas,
Que tristes são!

Pois será bem magoado
D´ora-avante o vosso fado.

Teste/informação

Os posts só entram às pinguinhas. Quando escrevo
um texto mais longo, népia. Será que o Blogspot
não gosta do poema que seleccionei para hoje?
Não é dos melhores, mas daí a censurar...

Desabafo

Estou irritado. Se o problema não for resovido hoje,
receio bem que deixe o vosso convívio, fazendo o
misantropo remeter-se à sua reclusão natural.
Ou seja, com mudez.

Leitura Matinal -130

Nem textos agora.

Sabotagem

Estou sem conseguir enviar imagens, pelo que o
dia parece ir desenrolar-se sob o signo da religiosidade
semita, que as bania das representações do Sagrado. Não
que o bloguismo o seja, em todo o caso...

Sunday, September 25, 2005

Da Oralidade Ofegante

Acontece aos melhores e também ao Prof. Carrilho.
Acabada a sua participação na corrida que hoje animou
Lisboa, foi inqurido pela sua performance, em termos
numéricos. Ao que respondeu que «não tinha ido ali para
cronometrar tempos». O que nos deixa devorados por uma
inquietante curiosidade - ter-se-á dirigido à dura prova
para cronometrar espaços?

Fascinação do Astro-Rei


A beleza e complexidade das movimentações abrasadoras do Sol, reveladas por combinação de radiações ultra-violeta.

Infracções

Na publicação do diário de um dos cardeais que
participaram na última eleição papal não me interessa
o nome do seu autor. Interessar-me-ia muito mais saber
a razão porque decidiu fazer revelações que lhe estavam
vedadas por compromisso anterior. Se foi por discordar do
secretismo que, contudo, prometera conservar, apetece
apelar ao argumento usado por Ramalho Ortigão contra os
padres que pretendiam casar: como se pode confiar em alguém
que nem conseguiu respeitar as vinculações da palavra que
empenhara?
Quanto ao fundo das "revelações" tenho algumas dúvidas. Se
é certo que Monsenhor Martini foi, durante muitos anos a face
mais visível da infausta ala liberalizante do Sacro Colégio,
não o vejo, no momento da Eleição, resignatário e minado pela
doença, a encabeçar manobras relativas às votações. E a ideia
de lhe grudar o Cardeal Bergoglio não se compadece com a totalidade
dos mais que conhecidos apoios de que este dispunha.

Haja Alegria!

Não alinharei pelo diapasão das vistas que dão
Manuel Alegre candidatando-se à cada vez mais
detestável Presidência da República por mesquinhos
e pessoais ressentimentos. Penso que tem todo o
direito de se sentir ferido, com o desengano que
deitou luz sobre a falsidade e egoísmo insultuoso
vindos de onde ele pensava estar a amizade. Acreditarei,
até que comprovações indiscutíveis em contrário me
desmintam, que viveu um genuíno e e sofrido conflito
de fidelidades. E tenho por certo que terá sido a
afeição aos valores políticos que preza, muitos
deles bem apartados dos meus, que o terão decidido à
luta.
Mas não se pense que será uma cavalgada fúnebre, ou
quixotesca, na acepção de impossível. Há muita gente no
PS, ou em vias de a ele chegar, que nunca gostou de Soares,
o que atesta que o gosto não é exclusivo da direita. Uns,
que só votaram nele com resmungos amordaçados pelo ódio
à destra assumida. E que vão embarcar alegremente na luta,
na eterna motivação contra, de que o Poeta-político tem
sido expoente e cantor. Sem, para isso ceder a liderança
a quem sabe, mas não pode - o PCP, ou a quem pode, mas não
sabe - o BE.
Não é, por conseguinte, coisa irrealista. Se fizerem propaganda
eficiente, virá talvez a ser, ao contrário do que os comentadores dizem
para aí, o pior que Cavaco poderia enfrentar, com a multiplicação
de tempos de antena hostis, a menos que o Dr. Ribeiro e Castro
venha a forjar uma muleta que funcione como contrapeso.
E assim está prometida às gentes uma campanha com cor e melodias,
em que um só sentirá alguma amargura até ao fim. O Candidato.

Purezas



«O Moralista e a História da Viúva», de John Raphael Smith.

Leitura Matinal -129

É coisa digna de nota, ainda que duma nota de tristeza,
ver alguém com princípios deixar que eles sucumbam às
práticas condenáveis. Acontece todos os dias. O homem
de Verdade que começa a mentir e acaba afogado em
falsidades. Duas fontes principais dão origem a esta
desqualificação. Uma, é fazer o que os outros fazem,
para não passar por lorpa. A outra é a obscura e amarga
constatação de que os que não são dignos de crédito
vingam, enquanto os mais puros estagnam ou, pior, definham.
A busca da aparente, porque imediata, recompensa é assim
mais do que meio caminho andado para a perdição. E não me
refiro às mentiras convencionais em que quase todos, aqui
e ali, caem para preservar a sua vida social, qualquer que
seja ela. Falo é das mentirolas para escapar às responsabilidades,
como da actividade enganosa, feita modo de vida oficial ou oficioso.
Ficai com uma cantiga de escárnio e maldizer de
Pero Mafaldo:

Vej´eu as gentes andar revolvendo
e mudando aginha os corações
do que põem antre si os varões;
e já m´eu aquesto vou aprendendo
e ora cedo mais aprenderei:
a quem poser preito, mentir-lho-ei
e assi irei melhor guarnecendo.

Ca vej´eu ir melhor ao mentireiro
c´ao que diz verdade ao seu amigo;
e por aquesto o jur´e o digo
que jamais nunca seja verdadeiro;
mais mentirei e firmarei log´al
(e) a quem quero bem, querrei-lhe mal,
e assi guarrei come cavaleiro.

Pois que meu prez nem mia honra nom crece,
porque me quigi teer à verdade,
vêde lo que farei, por car(i)dade,
pois que vej´o que m´assi acaece:
mentirei ao amigo e ao senhor
e poiará meu prez e meu valor
com mentira, pois com verdade dece.

Fazer como os Outros


Já dizia Damião de Góis... Mas esse estava sujeito a escolhas menos fáceis.

Saturday, September 24, 2005

Razão ao Rebatet

Advertia neste blog o Dono e Senhor do Batalha
Final
que o nosso comum Benfica estava a formar
uma equipa com estatura muito baixa, o que poderá
pagar-se em Manchester. O Jogo de ontem veio
reforçar a ideia. Só o tamanho diminuto de Léo, que,
de resto, até nem jogou mal, permitiu a Marco Ferreira
marcar o golo do Penafiel. O lateral-esquerdo até
estava en su sítio, mas chegar lá acima era tão difícil...

Ave Agoirenta

Lembram-se de quando o pai Bush foi eleito para
suceder a Reagan? Durante a campanha apurou-se
que o segmento de eleitores brancos em que penetrava
menos era o das mulheres solteiras. Poder-se-ia pensar
que seria o status ideal num homem casado, mas assim
o não entenderam os responsáveis da campanha. E, para
contrariar a tendência, foram desencantar um jovem e
obscuro senador pelo Estado de Indiana, cuja coroa de
glória era ser parecido, fisicamente, com o actor Robert
Redford. Sabe-se do triste fim que teve a perspectiva
de reeleição do Presidente, muito desajudado que foi pelo
seu vice, Dan Quayle, o qual ganhou fama de bronco,
tanto que certas anedotas que se contam do presente Bush foram
da sua lavra.
Vem isto à conversa porque a Sr.ª Merkel, nos suplícios
por que está a passar, ao tentar formar um governo na
Alemanha, fez saber o quanto prezava o aspecto físico da
mesma estrela de cinema. Considerando os antecedentes, só
posso achar que ela deveria ter tido tento na língua, é
mais que evidente que o protagonista de «A Golpada» dá
azar aos políticos. Não creio em bruxas, mas que as há...

A Guerra das Estrelas


Na semana em que o Governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, anunciou a candidatura a um segundo mandato, Warren Beaty alimentou alguma especulação de que se poderia candidatar contra ele. O Governator está longe das taxas de popularidade de há dois anos, quando, numa iniciativa de raríssimo sucesso, substituiu, no decurso do mandato, aquele que é considerado o pior governador de sempre do estado, Gray Davis. Mas Beaty tem destas coisas. Adora fazer correr que se vai candidatar a qualquer cargo, a Presidência é uma vítima todos os quatro anos em que se disputa, no fim corta-se sempre. A menos que, sabendo-se da entusiástica recepção que os rumores tiveram entre as enfermeiras, desavindas com o governante estadual por ele lhes querer dar mais trabalho, estas profissionais de saúde injectem no intérprete de «Bugsy» alguma substância encorajadora. Assim se explicaria, igualmente, o beijo de Theron ao rabiosque de MacLaine: sendo esta irmã de Beaty, estaríamos no primeiro acto da campanha!

Separações Raciais

Estando à vontade para sobre o tema escrever,
pois nunca defendi o sistema outrora vigente
na África do Sul, no Sudoeste Africano e na Rodésia,
tenho de referir a vergonha em curso na África Austral
e que passa incólume por debaixo dos olhos dos opinion
makers do mundo em que vivemos. Depois das mais que
noticiadas violências do Zimbabwe, após o confisco da
propriedade branca na Namíbia, para que, há dias, alertou
o FG Santos , diz-nos hoje o «DN» que na África do Sul, sem
acordo, vai um agricultor branco ser expropriado, no quadro do avanço
da reforma agrária que visa redistribuir pelos negros as terras
cultiváveis, apesar de, neste caso, o governo fixar um tecto de um
terço das explorações agrícolas. Uma reforma agrária com critérios
rácicos! Nunca, apesar de censurável, o sistema do «desenvolvimento
separado» equivaleu, de jure, a uma interdição étnica da propriedade!
Mas nada disso parece ter importãncia.

Bem Comparados

Por tudo o que se sabia e pelo mais que se suspeitava,
com a sanção a ocorrer somente depois do abandono, se
vier a ser condenado judicialmente, o ex-presidente
da Câmara Municipal de Cascais, José Luís Judas, poderá
bem ser considerado o Vale e Azevedo da política autárquica.

Libação


«A Última Saúde», de Cynthia West.

Leitura Matinal -128

Será imaginável num poema pensar e sentir em demasia?
Talvez na vida, pois que a ebulição de um e o fervor
do outro não se compadecem facilmente com a obnubilação
forçada do Ser, ao cindir-se na esfera reservada e na
metade aberta aos olhares gerais. Refúgio e conserva
última do excessivo, por isso mesmo essencial à continuidade
de cada qual, é a noite, com a faculdade de libertação que
o leito favorece.
Chega o cíclico retorno e tudo desvanece. Por vontade própria,
o sonhador desperto que se enlevou nos vapores da mente e do
coração obriga-se a sacrificar o excedente da sua intimidade assim
tendo em vista ser tomado por voto propiciatório. Que, porém, sorvido em
vez de ofertado, transformável é em desejado holocausto.
Vasco Graça Moura deu-nos um soneto de Walter Benjamin,
da seguinte maneira:

Do vinho aberto davam por preceito
os gregos umas gotas ao deus antes
da refeição movendo-o suplicantes
de comer e beber com bom proveito

de manhã quando me ergo do meu leito
onde a noite sem fim guardou constantes
ideias sentimentos expectantes
a silente oferenda me sujeito

mas onde o nó fraterno se entrelaça
das palavras me atrevo a anunciá-lo:
tem pensamentos íntimos a taça

e seu bordo vêm as gotas rodeá-lo
Verto o excesso que tremula e passa
e da boca me flui a encontrá-lo.

Um Ritual Votivo


Esta tapeçaria, de um Mestre flamengo desconhecido, data de 1410 e tem por tútulo «A Oferenda do Coração».

Friday, September 23, 2005

Aprendiz de Feiticeiro

Estou de saída, para uma janta prometedora. Atendendo
ao repto que o Rui Paula de Matos cá semeou, quero
fazer um breve comentário às declarações do Dr. Isaltino,
segundo as quais José Barroso «bem o teria avisado sobre
Marques Mendes: então você anda a acolher os mendistas em
Oeiras? Olhe que esses tipos ainda vão tramá-lo». O candidato
a Oeiras pensa tirar vantagens desta revelação. Errado: a
serem certas, elas conseguem o impossível - piorar ainda
mais a imagem do Dr. Durão.

A Certa


ESTE RITA, NÃO! A QUE O BOS PUBLICA HOJE EM NOVA FRENTE, SIM!

Palavra Dada? Que Coisa é Essa?


Tendo sido eleita, há dez dias, Miss Tailândia, a bela australiana Angela MacKay, que jurara e rejurara estar apaixonada pela Cultura do Sião, cujo conhecimento pretenderia aprofundar, renunciou agora à coroa, passando todos os compromissos assumidos para a primeira classificada atrás de si, logo após lhe ter sido oferecido um chorudo contrato como modelo. Todo o amor pela cultura era, afinal, mais pequeno que um cheque. Se isto não despertar no grande País do Oriente um certo asco às estrangeiras...

A Guerra de Culturas



Pode parecer bem ridículo, o certo é que a batalha foi ganha. Há meses que, em certos países islâmicos, foi lançada uma verdadeira lavagem ao cérebro das crianças e dos paizinhos delas para que a Barbie, essa pervertida ocidental, fosse substituída, nos quartos das meninas, pela Fulla, uma tradicional seguidora do Profeta. Agora a batalha foi ganha. A Fulla passou para a frente no volume de vendas. Será totalitarismo cultural? É. Mas devemos admirar a energia de quem o consegue fazer. E admirarmo-nos de perdermos estas escaramuças de chacha. Mais, garanto que não sou um fã da B.

Quero que Nada Te falte


Ao meu Querido Amigo George João Villalobos Clooney:
Espero que aches esta mais conforme ao original. Mas recebo os teus impropérios como um elogio. Significam que há bons fotógrafos, melhorando os modelos. Mais beleza em certas Mulheres do que o público descodifica à primeira vista. E gosto esmerado deste pobre blogger, que as escolhe a dedo. Ora toma! E vai a preto e branco para que não Te sintas ofuscado.

Riscos

Nunca compreenderei muito bem a razão pela qual
a Rússia se opõe à iniciativa dos grandes da União
Europeia concernente à restrição e acompanhamento
do plano nuclear iraniano. O motivo invocado, tal
como pela China, não colhe. Com efeito, pôr em risco
o congelamento do enriquecer do urânio é um grão
de areia, se comparado com a tempestade de uma
actividade de investigação não-controlada. Reminiscências
de serôdias doutrinas de esferas de influência deveriam
ser deitadas para trás das costas ante o temor de que,
por solidariedade com os combatentes islâmicos, Teerão
fornecesse uma bombinha aos independentistas tchechenos.
Até porque, não sendo árabes os iranianos, nem haveria a
barreira de segurança de não quererem dar armas decisivas
a elementos exteriores ao seu pequeno mundo.
A única explicação que encontro é não desejar Moscovo criar
um precedente que permita, no futuro, a estrangeiros meterem
o nariz nos seus domínios. Mas, que Diabo, o tempo da «Guerra
Fria» não passou já?

Cocaine Cocktail


Sem me esforçar demasiado, encontrei na net a mais fiel representação de Kate Moss que imaginar se possa, até pela ilustração da magreza. Na hora infeliz em que o anoréxico modelo vê cancelados contratos por ter sido apanhado com a boca na botija em plena aspiração do pó branco, aqui fica uma palavra (ou mil - uma imagem), de desejo de recomposições pessoal e profissional rápidas.

Acção ou Inacção, eis a Crítica

Na iminência da publicação de um documento do Vaticano
que expressa a orientação de barrar aos homossexuais a
entrada nos seminários, reafirmando o propósito de
impedir a ordenação de padres com aquelas preferências,
já se começaram a levantar contra duas posições igualmente
barulhentas: as organizações pro gay, que dizem estar
perante um infame atentado contra os seus representados, e
alguns católicos e até sacerdotes que vêm levantar dúvidas
sobre se a intransigência será a melhor forma de contrariar
a propagação de homos nos institutos preparatórios.
O primeiro posicionamento está ferido de nulidade essencial.
O acesso ao sacerdócio não é um direito universal, deve ser
entendido como o cumprimento de uma vocação cuja definição
de contornos deve caber exclusivamente ao Corpo em que ele
terá lugar. E quanto aos apóstolos da tolerãncia, tanto
no crime, como nestas questões, abundarão sempre. Haverá
sempre quem prefira a compreensão à luta. Mas, desde Chambelain
frente às reivindicações alemãs, estamos razoavelmente vacinados
contra a contemporizacionite aguda.
É certo e sabido, se a Igreja nada fizesse, a esta hora já teria recebido
milhentas acusações de cumplicidade com a pedofilia. O mundo é assim...

Exaustivo Politicamente Correcto


Na ânsia de procurar papéis que variem os seus registos, Jodie Foster encarna agora uma mãe cujo filho desaparece a bordo. E já vieram as carpideiras oficiais da corporações interessadas dizer que «assim não pode ser, que o filme dá má imagem das tripulações», etc. e tal. Esta gente não percebe que um ou dois personagens não são todo um vasto grupo profissional. Ou, qualquer dia, teremos de fazer filmes só com extra-terrestres, até que estes se organizem em grupo de pressão e nos venham censurar a nossa alienofobia. Não há pachorra!

O Primeiro Passo

Aquilo que se previa teve confirmação, para além
do esperado. A nomeação do juiz John Roberts para
Chief Justice do Supremo Tribunal dos EUA foi
aprovada no comitê judiciário do Senado pelos 12
Republicanos e três dos Democratas que ali têm
assento, contra cinco votos contra. No plenário
bastaria que estes três senadores do partido
oposicionista se juntassem aos 55 do GOP e aos
seus dois colegas que com eles votaram em tentativas
de confirmação anteriores e estaria garantido o
número mágico 60, que permite ultrapassar qualquer
obstrução parlamentar. Mas já outros Democratas revelaram
ir dar o sim, na votação final. E o Senador Reid, do Nevada,
leader da sua metade da Nave, embora optando pelo não,
diz que se oporá a qualquer obstrução. Ou seja, salvo
qualquer escândalo desvendado à última hora, já lá canta.
Curioso foi ver, na comissão supra identificada, "moderados"
como os senadores Biden e Feinstein votarem contra e os
"liberais" Kohl e Leahy dando o seu aval. Mas as surpresas
pararam por aí.

Esperançazinha


«Segredo», de Deborah Chock.

Leitura Matinal -127

A grande superstição que fantasmagoricamente acompanha
o homem de hoje, sem o largar, não é um manancial de
presságios toscos, mas a necessidade de encontrar um
sentido que torne mais suave a fatalidade da morte.
Afastado de Deus, por muito canastrão que seja ao
fazê-lo, anuncia, alto e bom som, o quanto preza os
paroxismos da vivência terrena, única que reconhece,
para o exterior; e, no íntimo, vai procurando ultrapassar
a angústia de não saber e o vazio de não crer, buscando
uma unidade que o justifique, que antecipando a temida
surpresa revelada pela morte, lhe permita torná-la
impotente, garantindo, finalmente, sossego interior.
Se a astrologia funcionasse... ela funcionar até vai
funcionando. Mas só no que ao reconhecimento de caracteres
genéricos nos nossos conhecimentos diz respeito. Falha
por completo quando nela procuramos adivinhar a unidade
permissiva de uma satisfação global da nossa vida.
Resta voltarmo-nos para a escrita. Talvez, impensadamente,
seja essa a razão pela qual todos nós, bloguistas, também
produzimos. Certamente que o é nas mais elevadas formas
poéticas e de ensaio literário, onde, modificando o ritmo
vital do dia-a-dia, demandamos, com revolta ou sem ela, o
regresso à vida que um verbo acordado do torpor pode
proporcionar.
Mas pobres de nós, esquecidos de que a única Eficácia
reside No Verbo.
De E. M. de Melo e Castro:

HORÓSCOPO

Está um plano escondido
sob o terreno que pisas.
Há um segredo à espera que morras
para se revelar.

Está escrito
que não terás olhos
para ler nas tuas mãos
a sorte que não tens.

Mas nada disto impede
que sejas o primeiro homem
a possuir o teu corpo
e que estejas bem vivo.

*

Rápidas são as horas
de ver e ouvir
emoção de coisa nova

inútil o ressentimento
de palavras sepultadas
nesta forma de vida

excessivo é escrever
sossego ritmo de segundos
na palavra viva

que ressuscitamos
as palavras e os seus usos
unindo-as à nossa morte.

A Decifração Incapaz


«Astrologia», de Jean Cocteau.

Thursday, September 22, 2005

Colados


A minha Amiga Lausy Papagena teve a bondade de me enviar o resultado das eleições legislativas alemãs, numa perspectiva gráfica. Não é deliciosamente descritivo? E uma boa solução para a chancelaria?

Na Mesma Moeda

Como é que uma política parda, para não dizer
cinzentona, como a Sr.ª Merkel conseguiu sair-se
com uma tão boa? Perante a mais que suspeita
insistência do representante da administração norte-americana
para que um governo por si presidido incrementasse as
suicidas negociações para a entrada da Turquia na União
Europeia, ela disse que consideraria a negociação, na
altura em que os EUA concordassem em integrar o México na
Federação. É um pouquinho forte para os nossos amigos
mexicanos, mas sendo uma brincadeira não tem grande mal.
E deve ter sido o suficiente para, pensando em vagas de
imigrantes cujo significado anteriormente tinha diminuído,
haver deixado o enviado dos States com suores frios.

Favores & Desfavores

Leitor:
Não esteja deprimido, pensando que só no que o nosso
Portugal se tornou é que há constantes tratamentos
de excepção que beneficiam os membros da classe
política. Eu sei, a Dr.ª Felgueiras parece ter sido
despudoramente bafejada com uma alteração de medidas
de coacção, em resposta a uma argumentação habilidosa
mas patentemente infundada do seu mandatário judicial,
de forma a facilitar a sua participação na campanha
da autarquia em que se candidata.
Mas se o mal dos outros o consola, pense que, em França,
o filho do Primeiro-Ministro de Villepin, com 17 anos,
apanhado numa arruaça de adolescentes, terá estendido
ao chefe da patrulha que deteve os seus companheiros o
tm com o Papá do outro lado, seguindo assim em paz.
A coisa foi negada tepidamente pela Polícia, mas como a
fumarada que se levantou revelava uma fogueira grande, foi
logo posto a correr um inqúerito com laivos de rigor autêntico.
Pura sede de verdade? Talvez não. Veja, o responsável maior
por esta inquirição desenfreada é o Ministro do Interior, o
Sr. Sarkozy, arqui-rival do Premier, sobretudo agora que Chirac
está meio incapacitado, também no sentido médico...
Uma beleza!

À Maneira do Farwest


Não se pense que, com a publicação desta fotografia, pretendo afugentar alguma Leitora que, na pia do baptismo, haja recebido esse simpático nome. Estamos apenas perante a forma texana de afugentar indesejáveis, mesmo sendo um furacão. Recordam-se das antigas tabuletas das cidades dos westerns, em que se dizia que batoteiros, vigaristas e outros patifes não eram bem-vindos? Pois, mutatis mutandis... Mas é curioso observar como no Texas as coisas são diferentes. Bravura pessoal, materialismo acentuado. Não há grande estrebuchar com a perspectiva de O «Rita» provocar muitos mortos; mas anda tudo com o Credo na boca, temendo a destruição de instalações petrolíferas!

Desenraizamentos

Escrevia, poucos dias atrás, num comentário com que
se dignou distinguir este blogue, o Velho da Montanha
que «o mundo está cada vez mais ridículo». Quem não
concordará? Mas, além de digno de troça, está cada
vez mais falho de explicação racional. O turismo e
o exotismo, combinados, fazem das deles e revolvem
tradições plurimilenares. Querem ver? O que terá levado,
há tempos, um grupo de raparigas israelitas a dançar nuas
na vizinhança de um templo hindu, não fazendo essa
manifestação parte de qualquer rito aprovado pelos
sacerdotes do dito? E os beijos pretendidamente nupciais
que um casal judaico da mesma proveniência insistiu em
trocar, ao ser unido pelo matrimónio numa cerimónia
segundo a religião local? Num País em que os beijos
públicos estão proibidos o desfecho tinha de ser
desagradável: por iniciativa do sacerdote residente
foram multados, para, segundo as palavras do indignado
religioso, que sirvam de exemplo «àqueles que insistem
em espalhar poluição cultural».
Nem lhes serviu qualquer benevolência emergente da
aversão ao comum inimigo islâmico. Mas, a continuar assim,
Israel acabará por perder a solidez que sempre tem mostrado,
desde a criação moderna do estado judaico.
E terá também razão a frase de Kipling, de que a nossa História
foi a mais determinada adversária: «Leste é Leste, Oeste é Oeste
e os dois nunca se encontrarão».

Visto do Oriente

Parece piada de gosto periclitante, mas é a pura
realidade, que, como se sabe, é fértil em ultrapassar
as graçolas na competição pelo mau gosto.
Na China vai ser lançada uma gama de preservativos
inspirados no caso do ex-Presidente dos EUA, Clinton,
e da sua absoluta estagiária Monica Lewinsky, recebendo
os nomes de «Kelintun» e «Laiwensiji».
O que levará a esta escolha? Afinal, as designações das
sínicas camisinhas remetem para uma relação em que o latex
não colocou prego nem estopa, conforme evidencia, mais do que
abundantemente, essa prova célebre que é o vestido manchado
de esperma. Não irão os compradores potenciais sentir-se
desmotivados para uma aquisição que contraria os empreendimentos
de um duo tão exemplar?
E que razão para as autoridades chinesas, sempre tão vigilantes
e prontas a reagir, permitirem a comecialização? Será um secreto
prazer em chover no molhado da humilhação de um antigo leader duma
potência rival, relembrando as acusações genéricas de «decadente e
degenerado»?
Só faltava que os herdeiros do Império do Meio se viessem justificar
com o respeito da liberdade de expressão. E olhem que é o mais provável.

O Divino Paralelo


Pois que duma pureza terrena se trata, que não deve ser confundida com angelismos cediços, nem depurações que eliminem a qualidade do poema através de fervuras censórias com a agulha da rarefacção indicando o Norte, aqui fica a ilustração do Arquétipo Sagrado com que confrontei a minha inglória e sintética «Teoria do Poético» no post anterior. De Giorgio Vasari, «Alegoria da Imaculada Concepção».

Leitura Matinal -126

O que surgirá primeiro: o poema ou a poesia? Pouco
interessará a quem atente simplesmente no resultado.
Mas sendo a indagação do momento especial em que
desponta o iniludível traço distintivo do poético
um considerável motivo de reflexão, podemos comparar
com Um dos Píncaros mais elevados da Fé.
Tem o poema de estar livre do pecado original do
filisteismo, não há, em literatura, incongruência maior
do que um poema mercenário, seja qual for o tipo de
compensação auferida. Não se trata, em rigor, da reiteração
da «sinceridade poética», contra tudo o que alguns dos
melhores escreveram. Querer-se-ia antes evitar a brutalidade
repulsiva, o que está ao alcance do vero poeta, mesmo se
empregando uma linguagem brutal.
No processo criativo pouco importa matutar em que a origem
assente numa inspiração momentânea ou no engenho trabalhado
do labor artístico. Ambas as vias, dispensando prestação
terrena de outrem, são assimiláveis à Fecundação pelo
Paracleto.
E, finalmente, da confiança estabelecida, pelos versos dados,
entre Autor e Leitor, percorrendo os Caminhos Ascendentes,
chega-se, nos mais felizes dos casos, a uma específica união
espiritual. É a Poesia que nasce.
De José Valle de Figueiredo:

A POESIA EM CONCEIÇÃO

Poema em conceição,
subindo o rasto, em altura,
com seu verso concebido,
a sua poesia em criação
- o nosso modo recebido,
sua arca em laboração,
o verso vem, vai subindo,
vai criando a criação;
serena, a vela vem crescendo,
solidária a sua solidão,
não vem hoje a expiação;
o poema está criado,
criada a sua poesia.
No seu campo a porfia,
vai subindo em acção,
no seu rasto a poesia,
a poesia em conceição.

O Veículo Ideal


«Poema - O Prazer da Memória», de Claude Raguet Hirst.

Wednesday, September 21, 2005

A Nossa Agente em Sacramento


Nós, Portugueses, somos mesmo assim. Quando um rapaz ou uma rapariga da terra fazem boa figura lá fora deitamos logo foguetes. Sendo, de alguma forma, um homem do basquetebol, não podia deixar de apontar a magnífica e decisiva performance da nossa Ticha Penicheiro, que permitiu às «Sacramento Monarchs» a obtenção de um belo título, na WNBA. Dedico a imagem da Emigrante Campeã ao meu Amigo Fernando Carvalho.

Não Eram só os Templários


Estamos quase no «Quando o Telefone Toca». Há dias, o Eurico pediu a Moçoila. Ela deve ter sabido; e agora fez por aparecer. Na cerimónia das Women in Film, perante o espanto e gáudio gerais, estando ali para receber um prémio, beijou o posterior de Shirley MacLaine. Não me perguntem pela significação profunda do gesto. Só encontro uma explicação: quis ser incluída no «misantropo...», para agradar ao nosso Amigo. Mas espero outros alvitres.
CHARLIZE THERON

Questões de Físico

1- Um candidato a deputado pelos ecologistas nas recentes
eleições neo-zelandesas fez a promessa de correr nu
pelas ruas, se o seu rival conservador fosse eleito,
num subúrbio de Auckland. Assim aconteceu e o Sr. Rodney
Locke, o comprometido político, já anunciou ir cumprir.
Como o seu vencedor rival se chama Keith HIDE, significando
o apelido, em inglês, também, "pele humana" surge-nos a
perplexidade acerca de poderem os nomes estar trocados. Mas,
de repente, faz-se luz: "hide" quer, ainda e principalmente,
dizer "esconder". O futuro corredor em pelota já está a pensar
no próximo sufrágio e quer sublinhar as diferenças, mostrando
que nada tem a ocultar.

2- O Grand Théâtre de Genéve contratou uma estrela pornográfica
masculina, de nome artístico HPG, para desempenhar o papel de
Minotauro no ballet que acompanha a ópera Tannhauser, de Wagner.
O desempenho obriga a uma correria pelo palco, com o pénis erecto;
e o director da companhia justificou a opção com o facto de «só
um profissional poder garantir uma erecção diária». O que diz
muito do estado a que chegaram alguns suíços, pelo menos os
bailarinos...

Disparos de Popularidade

A Primeiro-Ministro consorte do Reino Unido
publicou um livro e, numa preocupação compreensível
com o volume de vendas, largou bombásticas opiniões
segundo as quais «membros da Família Real não têm educação;
e ter a pobre Diana de Gales sido uma cabeça no ar».
Abstraindo, a custo, da capacidade de julgar educações vinda
de quem profere estas preciosidades, haja tranquilidade. A
Sr.ª Blair encabeça todas as listas de ódios de estimação
que são publicadas, após os inquéritos conexos. Donde, os
insultos de uma Cherie - que só o será para o Marido - são
unicamente susceptíveis de fazer subir os Royals na estima
dos seus súbditos.

Stop!


Recém-liberta da opressiva relação com Brad Pitt, Jennifer Aniston confidenciou «andar à procura de companhia e amar o desconhecido». Pare a Sua Busca, Menina! Eu juro, por minha honra, dizendo a verdade, toda a verdade e nada mais do que a verdade, que não a conheço de lado algum.

A Pedinte

Asseveram os despachos das agências noticiosas
e os sites de maior actualização informativa que
um representante da Polícia Judiciária desvendou
ter a Dr.ª Fátima Felgueiras «sido detida a seu pedido»,
hoje, num aeroporto português. «A seu pedido»!... Que
uma pessoa peça para ser constituída arguido, com
o móbil de beneficiar das garantias do correspondente
estatuto, certo. Que um pobre, sem lar nem sopas, implore
que o metam numa cela e o alimentem, vá. Que, aterrorizado,
o alvo potencial de uma linchadora multidão ou de mafiosos
competentes queira que o encerrem, escapando á fúria que
o ameaça, compreende-se. Agora, por uma fugitiva à justiça
se ter cansado da odisseia em que tem vivido e notificado
as autoridades da entrega, classificar a coisa de detenção
a pedido é criatividade digna de novelista meritório. A
que faltou para prenderem a Senhora, a tempo e... sem para que
o tivessem sido solicitados.

Mesmo Assim...


«A Integridade da Identidade», de Isamu Noguchi.

Leitura Matinal -125

Não há espírito ilustre a quem o Mal não repugne.
Nem sempre o mal é reconhecível. Porque não se está
só, o péssimo de uns pode ser o paraíso dos outros.
Mas é também por todos nós não estarmos sozinhos,
porque temos a Revelação do Infinito Bem, que se gera
uma aptidão e uma responsabilidade de condutas e de
julgamentos que faz superar a tentação de identificarmos
o bom com a nossa pobre pessoa, com os seus objectivos,
preferências e hábitos.
Quer dizer que Deus é incompatível com a solidão? Qual
quê! Como O imagino é a Solidão. Tendo-nos criado, para de
Poder passar a Divindade Absoluta, pelo merecimento do Amor,
a recusa da espécie humana em avançar na sua direcção, no
sentido do aperfeiçoamento que estreitasse o Caminho para Si
deveria bem torná-Lo a definição de isolamento e de melancolia,
não fora tudo prever e tudo perdoar. Mas não ter algém ao Seu
nível é sempre estar Só.
E que papel para a solidãozinha na conservação da integridade
terrena? Pobres homens: para Merecerem o "H" grande terão de se
apartar de contágios vários, que vão das condutas reprováveis à
dependência de espírito. Mas há uma ratoeira - que a concepção
de uma superioridade própria desemboque no desprezo dos restantes.
Evitá-lo e sigrar sem tergiversações com um sorriso amável mas
não hipócrita, por entre a multidão, sem a ferir, sendo indulgente,
mas sem com ela acamaradar e rebaixar-se, é mais do que arte de
conviver, é perfeição de sentir, é Arte de Viver.
De Paul Celan:

ESTE É O MOMENTO EM QUE
os lobisomens se
ficam pelo caminho.
Nenhum
esbirro vive
já.

O Homem, verdadeiro e solitário,
passeia o porte íntegro por entre
os Homens.

Relatividade dos Conceitos


«Solidão», de Chagal.

O "Sacrifício"

Schroeder já diz que aceita não ser o próximo
Chanceler, desde que Merkel também não o seja.
E que até acatará outro membro da CDU, ou da CSU,
Stoiber e Wulff à cabeça. Mais do que a preservação
do mito da invencibilidade, a coisa fede a ameaça
de regresso em força, depois de uma actividade
governamental ferida de faltas de coesão e vulnerabilidades.
O mais engraçado é o antídoto desta perspectiva ser
encarnado por uma lidrança fraca, como a de Merkel...
O mundo dá cada volta!

Tuesday, September 20, 2005

Possa Ele Descansar em Paz...

Morreu Simon Wiesenthal, com 96 anos. É compreensível
a sua acção, seja por um anseio de justiça, seja por
pretender vingar as acções que levaram a cabo contra
o seu Povo. Mas há algo de terrível numa vida inteira
dedicada a perseguir acossados resquícios tornados
inofensivos, nos derradeiros tempos, velhos e doentes.
Há muita dor, há muita mágoa há zero em perdão. O Deus
da sua Fé é bem o anterior à Mensagem Evangélica.
Mas, claro, nem esse furor desculpa o passado das suas
presas perante a História.

Genealogias Jornalísticas

Excitou-se o «Público» com a tese não provada
de que a Rainha de Inglaterra tem antepassados
provenientes da Transilvãnia. Há que entender as
descobertas deste tipo sempre cum granum salis.
Napoleão fez espalhar por todas as gazetas da Europa
o achado de que provinha, em linha recta de... Carlos
Magno. No ano passado descobriram ao candidato Democrata
às "presidenciais" dos EUA, um católico do Massachussetts
com avós judeus do que hoje forma a República Checa, um
mais antgo avô, bem inesperado: nada menos que Maomé, esse
mesmo, caro Buíça.
Eu desconfio da nova teoria, com um argumento de peso. A
Transilvânia é, como se sabe, a terra os vampiros. E nunca
uma perícia atávica permitiria a herdeiros seus que se
deixassem infectar com a hemofilia, a qual, como se sabe,
é característica da Família Real Britânica.

Bichos Vingativos


Nem 24 horas passadas sobre a abertura da época de caça grossa na Choupana madeirense, um grupo de leões atacou e comeu vinte pessoas e número de cabeças de gado não determinado na Etiópia, 400 kilómetros ao Norte de Addis Abeba. Ofereço-vos uma reprodução de obra de arte popular etíope, com o condão de ilustrar bem os dois factos.

Ri-te Rita

Constitui para mim processo pouco claro
a forma como algumas tempestades tropicais se
transformam em furacão. Penso sempre numa ventania
molhada a tomar uma poção mágica, como a dos famosos
irredutíveis da aldeia do Asterix. A metamorfose
deu-se agora com o Rita, que avança em grande estilo
para a costa da Florida. O Governador Jeb, irmão do
Presidente, já disse que não há tempo para evacuações,
implementando o plano B para protecção dos habitantes
das zonas mais ameaçadas. Tempo? Cá para mim, ele não
quis foi ver os seus governados numa desgraceira
análoga à que atormentou a Luisiana. Mas no Sunshine
State as autoridades já deram mostra de maior competência
do que as suas homólogas do estado herdeiro da cultura
francesa, em circunstâncias semelhantes.
Nos entrementes, alguma esquerda, cobiçosa de conflito,
lamenta que o Katrina tenha distraído as atenções das
audiências de confirmação do indigitado Chief Justice
Roberts, quase assegurando a sua indisputada confirmação.
A pérola foi debitada pelo ex-congressista Democrata do
Texas Martin Frost, ressabiado por haver perdido o seu
lugar numa vil manobra de redesenho das circunscrições,
operada pela legislatura estadual, com a anuência do
governador, Perry. O homem tem procurado uma segunda vida
pública e, depois de ter falhado a candidatura a presidente
do Partido, para o que parecia habilitado pelos muitos e
até suspeitos contactos financeiros de que dispunha, quer
agora reconverter-se, dando em comentarista político da
televisão.
Imagino que o embaraço dos Democratas responsáveis só
encontre rival mediático à altura nas aspirações de
protagonismo do Rita.

Desde Pequenino


Por Ann James Massey, «Bom Rapaz, Mau Rapaz».
 
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