O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Sunday, July 31, 2005

Anões Políticos

As propaladas intenções da governação em palco
de regenerar os hábitos parlamentares ainda
não se manifestaram, quanto ao combate ao
abstencionismo da própria bancada que a suporta.
Abstencionismo, entenda-se absentismo, ausência, não
neutralidade de voto. Relata o DN que se pode imputar
ao facto de não terem estado presentes muitos deputados do
PS a inalteração do estatuto dos Presidentes dos Governos
Regionais, no que toca à limitação de mandatos. Como querem
que o Dr. Jardim respeite estes adversários? Só a rir!

Para Quê?

Nisto de querer tomar os outros por lorpas, também
vamos tendo por cá uns cromos. Não gostei nada de
ouvir o Ministro Mário Lino, ontem, na televisão.
Posto entre a espada e a parede, a propósito das
infelicidades de opções que atormentam algumas
vias férreas do Norte, começou por se fazer de sonso
e a nós de tolos, perguntando ao jornalista de quais
se tratava. Ou talvez tivesse esperança em que o
repórter se mostrasse impreparado e o governante
conseguisse, dessa forma, fugir com o rabo à seringa.
Quando lhe nomearam os casos, despediu-se, dizendo
que não ia falar de casos concretos. Mas então não
é um ministro sectorial? Para generalidades sobejam
o P-M, o Ministro da Presidência, o Ministro dos
Assuntos Parlamentares, num plano diverso o Ministro
das Finanças. Se o titular de uma pasta não sabe ou
não quer abordar os problemas individuais da área
que tutela, serve para quê?

Desculpas de Mau Pagador

Detido, o principal suspeito de organizar os
atentados falhados do último dia 21 afirmou
que não pretendera matar ninguém, apenas espalhar
o terror. Mesmo abstraindo de que matar pessoas
é uma forma frequentemente eficaz de atingir o
confessado objectivo, temos uma perfeita tonteria.
Seria como o acusado de ter dado dois tiros num
vizinho se defender, dizendo que apenas quisera
fazer-lhe dois buracos para que tivesse mais duas
casas para os botões da camisa.

Um Alegre e um Triste

Conta-nos Alexis de Tocqueville, nas suas «Recordações
da Revolução de 1848» que, mesmo em circunstâncias tão
atribuladas como as convulsões revolucionárias, se pode
notar a diferença entre a educação e o carácter dos
Homens. Aquando desse motim que o apeou da governação,
a turba foi ter com um dos caudilhos revolucionários,
Lamartine, para que lesse ao povo a lista dos membros
do governo provisório. «Não posso, respondeu o Interpelado,
depois de mirá-la: o meu nome figura nela». Foram então
ter com outro dos chefes dos amotinados, o sr. Crémieux,
para o mesmo fim. A resposta foi: «Estão a brincar comigo!
Propõem-me que leia ao povo uma lista na qual o meu nome
não figura!».
Da mesma forma, na apagada e vil tristeza do regime que nos
governa, é perfeitamente possível separar as águas no que
à verticalidade dos homens respeita. Tenho posições muito
diferentes das que Manuel Alegre defendeu no passado. Mas
admiro-lhe a poesia, penso-o movido por ideais e, quando
o entrevistei, fiquei com a certeza de estar diante de um
Cavalheiro. Não é a ideia que tenho do Dr. Soares. Vejo-o
movido pelas oportunidades e pelo interesse de se manter na
ribalta. É o homem de Carlucci que hoje diz cobras e lagartos
de uns americanos que não são menos intervencionistas que os
desse tempo. É a rebelião contra Eanes, descartando-se dos
amigos de sempre, porque Aquele lhe cortara as vazas. É o
deselegante desabafo de mau perdedor, na corrida à presidência
do P.E., contra uma Senhora. É o golpe baixo contra Freitas,
que, aliás, vem fazendo por o merecer, no debate da 2ª volta
das "presidenciais". É um charme artificial e vazio, exercido
junto dos jornalistas e outros influentes, sempre que quer
qualquer coisa.
Por tudo o que ficou escrito e muito mais, não hesito. Se a
tristeza atingiu Manuel Alegre, quanto aos sentimentos, ela é
monopólio do outro quanto à figura. E nem tem a grandeza de um
D. Quixote!

Opções e "Espada" Suspensa


«Alegoria da Vida» de Guido Cagnacci. Posted by Picasa

Leitura Matinal -73

Na Viagem composta pelos anos por nós passados
neste terceiro planeta a contar do Sol, o Tempo
pode ser origem de valências ou desvalências
múltiplas. Se focada no presente, a complexidade
da vida é hipertrofiada, quando absorvida nas
nossas impressões e demandas; ter-se-á de concluir
que só o estudo do Passado, desprovido da opressora
e circular paliçada do que nos rodeia e nos solicita,
nos transporta ao que, verdadeiramente, não é simples,
contra as impressões à primeira vista: o que perdurou.
Mas é necessária uma disponibilidade tantas vezes
incompatibilizada com as ânsias de sorver até à
última o dia-a-dia.

De Yvette K. Centeno

DEFINIÇÕES

A vida

Diria melhor o tempo?
mas não
não era o tempo
era a vida
um somatório de tempos
e de espaços

a vida estava agora
de tal modo concentrada
que pouco lhe sobrava
ou mesmo nada

Propagandas d´Outrora 3


Como não há crime sem castigo, os adeptos dos Visados mostraram Lutero assim...Posted by Picasa

Propagandas d´Outrora 2


Com variantes... Posted by Picasa

Propagandas d´Outrora 1


Depois de O Jansenista nos ter posto a par das Outras Propagandas do Séc.XX, aqui vai o que os luteranos faziam, nas suas, aos PapasPosted by Picasa

Antecedente Premonitório?

Começo por onde acabei ontem: o sonho do FG Santos.
No tempo do Imperador Constantino um sonho indicou
o Caminho da Vitória. Estaremos perante uma recorrência?
E deveremos interpretar este sonho de Santos como uma
premonição do triunfo que nos tire do pesadelo?

Saturday, July 30, 2005

O Primeiro Passo

Ou como o sonho notabilíssimo do FG Santos
poderia e deveria ser o programa político
de todos nós. Maurras não nos deixou dúvidas:
«Todas as grandes ideias que mudaram a sorte
da Humanidade começaram por ser exclusivo de minorias
de um só». Começar por baixo, tentando combater
a mentalidade concorrencial, fazer o indivíduo
voltar a orgulhar-se de pertencer a grupos
mais estáveis que os da mera partilha de slogans
ou prioridades de colocação, pode ser tão importante
como a modificação do sistema político e, deverá,
segundo a lógica precedê-lo. E estender os laços
de solidariedade pátria um pouco além das torcidas
da bola, com conhecimento e exaltação das grandezas
do Passado, como farol dos comportamentos. Na
traumatizada História pós 25A qualquer aspecto tido
à vista desarmada pela generalidade das mentes
saudáveis como grandioso é logo imprecado como balelas.
E já agora, prometer os saltos tecnológicos é bom,
desde que se mentalize as gentes de que é para melhorá-
-las, não, como se vai fazendo, como alienante promessa
de felicidade na Terra. Marx, analisando o nosso Tempo,
provavelmente, diria que a tecnologia é o ópio do povo.

Eu Também Tento Não Ser OTÁrio

!

Milou, Meu Irmão em Sofrimento!


O que me acontece quando quero aquele livro que está na parte de baixo da pilha. Como é evidente, o título é uma paráfrase de Nietzsche, com o cavalo, em Turim, logo antes de ser internado. Acham que é permitido blogar a partir do hospício? Posted by Picasa

A Maior das Taras

Deram dois Queridos Amigos, muito vossos conhecidos,
também daqui, do misantrópico covil, o Eurico de Barros
e o Duarte Branquinho em abordar a compra e o
acondicionamento dos livros, a maior das minhas variadas
taras. Gosto mais de falar da qualidade do que da quantidade
deles, mas o que para aqui interessa é que já vou nos 19.000
volumes. Qualquer dia a Família põe-me fora de casa, não por
maldade, mas por manifesta falta de espaço.
Um outro Amigo, o Alce, defende que eu devia beneficiar
de um programa estatal paralelo ao da distribuição de
metadona. Chegado a uma livraria, servir-me-ia sem passar
pela caixa; ao ser parado pelo segurança, era só estender
o cartãozito de viciado e ouvir um «Ah, sim, faça favor!»
O que mais me custa é quando mostro parte da biblioteca
a alguém, descerro o meu único tesouro, e ouço a pergunta
«Já leste estes livros todos?». Apetece-me logo dar a
resposta torta que Jacques Derrida, possuidor de uma
biblioteca imensa, deu: «não, só li quatro; mas foi com muito
cuidado!».

Tantas Vezes é Efémera


A «Personificação da Fama», por Bernardo Strozzi. Posted by Picasa

Leitura Matinal -72

Já aqui vos dei cabo da paciência com inútil
palavreado sobre a memória. Hoje o enfoque é
diferente, pois, se releva a comparativa
permanência do recordado no nosso mundo interior,
ergue-lhe o intransponível obstáculo da obscuridade
do próprio ser quando, como acontece as mais das
vezes, não haja a reciprocidade que nos tome como
objecto nas mentes dos outros.
Na certeza azeda de que este vosso compilador não
perdurará longo tempo no Vosso Espírito, publico
uma poesia em que, com menos propriedade, o Autor se
enquadra nesta temática.
Do poeta brasileiro Casimiro de Abreu, o
poema cuja "queda", modestamente, permitiu que
ficasse registada no album de Nicolau Vicente
Pereira, em 1860:

Tudo muda com os annos:
A Dor - em doce saudade,
Na velhice - a mocidade,
A crença - nos desenganos!
- Tudo se gasta e se afeia,
Tudo desmaia e se apaga
Como um nome sobre a areia
Quando cresce e corre a vaga.

Feliz quem guarda as memorias,
As lembranças mais queridas,
No livro d´alma esculpidas,
Gravadas fundas em si!
- Essas duram; mas de que vale
Um nome desconhecido
Se ha de ser logo esquecido,
o nome que eu deixo aqui?

A Perenidade Possível


«Recordações», de Dominique Gaudin. Posted by Picasa

Os Limites da Fidelidade


Nada como um rosto, finalmente ganho: Bill Frist, sem
a máscara de Bush. Posted by Picasa

O Fim de His Master´s Voice

NOTÍCIA DO DIA 2

O Senador Bill Frist, cardiocirurgião actualmente
em serviço como senador pelo Tennessee, leader da
maioria republicana e, até agora, decalque ideológico
do Presidente, ousou discordar do Patrão, por achar
que deve ser alargado o âmbito do restrito programa
de investigação que utilize células estaminais.
Há quem diga que se deve ao background científico do
médico Frist. Os mais críticos sugerem que este mais
do que certo candidato à Presidência deu uma espreitadela
às sondagens, que dão uma maioria esmagadora dos seus
compatriotas como favoráveis ao aprofundamento da pesquisa.
Talvez a verdade se situe no meio termo. Ele é capaz de
ter pensado em juntar o útil ao agradável. Qual dos motivos
encaixa em cada uma das designações fica ao gosto do público
e à opinião que se tenha sobre o político em foco.

É Este


Só com olho, digo, telescópio de lince... Posted by Picasa

Nono ou Décimo

NOTÍCIA DO DIA 1

Um grupo de cientistas norte-americanos, do California
Institute of Technology, do Observatório Gemini e da
Universidade de Yale, descobriu e fotografou um novo
planeta, longe, muito longe, mas ainda no nosso sistema
solar. O Astro está ainda à espera que a Associação
Internacional de Astronomia dê o seu nihil obstat quanto
ao nome proposto. Por ora, como os cientistas nutrem um
secreto prazer em tratar os objectos celestes como os
presidiários de outrora, está identificado como 2003UB313.
Há luta interminável sobre se será o 9º ou o 10º do grupo
Terra & C.ª, já que muitos continuam a dizer que Plutão é um
reles asteróide, indigno do título de planeta. Como o recém-
-nascido para o nosso conhecimento é maiorzinho, não deve
suscitar o mesmo problema.

Friday, July 29, 2005

Da Guerra Justa e Injusta

Pensei que, se o nosso Governo se achasse capaz
de declarar guerra a alguém, o faria aos
criminosos internos ou, num contexto globalizante,
ao terrorismo internacional. Extraio do Diário de
Notícias de hoje o esclarecimento de que, afinal,
a faz aos magistrados judiciais, por causa das
férias. Quer dizer, precisamente aos profissionais
que têm, entre outras, a missão de punir as duas
categorias de indivíduos citadas anteriormente! Que
escolha!!!

Papáááá! Também Quero!

Ausência total de pudor! Inveja infantil. É
o que se me oferece dizer das três portuguesas
que se insurgiram por o Presidente Sampaio ter
prestado especial atenção à novela do co-piloto
português draconianamente tratado na Venezuela
e não ter feito o mesmo por elas. As Senhoras
nunca ouviram dizer que a única igualdade tolerável
consiste em tratar o igual igualmente e o desigual
desigualmente. Trocando por miúdos, no tocante ao
aviador, como reconhecem até algumas autoridades
venezuelanas, faltam os indícios criminais que abundam
no caso das nossas outras compatriotas.
Mas que lhes importa isso? Se elas se acham com direito
ao miminho!

Claro como a Água

E não falo de águas turvas. Sentiu-se o Leitor
intrigado por ver, ao lado do esperado Senõr
Zapatero, um surpreendente Tony Blair anunciando
alegremente a intenção de se criar uma «aliança
das Civilizações», a nossa e a Árabo-Islâmica,
contra o terrorismo? Desça à Terra, Caríssimo,
e espreite o momento em que a angélica declaração
teve lugar: logo após um encontro com o Primeiro-
-Ministro da Turquia; ganha dimensão a conversa
fiada defendida, com razão, pela Sr.ª Merkel:
Muita parceria privilegiada, mas... LÁ FORA!

UUUUUUUUFFFF!

Com todo o respeito devido aos dramas humanos
inerentes, acentuados por se desenrolarem na
Terra de Cristo, devo confessar, envergonhado,
que nunca as peripécias do conflito Israelo-
-Palestiniano revolveram tanto os meus sentimentos
como as do que tiveram lugar entre os católicos irlandeses
e os anglicanos da Ilha, mais o Reino Unido. Talvez
por ser uma luta entre dois ramos da Cristandade,
possivelmente por se tratar de dois Povos que amo
muito, de cada vez que um atentado do IRA, ou um acto
de repressão do outro lado, causavam vítimas mortais,
ninguém me podia aturar. É por isso que, culminando
alguns efectivos sinais anteriores, o anúncio do
abandono da luta armada por parte da organização
fundamental dos nacionalistas irlandeses me faz
soltar um gigantesco suspiro de alívio. Graças à
net, deve ter sido ouvido na China, quanto mais
na Irlanda!

Seria TÃO Vil, Aquele Metal?

Surpreendido ma non troppo com a nova da venda
de cento e quarenta e tal toneladas de ouro
pelo Banco de Portugal. Sei, de sobejo, que os
experts dizem ser a venda de ouro um instrumento
de política financeira como outro qualquer. Pode
ser. O certo é que este instrumento não pode voltar
a ser tocado, no que àquelas toneladazitas concerne.
Dá que pensar; se calhar o banco central enganou-se
e, ofuscado pelo brilho do ouro, pensou estar a
alienar os anéis. Erro grave. Não dão conta, mas
são os dedos do País que se vão!

Dá Para Tudo


«Alegoria da Morte», de Niklaus Manuel Posted by Picasa

Leitura Matinal -71

Não, não caí na necrofilia, nem desejo insinuar
que os seres humanos bons são os que estão mortos.
Serve o poema hoje publicado, da autoria de um
médico, para repensar como algo naturalmente
repulsivo nos pode impulsionar para a meditação
do Absoluto e estimular a aceitação do Criado
como artéria privilegiada que leve à Redenção
Última ou ao seu Reverso. Daí à Eternidade que
cada um conclua como possa e saiba.

De Adolfo Rocha/Miguel Torga:

BALADA DA MORGUE

Olho este corpo morto aqui deitado
E sinto impulsos de beijá-lo e ter
Toda a força de beijá-lo
com sugestões de prazer...

Que bruta sinceridade!
Que humildade!
Que vaidade!
Que mentira! Que verdade!
Todo nu! Eu pressenti-o
Dando desejo e fastio...

Não é de mulher, não é
Nem de homem; nem de animal
Irracional:
É de Anjo predestinado
Que foi sacrificado
Para dar a noção exacta da renúncia!...
Ai! dos corpos metidos em sarcófagos!...
Ai! de quem morre vestido!...
Nesta luxúria da Morgue
Há todo o satanismo
Que nos foi prometido
No Final...

São os gestos parados;
Os olhos vidrados;
Os ouvidos tapados;
Os sexos castrados
E, por cima de tudo, o silêncio das bocas!

Quero
Amar este sol da terra
Que mostra o calor do céu...
Anda aqui toda a loucura
Da razão, que não morreu
Nos sonhos desta Lonjura
Que nos fez, que nos perdeu...

O Bando dos Quatro

Há ainda uma quadrilha de candidatos à sucessão de
Bush, em 2008. São eles Bill Richardson, governador
democrata do Novo México, Mike Huckabee, governador
republicano do Arkansas, Mitt Romney, governador
republicano do Massachussetts e o general Wesley
Clark, democrata, comentador televisivo e ex-supremo
comandante da NATO na Europa. Mexem-se todos muito,
o que reforça a minha ideia de que nenhum chegará lá.
Nos casos de Romney e Richardson, o caso agrava-se,
pois um tem de vencer uma difícil batalha de reeleição
e o outro superar um pequeno escândalo datado do seu
consulado como Secretário da Energia na Administração
Clinton.
Posição diferente é a de Sam Brownback, senador republicano
pelo Kansas. Penso que se vai mesmo candidatar, com o apoio
da Coligação Cristã. Mas, mais do que o lugar, ele pretende
passar a mensagem dos valores.

Thursday, July 28, 2005

Sonho ou Devaneio?


Queriam! Posted by Picasa

2008: Hillary?

Nos Estados Unidos - e também entre os mais activos
bloggers portugueses - começa a crescer a sensação
de que Hillary Clinton será, após a próxima eleição
presidencial, a primeira Mulher a chegar à presidência
dos E.U.A.. Ofereço-vos aqui, e a esta distãncia, a
minha visão do caso:
Se ela se candidatar, do que, contra as evidências,
reconheço, ainda não estou absolutamente certo, dou
de barato que ganhará as primárias democratas. Mas,
depois, tudo dependerá do candidato Republicano. E
não se esqueça que os eleitores só elegeram senadores,
directamente, para a presidência duas vezes - Kennedy
e Harding. E não a vejo levar estados do sul, salvo,
talvez, o Arkansas.

Alguns dos seus rivais:
- Evan Bayh, senador por Indiana: tem boa imagem, sabe
reunir financiamentos para a campanha, vem de um estado
fundamental para os republicanos. Não aposto um cent.
nele contra Hillary. Vai candidatar-se, mas cheira-me
que quer é a vice-presidência. Ainda é relativamente
novo...
- Mark Warner, governador da Virgínia: popularíssimo num
estado republicano. Quanto a mim, se for o escolhido, ganha
na final. É o vice-presidente de sonho de qualquer ticket.
Só que o seu sonho pode ir um pouquinho mais alto...
- Joe Biden, senador pelo Delaware: Tem estaleca para o lugar
e dinheiro a rodos. Terá o seu tempo já passado? Tem o
que os americanos chamam "esqueletos no armário", uma
acusação de plagiato. É muito simpático.
- Tom Vilsack, governador de Iowa: quer muito e joga tudo
no facto de o seu estado ser o primeiro a votar, em caucus,
uma espécie de primárias presenciais, para ganhar embalagem.
No Way!
- Mark Easley, governador da Carolina do Norte: É sulista e tem
obra. Ri-se da perspectiva, o que é capaz de ser uma vantagem!
- John Kerry, senador pelo Massachussetts: para esquecer.
- John Edwards, ex-senador pela Carolina do Norte: nessa altura
quem se lembrará dele?
- Russ Feingold, senador pelo Wisconsin: É muito liberal, mas
heterodoxo. Judeu. Divorciou-se agora. Boa imagem. Não.
- Out-Sider- Janet Napolitano, governadora do Arizona. Como é que
sem um físico invejável, solteira, com rumores que a dão como
lésbica, pode ser tão transversalmente popular?

E os Republicanos?
- George Pataki, governador de Nova York: Acha-se muito capaz
para o cargo. Consta que é uma opinião isolada. Nem o seu
estado levaria a H.
- "Rudy" Giuliani, ex-mayor de New York City: toda a gente
gosta dele; nem toda a gente vota nele. Como apoiante dos
casamentos gay e do aborto não deve ter grande sorte. Mas a
vice-presidência, se o contentar, está mais que garantida.
- John McCain, senador pelo Arizona: o homem capaz de bater Mrs.
Clinton. Desde que resista às campanhas negativas, no que não
é forte. Os independentes voam direitinhos para ele.
- Bill Owens, governador do Colorado, em tempos o front-runner,
o melhor found-raiser depois de Bush, separou-se recentemente.
Está frito.
- George Allen, senador pela Virgínia. Aposto nele. É um ex-
-governador, a nação acompanha-o desde pequenino como filho de
um desportista celebérrimo. Pode ganhar a Hillary, sem garantia.
- Newt Gingrich, ex-presidente da Cãmara dos Representantes, pela
Georgia. Ninguém gosta do homem, nem os que lhe devem a tomada
do poder.
- Bill Frist, leader da maioria no Senado, pelo Tennessee: depois
de oito anos de Bush, as pessoas talvez queiram uma coisa um pouco
diferente.
- Out-sider- Tim Pawlenty, governador do Minnesotta: poucos o
conhecem, mas é bom. Talvez na próxima.

Aos Soluços

Hoje tem sido um dia de contratempos. Depois das
renitências informáticas, um contratempo familiar
obrigou-me a passar a tarde no Hospital de Cascais,
que, asseguro-vos, não é o melhor ligar do Mundo
para blogar. Resolvida a questão, o rolo de opiniões
segue dentro de momentos. Obrigado pela compreensão.

Droga de Vida

As notícias de que o procuradíssimo Bin-Laden
teria engendrado o projecto de envenenar a cocaína
a distribuir no mercado Norte-Americano suscita-me
dois comentários:
1- Nota-se no engenheiro árabe convertido à Jihad
uma preocupação de eficácia, na medida em que projectou
transformar um veneno lento num rápido.
2- Toma-se a parte pelo todo, com reciprocidade: para o
chefe da Al-Qaeda, nós, ocidentais, somos todos uns
degenerados, de que os drogados evidentes são a face
visível. Pelo nosso hemisfério poderá haver a tentação,
por parte daqueles a quem a toxicodependência mais
repugne, de sobrevalorizar esse aspecto corrector de costumes
do Inimigo Público nº 1 e sobrepô-lo aos restantes: o velho
estribilho «o Diabo, afinal, não é tão mau como dizem».
Curioso é notar que tendo-se os radicais islâmicos oposto
à Civilização Ocidental em nome da especificidade, da sua
Cultura, venham agora, com este frustrado plano, tentar
expandir um intuito universalmente moralizador, logo,
civilizacional. E pena é que não tenhamos mais a contrapor-
-lhes do que a cultura do snifanço.

Um Evento Notável

Alertado pelos inevitáveis Pedro Guedes e Manuel Azinhal, tenho de
fazer menção a um aniversário importantíssimo. Faz hoje dois anos que
a Nova Frente iniciou a sua caminhada. Enquanto se aguarda, a todo o
momento, a chegada de férias do seu Criador, devo sublinhar que, através
de uma cultura vastíssima, o BOS é uma das janelas abertas para a melhor
produção literária mundial. Irmanam-me a ele alguns afectos comuns, como
o nutrido por Marcel Aymé. E, ciente de que não vogamos numa atroz
competição, gostaria de esclarecer os meus Leitores: reputo o seu
estilo de escrita como o mais perfeito de todo o actual panorama da
actividade bloguística.
Não é de ânimo leve que acrescento: A leitura da Nova Frente, com a sua
puríssima redacção, é, para mim, razão bastante da existência da nossa
blogosfera.
Um caso, este, em que considero correcta a noção de que a INTERNET
se candidata ao lugar de "literatura do Século XXI".
Muitos parabéns. Hoje cantam, realmente, as nossas almas!

Incenso, Sim , Mas Sem Humor, Não


De Correggio, «Alegoria da Virtude». Posted by Picasa

Leitura Matinal -70

Falar da Virtude é sempre problemático, pois não há
maior esterilização da empatia com quem lê do que
um texto de Autor que se estime detentor de virtude.
Não é, no entanto, a prudência associada a esta ordem
de ideias que evita que eu me exponha nessa condição.
Sei bem demais, essa é que é essa, que estou muito longe
do estimável exemplo a dar.
Não obstam as constatações anteriores a que se vá
reconhecendo o valor do homem virtuoso e, por isso
exemplar, cuja existência e correlato ascendente nos
contemporãneos Ortega estimava como vacina contra a
decadência das sociedades. Temendo não encontrar em
redor muitas figuras públicas dignas de enformarem
num destino parecido, importa manter a disponibilidade
de tributar o reconhecimento a outras que surjam,
sem cair na abstinência crítica, já que, com Ernst
Juenger, acredito que «somos sempre melhores quando
admiramos».

De Aristóteles, retirado do grego clássico por L.
Humbert,

HYMNE A LA VERTUE

O Vertu constant des travaux de la race mortelle,
le plus noble but que nous puissons poursuivre dans notre
vie! mourir pour ta beauté, ô Vierge, supporter por elle
les plus durs travaux, c´est dans la Grèce un sort digne
d´envie; si vive est la passion que tu jettes dans le coeur, si
durables les fruits que tu procures, et qui ont plus de prix
que l´or, d´illustres parents ou le sommeil le plus doux!
Pour toi, le fils de Jupiter, Hercule, et les deux jumeaux,
enfants de Léda, endurèrent des fatigues sans nombre,
cherchant par leurs exploits à te posséder. Par amour pour
toi, Achille et Ajax descendirent dans la demeure de Pluton.
Pour ta chére beauté le nourrisson d´Atarne a perdue la
lumière du soleil. Aussi, déja illustre par ses oeuvres, les
Muses le rendront immortel, les Muses, filles de Mnémosyne,
qui célèbrent la gloire de Jupiter Hospitalier et les
amis constants et fidéles.

Justificação

Peço aos meus Leitores as mais sinceras
desculpas pelo atraso com que, hoje, começo
a postar, mas não preguicei.Acordei cedo, a
ligação à net é que esteve "inop" durante várias
horas.
Vamos a isto!

Wednesday, July 27, 2005

Onde Estava Você...

no dia da morte de Salazar? No meu caso, recordo-me
perfeitamente. Devia ter três ou quatro anos,
passava umas férias na Areia Branca e lembro-me
de perguntar ao meu Pai a razão de toda aquela
gente na televisão. E quando a paciência paterna
me respondeu que era por alguém ter morrido, recordo
ainda que perguntei quem era. E nunca esqueci o sorriso
que acompanhou a resposta igualmente explicativa. Meu
Pai, ao contrário de outros Amigos, tinha esperança
em Marcello, como antigo graduado da Mocidade Portuguesa
que se prezava de ser. Era uma capelinha onde o novo
Presidente do Conselho tinha deixado culto, desde o seu
comissariado-geral. Depois, foi o que se viu!

Consulta Jurídica

Se algum dos meus Leitores é um causídico de mérito,
preciso urgentemente de o ouvir sobre uma pendência:
pode-se processar uma fasquia? Ontem, no meeting de
Estocolmo, no salto à vara, a grande Isinbayeva fez
um salto perfeito a 5.01m, que seria novo record do
mundo e, saiba-se lá porquê, a porcaria do pau resolveu
cair! Qualquer amante do desporto tem legitimidade
processual para intentar uma acção!

A Torto e a Direito


Uma mão aberta à esquerda, outra à direita, mas o centrão é que vai papando tudo. Cuidado com ele, não o substimem . Se não acreditam, leiam o que o ex-senador Dashle diz a respeito... Posted by Picasa

W

Há muito mito quanto ao actual presidente americano.
Têm-no por conservador, mas não é verdade, ele é
a face visível da ala centrista do Partido Republicano.
Os da facção conservadora desconfiam dele a valer, por
o considerarem despesista e inimigo da autonomia dos
estados federados. Além disso, temem que a velha
preocupação que ele ostenta em agradar aos hispânicos
se traduza em afrouxamento das leis de imigração. Até em
casos como o da Defesa da Vida em que as posições do
inquilino da Casa Branca são mais próximas das deles,
não há coincidência absoluta de opiniões. Bush é pro
life, mas aceita o aborto em casos-limite e
promoveu a abertura de algumas linhas de investigação
no campo das células estaminais, quando, à sua direita,
se pretendia o banimento absoluto. E, logo que lhe foi
possível, substituiu o anterior leader da maioria no
Senado, Trent Lott, um conservador, pelo único membro
daquele clube que é tido na conta de partilhar ao
milímetro as ideias do chefe, sejam elas o que forem -
Bill Frist.
Dizem também que é estúpido. Enganam-se, não é nada.
É um político muito habilidoso, que, desde o famoso
debate com a então governadora do Texas, Ann Richards,
tem encarnado a figura do homem vindo do mundo dos
negócios, contra os espertalhaços instalados que o
povo americano, hoje por hoje, vê nos políticos profissionais,
com a correspondente aversão. É já o único presidente
dos últimos 120 anos a ter ganho tês eleições seguidas,
contabilizando as midterm para as duas câmaras. E o
cemitério político começa a estar cheio dos seus
adversários.

Não Fazem o Mesmo que as Outras


Sebastianismo ao contrário, pelo menos para B. Clinton: as indesejadas.
O Pai duma Conhecida minha a quem um maduro ofereceu, no Egipto, 30 camelos pela Filha, deu a diplomática resposta: não posso aceitar, porque desconheço a cotação do camelo em Portugal. Aqui fica a sugestão. Posted by Picasa

O Momento


De Elihu Vedder «A Taça da Morte» Posted by Picasa

Se Fossem Bípedes...

Um funcionário do governo do Quénia enviou,
com aparato de oficialidade ministerial, uma
carta ao ex-presidente norte-americano Clinton,
oferecendo 40 cabras em troca da mão da filha,
Chelsea. Duvido que o destinatátio aceite. Faltou
um detalhe essencial: as ditas tinham quatro patas.
Conhecendo o curriculum do visado, se tivessem
duas outro galo cantaria.

Leitura Matinal -69

A morte - o momento em que nenhum homem é banal.
Força oculta, decerto, mas interiormente desvelável,
testemunhada pela deformação dos objectos-testemunhas
por nós presenciados entre os fogos assombrosos que
iluminam a passagem. Quando humanamente figurada, muito
mais fatalmente resoluta, no início, se encarnada numa
personagem feminina, como em Cocteau, do que quando é
masculinizada por Lang. E teremos de esperar por Bergman
para a relegar para a andrógina paciência de um jogo de
xadrez.
Mas serão as comunhões e as revelações que trazem as
imagens do fim, os nossos afectos e decorrentes instantes
de intensidade, salvação ou perdição?
De Herberto Hélder:

(a morte própria)

E estás algures, em ilhas, selada pelo teu próprio brilho,
enquanto a terra me queima os dedos e os dedos
entram no coração como a queimadura e o coração
propagado
é o incêndio na cabeça - às vezes
a cabeça não sabe que os pulmões arrastam
as labaredas do mundo como um grande buraco
de vozes: um rumor
de crepitações: uma força: uma rapidez
entre as formas - espelhos luzindo
atrás dos rostos: e tu levantas um braço:
trazes do fundo de tudo a raiz ainda viva de cada coisa:
uma constelação magnética entre os pés afastados
- eu vejo a tua morte no meu próprio movimento:
na chama correndo pela paisagem
fora, a paisagem
que ergues; que depois abandonas ao seu próprio espaço
de paisagem no tempo,
externa: atravessada por noites,
por luzes, transformações, ideias de quem vê,
pelos seus desenvolvimentos ocultos - vejo
que ressuscito no teu modo, essa espécie de estilo
ou energia,
quando casa e paisagem circulam como ilhas
numa torrente à volta
e então o que tocas é esse teu mesmo coração cruzado
por imagens luxuosas: o filme aceso:
membranas do corpo rutilando à passagem dos astros de mármore -
e o teu rosto arranca-se à sombria gravidade
do fundo
da beleza, dos poderes terrestres e o peso
de tanta profundidade: e um instante explode
essa estrela embrenhada na minha cabeça como
o coração se aprofunda, os dedos
puxam
as linhas de lume com que se cose a terra,
a fenda do seu sangue abismado - às vezes
o espelho é o meu próprio corpo,
a sua ferida: mas entre ilhas, sob
o que circula: espuma do ar, os cometas,
no sono sumptuoso
de animais
quase fixos, os rostos abertos aos raios dos nossos rostos
aos nossos dedos que lhes chegam ao meio do coração -
porque tudo anda dentro de mim, e o mundo
esgota-se
no teu movimento entre laços
de sangue, cabelos luzindo, as pedras
inclinadas para os teus lugares respiradores: a árvore
crescendo a cada paragem, com toda a tua inspiração
na minha morte, aqui, uma árvore
combustível
onde a fruta faísca: paraíso de espaços múltiplos
e velozes
entranhando em mim como se eu fosse a árvore
e tu fosses um espelho que a árvore despedaçasse pela sua força
e no espelho eu, como uma imagem, fosse despedaçado,
brilhando.

A Força Oculta


«A Morte e a Vida», de Gustav Klimt Posted by Picasa

Tuesday, July 26, 2005

Ainda Haverá Passagens?


Dizem que Elle está nos areais das Bahamas, solteira e boa rapariga. E não gostar eu de praia! Grande mentecapto!!! Posted by Picasa

Os Limites da Dor


Nicole Kidman reconheceu que o divórcio de T. Cruise foi muito doloroso e que levou a que tivesse acompanhado os filhos ao colégio... de pijama. Imaginem se a dor tivesse ido um pouco mais longe e ela tivesse saído daqui sem outra roupa... não menosprezando o sofrimento da Artista, teria feito bem a muito boa gente! Posted by Picasa

Estas Propagandas

Para se não confundir com a excelente série
do Jansenista. O Presidente venezuelano, Hugo
Chavez, criou para sua propaganda política, uma
cadeia televisiva, a Telesur, em que entram também
capitais de Fidel, da Argentina e do Uruguai, com
vista a combater a influência da CNN. Não tem a
menor hipótese. O novo canal nasce com o labéu da
propaganda; o do Sr. Ted Turner, fazendo-a amplamente,
apresenta-se como um canal de notícias. Foi assim
que os anglo-saxónicos começaram a ganhar a batalha
das simpatias, na 2ª Guerra Mundial.

O que Diz Vitorino

No comentário televisivo que pretende ser o
outro prato da balança em que jaz o arrazoado
semanal do Prof. Marcelo, veio o Dr. Vitorino
lembrar-nos, para justificar uma candidatura
do Dr. Soares, um episódio da história eleitoral
norte-americana dos últimos vinte anos. Disse
que Ronald Reagan, no debate com Walter Mondale
que precedeu a sua segunda eleição, teria respondido
a uma alusão do rival, que «não queria falar da juventude
do outro», usando-a como trunfo eleitoral. Foi quase
assim. Na verdade, Mondale ainda não tinha dito nada.
Foi em resposta a uma pergunta do moderador sobre se
não o incomodava a perspectiva de, uma vez vencedor, vir
a ser o mais velho presidente dos EUA, que Reagan disse
«Não, por favor, não me façam perguntas sobre a idade.
Não quero explorar em meu proveito a juventude e a
inexperiência do meu adversário». Foi a célebre primeira
piada, que tantas eleições americanas tem decidido. E
Mondale, um ex-vice-presidente e senador federal diz
que, logo ali, soube que tinha a eleição perdida.
O caso do Dr. Soares é muito diferente. Reagan era
candidato à reeleição, com todo o peso que um incumbent
americano tem, não vinha duma reforma, qual espectro
saído do caixão a assombrar o mundo dos vivos. Diga-se,
de passagem que nos Estados Unidos não poderia suceder o
que se divisa por cá: a Constituição proíbe que a mesma
pessoa seja eleita presidente mais do que duas vezes não
é como a nossa, que apenas veta dois mandatos seguidos.
Mas toda esta conversa é uma lavagem da imagem soaresca.
Quem a ouça ainda pensa que o principal defeito do homem
é a idade!

Suprema Ambivalência


na medida em que contraposta à luta Desolação X Alívio que enforma o Esquecimento. De Mark Rothko, «Memória». Posted by Picasa

Leitura Matinal -68

De todos os desequilíbrios que podem atormentar
a mente humana, o maior de todos será, porque
duro de controlar o oferecido pelo tandem da
memória e do esquecimento. As pequenas doses não
matam mas vão cavando o terreno para o desespero.
Se nos momentos de calma temos presente a noção
de que a nossa memória é selectiva, deveríamos
também considerar que o esquecimento que os outros
protagonizam também o é. Mas isso seria mais do que
a nossa sobreaquecida hipersensibilidade conseguiria
aguentar. Ilustro-o com o poema hoje publicado,
contrapondo-o à oriental busca da evaporação das
memórias como libertação da malignidade opressora
da vida.
De Dylan Thomas:

SINCE, ON A QUIET NIGHT

Since, on a quiet night, I heard them talk
Who have no voices but the winds´
Of all the mistery there is in life
And all the mastery there is in death,
I have not lain an hour asleep
But troubled by their curious speech
Stealing so softly into the ears.
One says: There was a woman with no friend,
And, standing over the sea, she´d cry
Her loneliness across the empty waves
Time after time.
And every voice:
Oblivion is as loverless;
Oblivion is as loverless.
And then again: There was a child
Upon the earth who knew no joy,
For there was no light in his eyes,
And there is no light in his soul.
Oblivion is as blind,
Oblivion is as blind,
I hear them say out the darkness
Who have no talk but that of death.

Monday, July 25, 2005

Os Novos PREC´s

Não sei já que plumitivo actualizou a sigla,
aquando do famoso tabu do outro, para «Período de
Reflexão Em Curso». Agora, mais do que nunca, tem
aplicação. O reflexivo personagem, porém, se o faz,
debruça-se somente sobre as suas hipóteses de sucesso.
Deve ter presente o exemplo de Giscard, atormentado por
não estar na ribalta, coleccionando fracassos eleitorais,
desde a corrida para Maire de Clermont-Ferrand, à
exemplar desautorização do referendo europeu.
Que o indivíduo só pensa em si di-lo o insuspeito Arq.º
Saraiva nas «Memórias de um Director de Jornal» quando
afirma que Soares é um indivíduo centrado em si próprio
e «sem disponibilidade para os outros».
Mas ele dá-nos a sua palavra de que está e estará, por
mais algum tempo, em reflexão. É mais uma promessa que
não creio que tenha capacidade de cumprir.

"Wishful Reading"

Li numa folha pública: «Medalha de Honra para pastéis
de Belém
». Concluí - e o Leitor não poderia deixar de me
acompanhar - que o Pedro Guedes e o FG Santos
iam ser condecorados. Decepção. Afinal, Santana Lopes
concedeu o galardão aos outros, aos comestíveis, aos
pastéis de nata e não aos Amigos referidos, à nata dos
pastéis. Fica para a próxima

Invocação do Santo Nome de Deus em Vão

Tortuosa, verdadeiramente, a explicação engendrada
pelo Prof. Marcelo para justificar a sua aceitação
de um Papa de idade avançada e a rejeição de um
presidente virtual - o Dr. Soares, em circunstâncias
afins: resolveu chamar à demanda o Paracleto. Para
o já outra vez possível candidato substituto do Prof.
Cavaco, a diferença estaciona em S. Santidade ver a
Sua Eleição determinada pela Inspiração devida ao
Divino Espírito Santo, sendo Ela inexistente nos
pleitos eleitorais profanos.
Não se duvida de que numas "presidenciais" em vez da
mencionada Iluminação, se esteja frente a um "apagão"
provocado por espíritos mais ou menos diabólicos,
conducente à treva imensa. Do que não havia necessidade
era de desbobinar tanta conversa para atacar o candidato
Soares pela idade. Bastava falar em carácter. Teria mais
sucesso, porque tocaria num real mais terreno.

Flores do Jardim

Hoje tenho que dizer bem do Dr. Alberto João.
Alguém reparou na fileira de jovens muito em
forma que lhe servia de pano de fundo, nas
imagens da festarola transmitidas ontem pelas
televisões? Dá vontade de arrancar, de imadiato
para a Ilha.
Mas o governante da Madeira fez declarações que
contêm alguma dose de verdade, apesar de o sentido
pretendido pelo seu fautor não ser perfeito.
Disse que o perspectivado duelo eleitoral entre o
Dr. Soares e o Prof. Cavaco é um embuste. É-o. Mas
não se deve o engano, exclusivamente, às identidades
dos candidatos. Qualquer disputa como origem do
exercício da Chefia do Estado é, à partida e,
infelizmente, também à chegada, uma fraude.
E quanto a outra pérola oriunda da Pérola, a recomendação
de que surja um candidato que faça a ruptura, também
enferma de pluralidade de sentidos. Não só uma ruptura
constitucional, como apregoa Jardim, é necessária, como
escusada é uma outra: a ruptura com a defesa da unidade
nacional está, há muito, assegurada por qualquer candidato
republicano.

Quando dá em Carpir


«O Lamento do Poeta» de Gustave Moreau Posted by Picasa

O Dilema


«A Incerteza do Poeta», de Giorgio de Chirico Posted by Picasa

Leitura Matinal -67

Pobre do poeta, com a sua específica criatividade
marginada pelos precipícios concernentes à inspiração
e ao reconhecimento, entalado entre um compasso seu,
próprio duma visão da vida pouco compatível, nos
momentos conturbados, com o ritmo das envolvências
castradoras do estro.
De João Miguel Fernandes Jorge:

Mas riso não há agora que começaram
as marés vivas abandonemos pois este poema

Nós só sabemos ser a favor ou contra
este peso de árvore esta sombra de inverno
chamando a primavera
sucesso ou insucesso com que digo árvore
árvore dentro de uma árvore árvore de uma ideia
dentro da árvore da madeira

Prisioneiros de uma folha
de uma asa com que voar paciência
paciência nenhum homem é poeta
para quem o conhece (és a favor
ou contra esta comunidade de gente original
?)
Mas riso não há
mas rio não há
agora que começaram as marés vivas
quem pode correr assim devagar?

Sunday, July 24, 2005

Os Falsos D. Sebastião

Não, nada tem a ver com a obra histórica homónima
de Miguel d`Antas. Relaciona-se é com o artigo de Vicente
Jorge Silva publicado no DN de hoje. Afirma o Autor,
debruçando-se sobre as eventuais candidaturas às
próximas "presidenciais", que «Alegre é um D. Quixote
e a esquerda deseja desesperadamente um D. Sebastião
que possa barrar o caminho ao Encoberto da direita»,
devendo entender-se por este último o Prof. Cavaco.
E toda a prosa pretende alçar o Dr. Soares ao modesto
desempenho dessa revivescência histórica. Vou, por uma
vez, vencer o nojo que sinto em dar atenção à disputa
por um cargo que considero uma usurpação de funções na
Chefia do Estado. O colorido da tipologia utilizada
requer esse sacrifício.
O Dr. Soares não serve como D. Sebastião. Este era Alguém
que não se sabia se viria, mas que se esperava que desse
ao Reino. Do ex-presidente suspeita-se que virá, sem que
ninguém o queira, ao menos como primeira escolha. Se o P.S.
fosse capaz de dar corpo a um mito sebastianista, o papel do
Rei a vir competiria, por inteiro, ao Dr. Vitorino.
E outro erro de tipificação: O Prof. Cavaco está longe de
ser O Encoberto da direita. Por tudo o que vem preparando,
é muito mais O Descoberto.
Mas as aliciantes criações que assimilam os políticos que
temos às Figuras histórico-míticas do carácter nacional
acarretam um efeito que, inocente ou não, tem o condão de
entorpecer: fazer esquecer a vil realidade, comparando com
o que não tem comparação.

Não é o Passeio dos Tristes

Quem venha, Domingo adentro, por estas bandas
de Cascais, não deixe de visitar a Feira do
Livro da vila, assente no jardim Visconde da
Luz. É pequenina, mas vale a pena. Duas paragens
obrigatórias: o stand dividido pela Câmara Municipal -
que anda com um magnífico panorama de edições - e uma
grande Livreira, a Rosy; o outro, é aquele que costuma
estar no parque Eduardo VII, com livros de António
Sardinha e mais autores de boa estirpe. Aqueles que tenham
perdido a chance de fazerem em Lisboa as respectivas
aquisições têm agora uma oportunidade de ouro. Força!

Suave Regeneração de um "eu" Dominical


«Manhã de Domingo», de Jerome Myers Posted by Picasa

Leitura Matinal -66

Quando alguém que publica as suas elucubrações
cai na tentação de espalmar no papel ou em outro
suporte qualquer a dolência dum seu estado de
espírito, estamos mal, com ressalva dos casos
raros em que o talento e a sinceridade se façam
reciprocamente esquecer. Então, eliminadas as
evidências do artificialismo e do impulso da
confissão do "artista", poderá haver comunhão
com o receptor. Mas isso não ajuda muito na
vida, para além das satisfações da vaidade dum
e da curiosidade estética do outro. Melhor será
ter presente a resignação e a fuga interior, como
transformação da capacidade de apreciar em volta,
aceitável em tantas questões do espírito, que
Xin Qiji, general e poeta chinês de outros
tempos, deu a público, referindo

«A ESCRAVA FEIA»

Na juventude, eu não sabia
Qual era o sabor da melancolia
Gostava de subir aos altos pavilhões,
E fazer lá versos muito melancólicos.
Porém agora, tendo-lhe conhecido
O gosto, já não quero
Falar mais dela, não
Digo apenas: «um dia fresco, que belo outono.».

Acordar Quase Assim...


«Domingo», de Edward Hopper. Posted by Picasa

Saturday, July 23, 2005

Sem Floreados


De Giacomo Balla, «Síntese do Movimento». «Somos sempre senhores das palavras que calamos, somos sempre escravos daquelas que proferimos». Provérbio chinês. Posted by Picasa

Elogio da concisão - O "Blog"

Correndo o risco de me desacreditar, se considerarmos
o verdadeiro estendal em que deram alguns dos últimos
posts, vejo a bloguística como um exemplar burilamento
da arte da síntese, o que vem ao encontro de
dois testemunhos que procuro ter sempre presentes.
Um, a epístola do Pe. António Vieira em que pede ao
destinatário: «(...)perdoe ter escrito uma carta
tão longa, mas não tive tempo de a fazer curta»;
o outro de Ganivet que, criticado por a sua obra
se reduzir a um pequeno volume, garantiu que «100
páginas são mais do que suficientes para um escritor
publicar tudo o que deve e ainda muito do que não
deve».
O blog é um compromisso; como qualquer diário, pode
ir ao pormenor, inversamente ao que convém aos aforismos,
que são veículo ideal para abarcar aspectos amplos dos
olhares desde que haja sabedoria ou experiência para neles
e a partir deles gerar cumplicidades. Por outro lado,
não serve para desenvolver as lateralidades, como tentam o
ensaio e o estudo erudito.
Por uma vez, no meio está a virtude.

Bem Prega Frei Tomás...

Alcorão, Capítulo IV, 91: «Não é permitido a
nenhum muçulmano matar outro.». Seguem-se as
penas aplicáveis a uma inflicção involuntária
da morte de um fiel.
O Versículo 92 condena á eternidade no Inferno
aquele que matar voluntariamente outro muçulmano.

Nas explosões de ontem no Egipto, em 65 pessoas
mortas só 8 eram estrangeiras, sendo que, dessas,
algumas provinham de países islâmicos. A maioria
esmagadora dos egípcios desaparecidos será, com
toda a probabilidade, composta por segidores do
Profeta.
Para que possais aquilatar bem da sinceridade ética
e religiosa dos fanáticos que detonaram os engenhos.

Vira-se o Feitiço Contra o Feiticeiro


De como a obscuridade procurada pode trazer consequências devastadoras: «O Homem Obscuro», do pintor mexicano Rufino Tamayo. Posted by Picasa
 
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