O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Tuesday, May 31, 2005

Feito de Colombo

Num dos menos conservadores estados norte-americanos,
o Oregon, vai o Diabo, porque descobriram que a lei impede
as ex-prostitutas de serem professoras. Há um projecto de
abolir a proibição, no Senado Estadual, que não passou e, de
qualquer modo, a Câmara já deixou entrever que se oporá.
Eu, com a abertura de mente e o espírito consensual que sempre
me caracterizaram, proponho uma solução equitativa e observante
de critérios de eficácia: fazer cada candidata prestar provas teóricas
e práticas em cada uma das profissões; naquela em que se
desenvencilhasse melhor seria autorizada a fazer carreira. Em razão
da amizade luso-americana até me ofereço, graciosamente, para
integrar o júri.
A alternativa parece-me violenta: integrar as interessadas na lista
do Ministério da Educação português, para leccionarem o projectado
programa de Educação Sexual.

Saídas & de Saída

O futuro ex-chanceler Schroeder veio carpir a derrota
dos ouiistas em França. Dado que, juntamente com o
señor Zapatero, foi guest-star nos comícios da filocedência
francesa, a derrota é também dele. Mas, se os ventos
não mudarem, em Outubro tê-lo-emos como um Raffarin
de Além-Reno. Quatro anos de atraso, porém ainda é
tempo.

Leitura Matinal -12

No dia em que as «Leituras Matinais», cá no blog,
atingem a dúzia, parece-me apropriado publicar,
mais do que a «Defesa da Poesia» de Shelley», por
ser em verso, de Natália Correia,

A DEFESA DO POETA

Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto

Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim

Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes

Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei

Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição

Senhores tiranos que do trabalho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis

Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além

Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs por ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?

Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa

Sou um instantâneo das coisas
apanhadas em delito de perdão
a raiz quadrada da flor
que espalmais em apertos de mão

Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
Ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer

Monday, May 30, 2005

Mau perder

E alguns comentadorzinhos portugueses já apareceram
a dar as habituais desculpas: tudo se deveu à contestação
ao governo, à falta de informação, ao voto de protesto...
Não importa que o principal partido da oposição - P.S.F
- se tenha empenhado no sim, após referendo interno.
Não interessa que tenha sido disponibilizada a cada eleitor
uma cópia do tratado, com o seu resumo explicativo. Uma
analista cá da terra dizia, já hoje, na RTP 1, que «não era por
isso que as pessoas estavam informadas». Certamente estariam
é se não tivessem lido nada sobre o assunto.
É extraordinário ver a má imprensa que vai tendo o voto de
protesto. Como estamos longe do "direito à indignação"!

O que vale é que não se puderam queixar da fraca afluência de
eleitores, ou melhor ainda, dos erros da arbitragem...

Non, ou a sã glória de mandar

Depois de o Dr. Giscardenstein ter gerado o monstro, a sua
própria família nacional recusou aceitar a criatura como um
dos seus. Tanto melhor, já que este mostrengo não é inocente,
nem tem sentimentos. Mas a fina flor europeista apareceu logo
com as mais esfarrapadas das desculpas: O Sr. Dominique
Strauss-Kahn vem dizer que a decisão dos seus compatriotas
se deveu a «uma crise identitária que a França vive»; ou seja,
só aqueles que optam pela dissolução dos Estados no ácido
burocrático é que são senhores de uma identidade nacional
pujante...
O Sr. François Hollande, por seu turno, diz que respeita
muito a decisão das Francesas e dos franceses, etc. e tal, mas
lamenta ter «a Europa ficado desprovida dos mecanismos
necessários ao seu funcionamento e alargamento». Ao seu
funcionamento? Mas então, nos últimos anos temos estado mais
paralisados do que era hábito? E ao seu alargamento? Pois, com
certeza, mas foi essa, precisamente uma das fundamentais razões
do non.
Um senhor da U. D. F., cujo nome não retive, lastimou-se
por a França ter decidido ao contrário de «10 outros parceiros
europeus que já teriam dito sim». Não, Senhor Democrata Francês
Unido, não. Só o fez o povo espanhol. O resto foi tudo obra das
classes políticas respectivas, sem consulta popular, como teriam
feito os Senhores, se tivessem podido.

Leitura Matinal -11

Sentimentos mistos nesta ressaca matutina. Perde o Benfica,
ganha a Europa, via França. Tanta apreensão, coroada pelos
desfechos que geram no meu íntimo reacções diversas, somada
à sensação de que tudo já pertence irrevogavelmente a um
passado pequenino, tudo isto se exprime admiravelmente no
poema de António Botto

Não é fácil supor nem precaver
Qualquer coisa na vida que arrastamos
Porque nunca sem dúvida evitamos
Aquilo que nos tem de suceder.

Caímos no receio de viver;
E a pouco nos familiarizamos
Com a atitude inútil que pensamos
Tomar para o que vai acontecer...

E esse caso previsto chega e vem
No desejo da grande precaução
Que não serve, afinal para ninguém!

A vida surpreende a cada passo:
E sem essa mesquinha intervenção
Resolve o mais difícil embaraço.

Sunday, May 29, 2005

O Cumprimento de um Vencido

Nunca se dirá que sou acrítico quando se trata do meu clube.
O velho Trap costuma louvar os jogadores por terem mostrado
«atitude». É uma coisa que não poderá dizer desta final de taça,
com o Vitória de Setúbal. Parabéns aos vencedores!

Linguarudos: a brasa e a sardinha

Qual múmia ressuscitada, veio o Dr. Ferro Rodrigues dizer
que, se o Prof. Cavaco vier a ser Presidente da República,
o governo do Eng.º Sócrates poderá estar em risco de ser
demitido, uma vez que aquele poderia ter a tentação de "vingar"
o Dr. Santana. O ilustre deputado anda na Lua; senão vejamos:
- Não há qualquer base de facto para especular sobre esta
questão.
- Como andam as coisas, depois do anúncio das austeridades
socráticas, dizer que o Prof. Cavaco vai demitir o P.-M. é
capaz de ser a melhor propaganda para o eleger.
- O Prof. Cavaco sonha tanto em vingar o Dr. Santana como
eu em fazer-me sócio do Sporting. Ele, que não esqueceu a
demarcação santanesca aquando do período do tabu, deve
ter ficado deliciado com a atitude do Dr. Sampaio.
- O que o Dr. Ferro considerou, a seu tempo, ser a única decisão
que convinha ao País - a convocação de eleições, passa a ser,
subentende-se, prospectivamente e por via da mudança de cores,
uma malfeitoria inigualável...

Mas há mais: O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa tem outra opinião.
Diz ele que o Prof. Cavaco vir a ser eleito, seria o melhor que
poderia acontecer ao Eng.º Sócrates, dado que «o Prof. Cavaco
não brinca em serviço quando se trata de economia». Sabendo-se
do vazio de poderes do Chefe de Estado em matérias económicas,
não está o reputado constitucionalista a querer enganar o Pagode?

E não há quem os cale?

Claro, tudo se resolveria fazendo regressar o Rei...

Leitura Matinal -10

Hoje é dia de decisões. Logo saberemos se o Glorioso
S.L.B. também leva para casa a saladeira e se a Gália
resiste ainda e sempre à invasão constitucionalista supra-
-nacional. Aposto forte num dos campos em ambas as
disputas mas, se perder, não é o fim do Mundo. Há muito
tempo que aprendi com Gottfried Benn, na tradução de
Vasco Graça Moura

O QUE É GRAVE

Quando não se fala inglês,
ouvir falar de um bom romance policial inglês
que não foi traduzido para alemão.

Ver, quando faz calor, uma cerveja
que não se pode pagar.

Ter um novo pensamento
que não se pode embrulhar num verso de Hoelderlin
como fazem os professores.

Em viagem, à noite, ouvir bater as ondas
e dizer para si que elas sempre o fazem.

Muito grave: ser convidado,
quando lá em casa há mais sossego,
o café é melhor
e não é preciso conversar.

O mais grave de tudo:
não morrer no verão,
quando tudo é claro
e a terra é leve para a enxada.

Saturday, May 28, 2005

Uma Certa Ideia da Honra

Dois velhinhos aproximaram-se de uma equipa médica
japonesa, na orla da selva filipina, para se darem a
conhecer, pondo fim ao estilo de vida que levavam. Eram
militares japoneses da 2ª Guerra Mundial que se tinham
recusado render e, havia 60 anos, se ocultavam, beneficiando
da clandestinidade que a vegetação densa permitia.
Seria isto possível no Ocidente de hoje? Claro que não.
E no Japão actual? Também duvido muito.
Mas antes que o Leitor se emocione com este exemplo dado
aos governos e ao próprio Imperador, repare que a carne é
realmente fraca. A teimosia durou duas trintenas de anos, o
certo é que acabaram por ceder e voltaram para o mundo.
Mas fica a quase certeza de que outros terão resistido até
que a morte os levou e, quiçá, que ainda haja quem esteja em
vias de o fazer.

Pasquanadas

Charles Pasqua enferma de todos os tiques de arrogãncia
dos políticos seus compatriotas, todavia apresenta um traço
redentor: um sentido de humor, ainda que embrionário.
Indagado acerca de como se sentia, nas vésperas do referendo
ao projecto de Constituição Europeia, declarou que «estava
optimamente, com os inquéritos de opinião a darem 55% ao
"não", antes da comunicação do Presidente da República ao
País».
Então os jornalistas perguntaram-lhe: «E depois da comunicação?»
E a resposta: «Depois da comunicação decerto temos muito mais».
Não obstante, as sondagens contrariam-no. Após o discurso,
desceram ligeiramente os índices do non, para 53%. Se fosse ao
Leitor, não confiaria muito nem numas nem no outro. A coisa vai
ser renhida.

Leitura Matinal -9

A atmosfera de sétimo dia é a ideal para boiarmos num
certo desencanto perante as ilusões e as realidades, antes
de, inconscientemente, reiniciarmos o empenhamento
semanal, desde logo com as emoções fortes de Domingo.
A melodia que expressa este estado de espírito pode
bem ser a de António Feijó em

OCASO ESPIRITUAL

Até hoje cantei o Amor e a Mocidade,
E nessas ilusões trouxe a minha alma absorta;
Mas o Tempo não tem descanso nem piedade,
O Amor desfez-se em poeira, a Mocidade é morta!

Desse palácio de ouro e púrpura, a Saudade
Ficou como uma estátua à funerária porta;
E em seu olhar de espectro, a augusta claridade
É o único esplendor que o pensamento exorta.

Vale a pena viver quando a Existência é isto?
Rasgar os pés transpondo a Rua da Amargura
Para beber o fel na esponja do Imprevisto?

Ah, como tudo é vão, mesmo o saber profundo!
- Ridícula invenção de ingénua criatura
Que sobre um grão de areia edificasse um mundo!

Friday, May 27, 2005

Cinzas de um Aumento

Inquirido sobre o agravamento dos preços do tabaco,
o Prof. Campos e Cunha declarou que aquele iria
aumentar entre 10 e 15%. Solicitado a traduzir isso
em dinheiro, respondeu: «não sei, não sou fumador».
Pois, eu também não; mas talvez ele devesse sabê-lo
por ser Ministro das Finanças. Ou o critério para a
escolha da percentagem não se terá ficado a dever a
cálculos de receitas mas, ao invés, ao de constar do
papelinho tirado à sorte por uma menina, de algum balde,
lá no Ministério?

O Desespero de Chirac

O mesmo indivíduo que exultou quando escolhido por
um eleitorado heteróclito, em que metade dos seus
votantes disse ter aquela decisão sido motivada por
«preferir o escroque ao facho», prosseguiu a sua
carreira de modéstia argumentativa, ao exortar os seus
compatiotas ao voto no sim, pois «não estava em causa
demonstrar agrado ou desagrado pelo actual governo,
mas antes salvaguardar o futuro deles e dos seus filhos».
É a coerência personificada. Tal como nas presidenciais,
a estratégia é ir passando a mensagem "pois é, têm razão,
não prestamos, mas votem em nós; é que vem aí o papão!

Leitura Matinal -8

Ao aproximar de um fim de semana que promete ser francês,
decidi incluir Paul Eluard, um poeta que, possivelmente, diria
non, por razões bem diversas das minhas.
Depois do Feriado Santo de ontem, dedico a todos aqueles
que, hoje, não podem gozar a graça da ponte, ou que se
sentem oprimidos por qualquer faceta da realidade, por muito
efémera que seja,

LE MIROIR D`UN MOMENT

Il dissipe le jour,
Il montre aux hommes les images déliées
de l`apparence,
Il enlève aux hommes la possibilité de se distraire.
Il est dur comme la pierre,
La pierre informe,
La pierre du mouvement et de la vue,
Et son éclat est tel que toutes les armures,
tous les masques en sont faussés.
Ce que la main a pris dédaigne même de prendre
la forme de la main,
Ce qui a été compris n`existe plus,
L`oiseau s`est confondu avec le vent,
Le ciel avec sa vérité,
L`homme avec sa realité.

Thursday, May 26, 2005

Adenda

Para quem leu o post anterior, há a acrescentar:
«, ou melhor dizendo, da parra do discurso»

O Discurso da Parra

Andou o Dr. Barroso a azucrinar as gentes com o "discurso
da tanga" e sai-nos agora na rifa o Eng.º Sócrates a soprar
o DISCURSO DA PARRA. Parra por duas razões: ainda
cobre menos do corpo, como podem comprovar os nossos
avoengos Adão e Eva, o que se adequa a uma penúria maior.
E depois, porque a verborreia que no hemiciclo brotou deu muita
parra e pouca uva. Nem vinho, nem mosto. Das medidas, umas
são para evitar problemas futuros, como a alteração da idade
da reforma, outras, emblemáticas, pouco fazem ganhar no curto prazo,
vide as novas regras para os políticos & o escalão de IRS de 42%.
A única utilidade imediata para as contas públicas virá do aumento
do IVA e outros impostos, indirectos muito embora. Esses, as pessoas
sentem no pelo. Só que suspeito que vai redundar é na diminuição do
consumo, não no aumento significativo de receitas.
E tudo somado o que dá? Menos meia-dúzia de décimas a menos no
deficit. O P-M diz que é por dele não ter a obsessão. Mas então
porquê tanta encenação e esta ameaça ao consumidor? Pouca uva!
Pouca uva!
E atenção, pelas reacções de rua que foram saindo, o português
comum é bem capaz de mudar a primeira vogal do "Discurso da Parra".

G`anda Joga!

Aaaah! Esfarrapei-me para chegar à poltrona a
tempo de ver a final, mas valeu bem a pena. Jogo
de qualidade, com golos, encore de 30 minutos
e desempate por sistema de tiro-ao-boneco. Ao pé
deste, a melhor jogatana do ano em Portugal, o
Benfica-Sporting da eliminatória da taça, não foi
mais do que uma reunião de "solteiros contra casados".
Perante isto, e dadas as consabidas dores de cabeça
emergentes da performance parlamentar do
Primeiro-Ministro, como é que Pacheco Pereira e outras
almas seráficas podem pretender que o Pessoal não
olhe só para a bola? É das raras alegrias que subsistem!
Escapismo puro, puro escapismo.

Leitura Matinal -7

Talvez por via da ressaca de me haver passeado
por entre uns quantos desconhecidos pelo Parque
Eduardo VII fora, segue, de Ruy Belo,

A Flor da Solidão

Vivemos convivemos resistimos
cruzámo-nos nas ruas sob as árvores
fizemos porventura algum ruído
traçámos pelo ar tímidos gestos
e o entanto por que palavras dizer
que nosso era um coração solitário
silencioso profundamente silencioso
e afinal o nosso olhar olhava
como os olhos que olham as florestas
No centro da cidade tumultuosa
no ângulo visível das múltiplas arestas
a flor da solidão crescia dia a dia mais viçosa
Nós tínhamos um nome para isto
mas o tempo dos homens impiedoso
matou-nos quem morria até aqui
E neste coração ambicioso
sozinho como um homem morre cristo
Que nome dar agora ao vazio
que mana irresistível como um rio?
Ele nasce engrossa e vai desaguar
e entre tantos gestos é um mar
Vivemos convivemos resistimos
sem bem saber que em tudo um pouco nós morremos

Wednesday, May 25, 2005

Ai, Ubiquidade Sonhada!

E não ser eu como Santo António e poder
estar em dois lugares, ao mesmo tempo!
Hoje promete ser um dia complicado: Temos
a Inauguração da Feira do Livro e a Final
da Liga dos Campeões em concorrência feroz.
Perguntaram certo dia a um dos Sete Sábios
da Grécia quais eram as três coisas
mais difíceis para o Homem. E ele respondeu:
- distribuir correctamente o tempo, guardar
um segredo, perdoar as ofensas. Está visto
que, quanto ao primeiro item estou fora de
combate.

O Senhor Comissário

Não será por mim, pobre voz clamando no deserto
sem a Virtude do Precursor, que será rompido o
unanimismo relativo à escolha do Eng.º Guterres
para Alto Comissário das Nações Unidas para os
Refugiados. Sempre achei ser o traço mais
simpático do Cavalheiro uma genuína preocupação
com os carenciados. Pena é que tenha governado
o País; isso é que estava um poucochinho acima
das suas possibilidades...

Leitura Matinal - 6

Falei ontem de alguns optimismos e dos
correspondentes antídotos. Aproveito a
embalagem para trazer à vossa lembrança
Sir William Davenant e o seu

The Philosopher and the Lover: to
a Mistress dying


LOVER
Your Beauty, ripe and calm, and fresh,
As Eastern Summers are,
Must now, forsaking Time and Flesh,
Add light to some small Star.

PHILOSOPHER
Whilst she yet lives, were Stars decay`d
Their light by hers, relief might find:
But Death will lead her to a shade
Where Love is cold, and Beauty blinde.

LOVER
Lovers (whose Priests all Poets are)
Think ev`ry Mistress, when she dies,
Is chang`d at least into a Starr:
And who dares doubt the Poets wise?

PHILOSOPHER
But ask not Bodies doom`d to die,
To what abode they go;
Since Knowledge is but sorrows Spy,
It is not safe to know.

Tuesday, May 24, 2005

O Chifrudo Ataca em Força

Sempre achei que as pessoas que se recusam a
acreditar na existência do Diabo enfermam de
uma crónica e fatal doença que dá pelo nome de
optimismo repugnante.
Vem esta cogitação a talho de foice face às
notícias da Florida que dão um adolescente de 17
anos como suspeito de abusar sexualmente de uma
criança de 4 ou 5 e de se preparar para a enterrar
viva.
Não quer a consciência da actuação do Maligno
desculpabilizar ninguém. O mal estará dentro do
indivíduo sempre que ele ceda à tentação da Maldade.
Agora, pensar que Satan inexiste resulta em levantar
a guarda e, quando menos se espera, ele, um sujeito
competente, ataca e regala-se com o desfecho. Foi o
que levou o velho Baudelaire a escrever «a mais bela
astúcia do Diabo é fazer-nos crer que não existe».
Noutros tempos sabia-se bem que ele andava por aí -sem
conotações conhecidas com ex-governantes portugueses -
e por onde era mais provável que atacasse. Hoje não.
Quando frequentava o seu tirocínio para a Infalibilidade
o então Cardeal Ratzinger declarou a Vittorio Messori
que, nos nossos dias, «a condição preferida do Demónio
é o anonimato».
É bem verdade. No Ocidente urbano stressado uma
série de doutrinas orientais, absorvidas apressadamente e
filtradas como convém, a par de psicanálises de vários
matizes, tentam fazer crer que o autoconhecimento de cada
um redundará na rejeição do mal, visto como uma patologia
ou um acidente. Está a cama feita para, confiante no seu
"eu" verdadeiro até aí desconhecido, cada qual passar, com
a miopia costumeira, a achar que qualquer arroto do "eu",
reformulado pela "descoberta" tranquilizadora é o caminho certo.
Pois se nem sequer há o Príncipe deste Mundo a (a)tentar-nos...
A satisfação consigo leva directamente à autocomplacência.
Se o Leitor quer ver este assunto tratado com génio leia, de
C. S. Lewis «Vorazmente Teu» e, de James Hogg, «Memórias e
Confissões Íntimas de um Pecador Justificado». Santa Teresa
de Ávila dizia que o melhor remédio para afugentar o Mafarrico
era a água benta; é porque, doutrinando no Século XVI, não teve
hipótese de ler estes livros.

Efeitos de Colombo - 3

A BOMBA NÃO REBENTOU

Estava prevista para hoje, no Senado Norte-americano, uma votação crucial, a que os políticos e jornalistas deram o nome de «Opção Nuclear», a qual por 50 votos + o do Vice-Presidente poderia extinguir um mecanismo de obstrução permissivo de que, havendo 40 senadores a votá-lo, um nomeado para um cargo pela administração, anteriormente aprovado em comitê, não se veja votado pelo plenário da câmara, ficando
o seu provimento no cargo indefenidamente adiado.
Os Republicanos maioritários (55) estrebucharam, dizendo que era contra a democracia a persistência dessa regra processual.
Os democratas (44+1 independente amigo) entrincheiraram-se, alegando ser um preceito fundamental para a protecção da minoria!
O leader republicano Bill Frist ameaçou largar a bomba e acabar com a táctica adversária. Foi um Ai Jesus, esquerda republicana e direita democrátca a procurarem compromissos, projectos de 7 senadores de cada lado votarem o que o partido adverso queria, isto é ida ao plenário dos candidatos a juízes atolados por via do procedimento supra mencionado e, em compensação, manutenção da norma de funcionamento tal qual.
Nesta madrugada, porém, chegou-se a um acordo diferente. Passam três dos candidatos empanados, sendo sacrificados outros tantos, ou, talvez, quatro. O controvertido expediente parlamentar fica na mesma.
Análise: Toda a gente parece aliviada e, no fim de contas, o Presidente Bush voltou a obter o que queria. Os candidatos a tribunais superiores que irão ser aprovados são os que maiores divergências provocavam, por posições acerca do aborto ou de políticas de protecção das minorias raciais. Os restantes eram contestados por motivos fracturantes menores, posições de política ambiental, assim como em matéria de limitações ao acesso aos tribunais.
A questão é que os democratas possuíam muito pouco para oferecer nesta negociata parlamentar. Os republicanos tinham a faca e o queijo na mão...
O certo é que, tal como na Guerra Fria, a bomba não rebentou!

Às Avessas

O Mundo está completamente de pernas para o ar, ou,
como dizem os nossos irmãos brasileiros, virado de pon-
ta-cabeça. Assim,
disse o apresentador do telejornal: «os assaltantes do banco
fugiram num carro da G. N. R., mas um deles foi preso por
populares que se encontravam no local». E eu, na minha
ingenuidade pensei: o homem decerto quis dizer: «os assaltantes
do banco fugiram num carro de populares que se encontravam no
local, mas um deles foi preso pela G. N. R.». Engano, puro engano.
O apresentador deu correctamente a notícia. Estamos lindos!
E ainda está muito mal explicadinha a oportuna presença da equipa
de reportagem da R.T.P. em tão imprevisto lugar.

Leitura Matinal - 5

Quem pode negar que este poema de Cristovam Pavia
assenta magnificamente à tonalidade que serve de pano
de fundo desta página? Ora vejam:

Tudo o que há de inferior em nós, homens reles,
Tudo o que até já nem faz raiva
Mas apenas piedade e asco,
Tudo isso é meu.

Já sinto os bichos nas entranhas
E me vomito.

Monday, May 23, 2005

Efeitos de Colombo - 2

Não terá sido ele o inventor da tese, antes sendo o seu mais
qualificado publicitário. Falo de Bertrand Russell, quando
defendeu que os E.U.A. necessitam de uma guerra maior por
década para revigorar a economia, não apenas por cedência
à pressão do lobby militar-industrial, mas também em função
da gigantesca carteira de encomendas em diversos sectores
complementares, com a concomitante criação de postos de
trabalho.
Verifiquemos.
- Na década de 50 houve a guerra da Coreia.
- Na de 60 tiveram o Vietnam.
- Na de 70 não existiu guerra nova. Apenas umas sobras da do
Sudoeste Asiático - Vietnam com apêndices, Laos e Cambodja.
Resultado: economia pelas ruas da amargura.
- Na de 90 a Guerra do Golfo.
- Nestes primeiros 10 anos do século XXI a do Iraque. E logo os
indicadores económicos um tanto desmaiados deram lugar a uma
recuperação notável, apresentando agora uma saúde excelente.

Nota importante: a década de 80. Testemunhámos todos uma grande
explosão da economia, que antes parecia moribunda. Dir-me-ão: e
de guerra? Nicles! Falso, respondo. Ela esteve lá. Em grande parte
fictícia, mas com gastos imensos e bem reais. Era um bluff ? Pois sim,
o certo é que contou e "dopou" a restante actividade produtiva. Foi a
famosa Iniciativa de Defesa Estratégica, vulgo Guerra das Estrelas. E
curioso será notar que toda esta bem sucedida encenação guerreira se
desenrolou enquanto a Casa Branca era ocupada por um actor profissional
de origem...

A Sombra de uma Dúvida

Diz-me um Casal Amigo acerca do emudecido pianista
que deu à costa no Reino Unido «deve ter sido terrível
ele haver perdido a esperança de comunicar aos outros
um sentido através das palavras, só o conseguindo tentar
por via da música».
Assim é; e, no entanto, ocorre-me, como mera possibilidade
sem fundamento que possa apontar,
não seria ainda mais horrendo se a conduta
se tivesse ficado a dever ao radical desespero
de voltar a encontrar musicalidade nas palavras?

Leitura Matinal - 4

Depois da farra, atrasada de 11 anos, voltemo-nos para
algo igualmente sublime, Vitorino Nemésio, por exemplo:

O POSSÍVEL DE DEUS

Pudesse Deus dizer!
Mas só pode
O possível de Deus, amor
Dito jamais senão amado.
Nem fazer pode
Deus amando, que tudo
É, nem feito nem dito:
Ser Amor
Ama sendo infinito.

Não posso Deus
Mas abro-me ao seu... quê?
Que relação de posse Deus daria?
Ele nada tem nem é
Senão o amor que me dá:
Aberto é ele, e eu entraria.
Amar para caber?
Mas qualquer condição me perderia!

Sunday, May 22, 2005

Sou uma Águia!

Não, o autor destas linhas não se acha embriagado por uma crise
de narcisismo concernente à sua pretensa sagacidade. Está somente
a associar-se ao regresso do Glorioso Sport Lisboa e Benfica à
condição que nunca deveria ter abandonado - a de vencedor.
Sendo um ocidental, não posso deixar de notar que, no nosso feliz
hemisfério, foi sempre a águia, por excelência, o emblema da Realeza.
O leão só o foi no Oriente longínquo e o dragão corporizou a
simbologia do mal supremo.
Começou a águia por ser a insígnia de Zeus, o incontestável chefe
dos Deuses Olímpicos. S. João Evangelista foi denominado a «Águia
de Patmos»; Bossuet a Águia de Meaux; António Cândido a «Águia
do Marão»; e Napoleão I, que a escolheu para os estandartes
imperiais, foi consagrado como «Águia» por E. Rostand. Tudo isto,
claro está, tentativas de gente ilustre, salvo o Bonaparte, tentar ser,
avant la lettre, aquilo que é este vosso servidor : sócio do Benfica!
E, para quem tem dúvidas, encontramos nas Escrituras:
«Poderás (...) calcar aos pés leões e dragões»
Sl.91(90), 13
Está lá. Está lá. Eu juro que está lá.
E para todos aqueles que, neste momento histórico, quiserem denegrir
o mérito do Campeão, relembro que os Antigos, com a clarividência
que os celebrizou, diziam, quando pretendiam significar que um Espírito
Superior não liga a ninharias:
Aquila non capit muscas

E, porque de desporto se trata, deixo como remate, dedicado a Pedro
Guedes, Senhor e Artífice do magnífico blog «Último Reduto»,
belenense fervoroso e, hélas, antibenfiquista militante e juramentado:

A Águia é, além da Cruz de Cristo, o único
símbolo desportivo que aponta para o Céu.

Efeitos de Colombo - 1

A propósito do casamento da ex-professora de quarenta e
muitos anos com o ex-aluno de vinte e dois, mais recente
episódio da saga relacional principiada quando ele, com
doze, frequentava - e como - as aulas dela, então com trinta
e picos:
Leitor:
*se te comoveste ou revoltaste com a diferença de
idades entre os protagonistas...
*se te comoveste ou revoltaste em razão de o
binómio mestra-discípulo ter dado no que deu...
*se te comoveste ou revoltaste por daí terem resultado
duas crianças...
*se te comoveste ou revoltaste com a intromissão dos
poderes públicos que, achando doze anos idade de menos,
aplicaram à parceira uma pena de 7 anos e meio de prisão
*se te comoveste ou revoltaste com as humilhações
que lhe infligiram, tais como o uso do uniforme prisional das
infanticidas...
*se te comoveste ou revoltaste perante o facto de a
ligação envolver um par racialmente misto... ooops! Esta não
é aceitável, leia-se apenas «se te comoveste perante(...)»...
*se te comoveste ou revoltaste ao saber que, na primeira
saída em liberdade condicional, ela foi a correr para os braços
dele, contrariando as proibições em contrário, agravando a pena
efectivamente cumprida...
*se te comoveste ou revoltaste ao ficares ciente de que,
entretanto, ele arranjou mais dois filhos, com outra pessoa...

...então, Amigo recebe este anestésico para os teus sentimentos:
os direitos de cobertura da cerimónia e respectiva boda foram
vendidos a uma cadeia de T. V.

ass. Politicamente Correcto Porto

Leitura Matinal - 3

Prometo tão cedo não voltar a Pessoa, tão lido
e decorado, querido e admirado, espremido e
esgotado; contudo não posso deixar de vos
relembrar um dos poemas que mais amo, escrito
em 1913:

Sou o fantasma de um rei
Que sem cessar percorre
As salas de um palácio abandonado...
Minha história não sei...
Longe em mim, fumo de eu pensá-la, morre
A ideia de que tive algum passado...

Eu não sei o que sou.
Não sei se sou o sonho
Que alguém do outro mundo esteja tendo...
Creio talvez que estou
Sendo um perfil casual de rei tristonho
Numa história que um Deus está relendo...

Digam lá Vossas Senhorias, dos cumes das respectivas
gigantescas sapiências, se isto não é puro Berkeley,
transplantado para a poesia portuguesa?

Saturday, May 21, 2005

O Homem Invisível?

São inescrutáveis os Caminhos do Senhor, mas não
o são menos, por vezes, as escolhas da Santa Sé
que respeitam aos modos de O servir. Vem este
espanto a propósito da nomeação do Arcebispo
Levada, de São Francisco, para o anterior cargo
de Sua Santidade o Papa Bento XVI, a chefia
da Sagrada Congregação da Doutrina da Fé.
Para um cargo de elaboração doutrinal foi
escolhido um prelado que parece ser autor de
uma única obra teológica, de resto publicada
há décadas. E, diz quem a investigou, as
poucas posições aí defendidas claramente
apontam para uma concepção minimalista da
Intervenção da St.ª Madre Igreja C.&A. no
mundo. Estaremos perante uma nova orientação,
ou o Santo Padre terá querido apenas escolher
alguém sem o rasto de papel que o pudesse
tornar no bombo da festa de uma multidão de
jornalistas ávidos de negatividade armados em
vaticanólogos?

Leitura Matinal - 2

Hoje o cardápio oferece um pouco de Robert Frost:

FIRE AND ICE

Some say the world will end in fire,
Some say in ice.
From what I´ve tasted of desire
I hold with those who favour fire.
But if it had to perish twice,
I think I know enough of hate
To say that for destruction ice
Is also great
And would suffice.

Friday, May 20, 2005

Novos-riquismos racionalizantes

É indispensáel a leitura do texto de S. S. o Papa Bento XVI
que Pacheco Pereira publicou no Sítio do Não. O passo em
que se refere à «racionalidade puramente funcional (...) que
defende que só é racional aquilo que se pode provar pela
experimentação» chama a atenção para o carácter recente
e - acrescento - pós-iluminado desta postura arrivista. Até
às "Luzes" a tradição intelectual do Ocidente sempre tinha
contraposto a experimentação empírica ao racionalismo puro,
conforme demonstra A. N. Whitehead em «Ciência e o Mundo
Moderno». A reflexão sobre estes dois escritos faz-nos
compreender muita coisa.

Ministro acidental, digo acidentado

Defendeu o actual Ministro da Administração Interna
que as polícias deverão deixar de comparecer nos acidentes
de mera "chapa batida", passando a dar atenção somente
«àqueles em que haja crime ou suspeita de crime». Huuummmm!
Comecemos pela terminologia utilizada: parece-me que um embate
em que não seja simplesmente... acidental a relação com
o facto punível será um incidente e não um acidente.
Mas adiante. O Dr. António Costa é certamente uma pessoa persuasiva,
porém achar-se-á com forças para convencer todos os intervenientes
num desastre de trânsito a aceitarem tranquilamente, sem disputas
nem regulações policiais, o registo burocrático de uma só versão
factual?
Terá S.Exª, por via da sua estadia em Strasburgo esquecido que os seus
compatriotas são portugueses? Mas não, de repente fez-se luz no espírito
do indigente escrevinhador que ora vos maça - indo os acidentes referidos, certamente, redundar em condutas subsumíveis às previsões penais que
regulam as injúrias e, por vezes, as ofensas corporais, cada um desses
casos será, evidentemente, um crime. Logo, a Polícia continuará a dar
conta de todos eles. Conclusão, tudo como dantes. Mas o Ministro fez uma reforma.

Leitura Matinal

Para começar bem o dia aí vai o «SONETO MARTELADO» de José Blanc de Portugal:

A tarde, e por de mais calma,
Afogou-me o que ficara da partida
Tudo o que inventara, essa mentira querida
Que ficara fazendo as vezes da alma.
Passa e segue a triste gente calada
E o correio e a luz quebrada no muro
Trazem a tarde, recortando duro
O perfil triste e morno desta minha estrada
E choca e vem de mim até ao céu polido
Liso e puro e sempre igual estendido
Sobre mim e a rua desolada,
Uma ilusão que nada tem de alada
E é feita de aço puro e diamantes:
Não querer tornar-me no que era dantes.
(Parva Naturalia)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Ficou para a nossa história literária o retórico reconhecimento
«que palavra terrível é um não!». Se o Autor vivesse hoje bem
poderia dizer «que palavra risível é este sim!»

Thursday, May 19, 2005

Fragmento do meu NÃO

Disse o Constituinte-mor da Europa por enquanto Unida que
«a recusa pelos votantes franceses não tornará o texto da
Constituição(!) Europeia negociável». Será um reflexo de
despeito de quem vê a sua "obra imortal" ameaçada pelo bacilo
do efémero? Não há que espantar. Toda a biografia do Sr. Giscard
evidencia tratar-se do mais arrogante figurão da classe política
de um país pródigo em políticos vaidosos.
O processo é errado e contraria toda a prática dos Pais-fundadores
da Integração Europeia, os quais preconizavam uma política gradual,
de passos sectoriais e de engorda jurídica do adquirido comunitário.
Mas alegrem-se os opositores radicais da construção europeia, em que
me não incluo: com pérolas destas em vez de degraus sólidos, nem será
preciso esperar pela entrada da Turquia para presenciarmos o trambolhão
europeu.

40 Anos

É o autor um sujeito crédulo e até inocente. Disseram-lhe
que a vida começa aos quarenta e ele... acreditou. Como as
ansiedades físicas se encontram um tanto morigeradas, resolveu
mergulhar no diarismo internético. Porquê misantropo? Apenas
porque não tenta ter da vida uma visão açucarada. E enjaulado? É
evidente, pois as reflexões que lhe ocorram estarão, doravante,
confinadas ao espaço restrito do vosso monitor. E com esta explicação
preliminar se vincula ao voto do post diário.
Bem haja todo aquele que se digne seguir esta paupérrima página.
 
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